Exaustão

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Maiara:

Com o passar dos dias, a angústia foi tomando conta de mim. Fernando, no momento, beijava meu pescoço, e eu o deixava me tocar. Aquelas mãos ásperas tocavam meu corpo e eu não conseguia sequer arrepiar. A cada toque dele, lembro dela.

Minhas roupas aos poucos foram parando no chão, as dele também. Pegando em meus cabelos, ele me beija. Me entrego.
Agora, sinto ele entrando e saindo de dentro de mim. Dói, mas não por ele me forçar, e sim porque ele não me excita. Ele não me dá vontade. Meu corpo não quer recebê-lo.

Fecho meus olhos e finjo prazer. Querendo que acabe rápido, fico por cima e começo a rebolar do jeito que sei que rapidamente ele chega ao ápice. Dito e feito. Em menos de um minuto, ele se aliviou dentro de mim. Mantendo a postura, finjo também chegar ao ápice e me levanto arrumando os cabelos. Ele me puxou para o banheiro e começou a me dar banho.

Fernando é um cara bom. Sabe tratar uma mulher, é elegante, anda sempre bem vestido e nunca sai da sua postura de homem poderoso. Uma ótima companhia. Mas não serve para um relacionamento. Sei que tem suas amantes, ele também sabe dos meus. Nosso único combinado é usar preservativo.

Curto um momento fofo no banho com ele. Suas mãos passam por meu corpo, mas desta vez sem malícia. Me conta piadas e sobre o seu dia. Faço o mesmo. Após nos secarmos, visto meu pijama e me jogo na cama, ele me abraça e dormimos.

Já no dia seguinte, me preparo para o trabalho e vou para mais um dia de luta. Por ser muito cedo, resolvo passar no hospital para ver minha irmã. Estacionei e entrei. Todos de cada de cumprimentaram. Já era bem conhecida por ali.

Andando pelo corredor até a diretoria, vejo os cabelos loiros escorados em uma das portas de cirurgia. A menina parecia muito nervosa enquanto via o procedimento pela pequena janela da porta. Me aproximo e ela não percebe. Conheço aqueles cabelos, aquela respiração, as unhas.

Desço meus olhos por sua roupa. Parece que veio de uma balada, ou algo parecido. Será que alguém sofreu algum acidente?

- Menina? - Toco seu ombro.

Ela se assustou, segurando rapidamente meu pulso. Meus olhos se encontraram com os seus. Impossível...
São os olhos que eu mais amo. Mas estão vazios, sem brilho, sem vida. Logo ela desviou os olhos, soltando meu pulso, ainda mais ofegante, tentando abaixar a saia e tampar o decote.

- Lila, o que faz aqui?

- Ah... - Ela coça a nuca, abaixando a cabeça. - A minha mãe está ali dentro.

- Maraisa me disse que ela não iria fazer a cirurgia.

- Não é a cirgia em si, e sim um procedimento apenas pra desentupir as veias.

- Por que está vestida dessa forma? Sempre amou andar largada...

- Já lhe falei, Maiara: cada um dá aquilo que tem! - Me olhou. - Agora me de licença.

Ela voltou a olhar pela pequena janela. Sem me conter e a conhecendo, a abracei por trás, a envolvendo em meus braços como uma criança indefesa. Ela, por um tempo, se manteve quieta, mas logo se entregou e deitou sua cabeça em meu ombro.

- Ela vai ficar bem. - Sussurro. - Tia Ruth é forte. Muito forte!

- Ela é só um bebê... A minha criança. - Disse chorando.

Não falei mais nada. Apenas a abracei forte, deixando que ela chorasse. Pela primeira vez, pude ver ela tão destruída. Marília que sempre me acolheu, e hoje, ela que está em meus braços.

Tirei meu blazer, e coloquei sobre suas costas, a aquecendo um pouco. Me olhou com os olhos e nariz vermelhos. Meu coração doía tanto.

- Aí... Perdão. Eu... Borrou sua blusa. Droga! Eu não tenho dinheiro pra pagar. - Ela disse desesperada, tentando limpar a maquiagem da minha blusa.

Um Louco | Mailila Onde histórias criam vida. Descubra agora