"quem tem orgulho morre de saudade!"

726 97 31
                                    

Maiara Carla...

Matar a saudade do seu toque foi incrível, mas me matou mais um pouco por dentro. Eu não consigo resistir, e no final, para proteger meus sentimentos, a magoou. Me dói tanto vê -la se despedaçar e mesmo assim ainda me amar. Eu não a mereço. Nunca a mereci.

Estou sentada na cama, ouvindo seu áudio. Quero mandar outro dizendo que a amo, que quero que ela volte, que o meu melhor presente seria ela aqui, ao meu lado, mas não o faço. Já é a quinta vez que escuto seu áudio, quando Clico para escutar pela sexta vez, Fernando entra no quarto, me beijando.

- Parabéns. - Diz, me entregando uma sacola.

Sorrio e agradeço, pegando a sacola. Abro a embalagem e vejo que é um conjunto de brincos, pulseira e colar, ambos de ouro, com a minha inicial tanto no cordão, quanto na pulseira. Antes, aquilo me deixaria pulando de alegria, mas eu queria que fosse apenas um simples bombom, flores brancas... Eu queria os presentes que ela me dá, aqueles que eu tanto esnobei.

Agradeço-lhe, dando um beijo em sua bochecha.

- Vamos lá para a sala? - Pergunta.

- Eu estou cansada, vou dormir um pouco.

Ele concorda, e desce.

"Parabéns", que merda de parabéns ganho desse homem que se diz meu namorado. Volto a escutar o áudio dela.

Meu amor, eu também amo você. Volta pra mim. Eu largo tudo por você. Eu só preciso de você comigo. O amor que eu sinto por você está aqui, eu não doei, não vendi. Vai ser difícil alguém tirar de mim, e se tirar, eu deixo de existir. Me perdoa por tudo que eu disse, só volta pra mim.

Dígito com meus olhos inundados, um nó na garganta e o coração doendo. Meus dedos tremem, as lágrimas molham a tela. Direciono meu polegar até o botão verde...

Apago a mensagem.

Jogo o celular na cama e vou até a janela, abrindo-a e vendo a chuva caindo. Nós amávamos olhar a chuva cair. Ela pegava na minha mão e quando vinha os trovões, me abraçava. Quando estava frio, ela me dava seu casaco, mesmo eu dizendo que não. Ela sempre preferiu passar frio do que me ver com frio. O tanto que a tia Ruth já brigou comigo por isso... Marília sempre ficou doente por tomar chuva ou vento gelado, e eu nunca levava casaco.

Passo muito tempo vendo cada pingo encontrar com o chão. Estava ventando muito, e me dava medo, mas sou adulta, não tenho direito de sentir medo. Preciso enfrentar o medo, porque não tenho quem me ajude a fazer isso.

Nao dormi durante a noite. Passei a noite em claro, tomei um calmante para tentar dormir, mas isso não me ajudou. Vi a Lua descer e o Sol subir. Fechei as cortinas e voltei pra cama, abraçando um dos travesseiros que tinha o seu cheiro. Não troquei os lençóis, quero sentir o cheiro da sua pele, o cheiro de seu shampoo. Por mais que ela não tivesse tirado a roupa, eu podia sentir o cheiro do seu corpo nos lençóis.

Queria que ela estivesse aqui...

* * *

- Bom dia, família. - Digo descendo as escadas.

- Ela resolveu apareceeerr! - Disse minha irmã, correndo até mim e me abraçando. - Parabéns, metade. Eu te amo!

- Parabéns, metade! - A dou um selinho. - Eu te amo! - Sorrio. - Fernando está aí?

- Metade, vi ele chegar, mas não sei onde está.

Concordei. O resto da família veio me dar os parabéns, minha mãe me perguntou se eu estava bem, já que meus olhos estavam vermelhos.

Um Louco | Mailila Onde histórias criam vida. Descubra agora