Encarou mais uma vez aquela caixa de transporte, flexionando a sobrancelha ao fitar demoradamente a forma como Dan segurava firmemente a caixa com os latidos finos de Boxer. Resmungou baixo, praguejando quando que aquilo se tornou uma questão em que cedeu tão facilmente. A atendente enfim pegou as chaves, a qual pegou sem nenhuma pressa, encarando o cartão magnético antes de voltar a atenção a como não era o hotel que seria a primeira escolha, tivera de recuar quando os planos para a viagem se tornaram uma conversa constrangedora. “Quem ficaria com Boxer?” era uma questão simples, poderiam arranjar um hotel para animais em Seoul, não gostava de ter de procurar uma babá para um cachorro como o ômega sugeriu. Encarou a caixa de transporte como um fardo impensado, quando foi a loja e olhou todos os animais, não pensou nas consequências. As malas eram carregadas até um dos elevadores, e Dan ainda segurava aquela caixa.
Não havia sido uma discussão.
Apenas Dan o olhando com aquele olhar desolado ao dizer em voz baixa que o pequeno animal estava acostumado demais com os “pais” e que se sentiria sozinho. Apesar de não suportar ver os sapatos mordidos e os latidos se tornarem irritantes, Jaekyung não entendia por qual motivo Dan insistia que o animal tinha tanto carinho por si. “Ele vai se comportar, eu prometo. E não vai sair do meu quarto”. Mordeu o lábio inferior, era como viajar com uma criança recém-nascida. Barulhenta, trabalhosa demais e atrapalhando tudo o que queria fazer com Dan. E estavam em Incheon, em nenhum momento o ômega olhara admirado as paisagens, mantendo as mãos na caixa de Boxer. Seguiu pela recepção até o elevador, acabando por entrar a sós com ele. Os olhares se encontraram. Dan continuava agindo de forma um tanto estranha, dado que antes da viagem insistiu em fazer uma faxina no apartamento ao ponto que lustrava todos os móveis, e passava horas na cozinha. A geladeira repleta de pequenos potes com etiquetas com datas e horários. Jaekyung o olhou cautelosamente, estavam ali para uma luta e não pensava no que a cisma com limpeza significava, pois nunca havia sido tão aparente. Lutaria contra Haejun, lembrou-se bem desse detalhe importante.
Foram treinos incessantes, a raiva, a frustração. A vergonha.
As portas se fecharam, e ainda encarava aquelas íris castanhas tão dóceis, temeu que não ganhasse. Por toda a arrogância que tivera em todas as lutas, as provocações, a certeza de que era o melhor e que o azar não prevaleceria, talvez o destino lhe pregasse alguma travessura. Encarou o espelho, observando a própria imagem. Os músculos, o quão maior era em relação a Dan. Haejun não era mais alto que si, não deveria ser um adversário à altura. Olhou o painel, as portas se abrindo em um apito baixo. Movia os ombros largos ao andar, observando Dan calmamente verificar o número dos quartos. Tivera de passar o cartão duas vezes, levando as malas para dentro. Não. A mala. Dan trouxera apenas uma e ainda com a porta aberta, libertou o pequeno Boxer, ajeitando seus potinhos de comida e água. Não precisou dizer nada, o ômega fechou a porta ao sair, aqueles olhos castanhos o fitando como se soubesse o que o lutador queria.
— Obrigado mais uma vez, por me deixar o trazer. Ele se sentiria muito...
— Sozinho?
Dan forçou um sorriso.
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Last Round
FanfictionKim Dan é um ômega que teme que sua avó não sobreviva por mais tempo, guardando o medo e a insegurança para si, Jaekyung se torna o último de seus problemas quando em sua ausência, Dan precisa cuidar de Haejun. O novo atleta e uma antiga inimizade d...