Ana Maria sempre se sentiu a patinha feia da família , ela perdeu os pais muito cedo e desde então foi criada por sua madrinha suas primas sempre zombaram dela por sua aparência por não conseguir um emprego e ajudar nas despesas da casa .Aos dezesse...
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Eduardo
Entro em casa com as meninas e dou de cara com uma garota de cabelos longos e ondulados, sentada em posição de pernas cruzadas, parecendo absorta em um livro.
— Desculpe pela demora, senhorita — digo, vendo as meninas franzirem a testa e me olharem intrigadas. — Tivemos que passar na casa de uma amiguinha.
— Quem é ela, papai? — Vitória pergunta, levantando-se e guardando o pequeno livro em sua bolsa.
— Oi, eu sou Ana Maria — ela se apresenta, ajeitando os óculos no rosto.
— Uau, você é pequena, quase como um pinguim! — Mariana exclama, fazendo um gesto com as mãos.
— Filha, que tal sermos um pouco mais educadas? — eu a repreendo.
— Tudo bem, eu já estou acostumada. Um comentário a mais não vai me matar. E só para você saber, pequena é um elogio para mim.
— E por que isso? — pergunto, curioso.
— Porque tem um garoto que, assim como eu, era considerado feio, mas conseguiu derrotar um gigante com um estilingue e uma pedra. Ele era pequeno, sabia?
— De quem ela está falando, papai? — questiona Mariana, com expressão de surpresa. Aquelas palavras me lembram de Davi; minha esposa, que era muito religiosa, sempre contava essa história.
— É do rei Davi, querida. Sua mãe lia para você quando era pequena. Agora, podem subir e tomar banho — respondo, vendo as meninas olharem para Ana Maria com curiosidade. Ela vestia um vestido amarelo longo e tênis All Star, claramente diferente do que estavam acostumadas.
Assim que as meninas subiram, eu me aproximei de Ana Maria.
— Então, essa é a sua maneira de fazer amizade com crianças? Começando com uma história bíblica?
— Tenho os meus métodos — ela já responde com um sorriso.
— Poderia me acompanhar até o meu escritório?
— Claro, mas e a dona Glória?
— Ela sabe onde me encontrar. O segurança deve estar na cozinha, contando as novidades que as meninas aprontaram.
Entramos no escritório e, enquanto me sentava, Ana Maria comentou sobre as meninas:
— Elas têm uma imaginação incrível para criar arte e, claro, são bondosas. Eu deveria estar chateado por terem sido punidas novamente, mas, hoje, estou muito orgulhoso delas.
— O que aconteceu? — Ela puxou uma cadeira, sentando-se ao meu lado. Senti uma electricidade no ar.
— Elas protegeram uma amiguinha do segundo ano que está passando por dificuldades. Enquanto essa amiga ficou doente, aprontaram uma travessura na sala de ciências: colocaram um esqueleto humano vestindo um chapéu da professora, trancaram a sala e deixaram todo mundo achando que era o fantasma de um antigo faxineiro.
