Um amor precioso -08

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Ana Maria 

O juiz saiu há quase meia hora. Confesso que estou nervosa. Se alguém me dissesse que, em menos de quarenta e oito horas, eu estaria na casa do homem da revista, eu diria que era a maior loucura que uma crente poderia imaginar, especialmente considerando que ele é mais velho e não deveria ser o tipo de homem para a minha idade. Sou levada por Glória, que me apresenta a mansão como se estivesse em um parque de diversões. Durante nossa conversa, descobri que ela trabalha para a família Guimarães há anos e que a mãe do juiz está viajando em um cruzeiro pela Grécia.

Ele perdeu a esposa três anos atrás, quando ela tinha apenas vinte e oito anos, vítima de um tumor cerebral. Rebeca e o juiz se conheceram no aniversário de dezoito anos dela; foi amor à primeira vista. Eles namoraram, e aos vinte anos, se casaram. No ano seguinte, ela engravidou de gêmeas. Para ele, a perda foi especialmente difícil, pois seis meses antes, sua mãe também faleceu. Ele enfrentou dois lutos, e a responsabilidade de assumir o lugar do pai tornou-se uma prioridade, fazendo com que perdesse momentos importantes com as filhas ao longo desses três anos, levando as meninas a se tornarem rebeldes.

— Pelo que a senhora está me dizendo, as meninas sempre aprontam com as babás? — perguntei.

— Sim, por isso estou te avisando. É melhor estar preparada para lidar com aquelas ruivinhas. Elas fazem o que podem para espantar qualquer babá que se atreva a cuidar delas, já que não aceitam a ideia de ter outra mulher que não seja a mãe — explicou Glória.

— É compreensível, pobrezinhas. Elas conviveram com a mãe, é natural. Eu sei como é sentir-se sozinha e desprotegida; a dor é insuportável.

— Me desculpe, querida. Eu não sabia que você havia perdido seus pais.

— Tudo bem. Mas para onde vamos agora?

— Como você já conhece todos os cômodos do primeiro andar, vamos para o segundo.

Tudo ao meu redor parecia um labirinto. Certamente precisaria fazer um desenho para conseguir me lembrar da localização de cada sala, pois era enorme. Havia até uma academia particular, onde, segundo Glória, o juiz costuma malhar. Não é de se admirar, ele é alto, com ombros largos e braços bem definidos. Ela me levou para o corredor da esquerda.

— Aqui ficam os quartos e a brinquedoteca — disse, com um tom entusiasmado.

— Tem mais uma? — perguntei, surpresa, já que havia uma no andar de baixo.

— Aquela é onde as gêmeas fazem trabalhos com colegas da escola. O patrão não gosta que pessoas de fora, a não ser os residentes, frequentem o segundo andar.

— Entendi...

Assim que ela abriu a porta, o ambiente era maior do que eu imaginava. Havia uma mesa redonda no centro, um enorme mapa-múndi na parede, uma lousa e várias cartolinas, canetinhas e lápis de cor. A decoração era toda inspirada no sistema solar. Assim que Glória fechou a porta, ela sussurrou:

— As meninas fazem as lições aqui na brinquedoteca. Elas não podem usar o computador sem a autorização do pai, que sempre busca monitorar o que elas acessam, pois tem receio pela segurança delas. Meu menino tem uma profissão arriscada e constantemente enfrenta ameaças.

— Compreendo, por isso ele tem todo um sistema de segurança — respondi.

— Exatamente. Provavelmente, você terá um seguro de vida, pois nossa profissão é perigosa e nunca sabemos o que pode acontecer.

— Deus está à frente, não vai acontecer nada, Dona Glória, está repreendido — disse, envolvendo meus braços ao redor dos dela. — E agora, onde vamos?

Um amor precioso (precious love     )Onde histórias criam vida. Descubra agora