A dor de cabeça não passava, mesmo sozinho no apartamento de Jaekyung, não parecia seguro o bastante. Dan mexeu na panela, despejando as carnes picadas e escolhidas seguindo a dieta restrita do lutador, sentiu o aroma da comida se apossar da cozinha e um triste sorriso se manteve aos lábios. O primeiro emprego que tivera havia sido um sonho, recordava da academia ampla e reconfortante, da lanchonete onde sempre comprava algum lanche leve para o almoço, tendo os cabelos bagunçados por Haejun. Não pensava nele há muito tempo, muito menos em como o olhar o perseguia pelos cômodos da academia, ou quando aparecia em todos os lugares. No mercado onde fazia compras, até mesmo em uma livraria antiga onde procurava um exemplar antigo para a avó. Em todo lugar em que andava, o loiro aparecia com aquele mesmo sorriso. “Coincidências” ele dizia, e Dan descobria tarde demais: Não, era o completo oposto.
Por alguma razão, o loiro acreditava que Dan merecia ser punido por ter pedido demissão e desaparecido, como se devesse explicações a um alfa como ele.
O pescoço doía drasticamente, e ao preparar o jantar, encarando a mesa bem servida e as malas ainda na sala, questionou se não seria melhor contar a Joo sobre o ocorrido. Serviu o jantar, o ômega ajeitou os talheres, os pequenos pratos com as porções de salada e arroz, encarava a carne com molho na travessa ampla, fizera com carinho para alguém que o tratava como um objeto comprado. Sentou-se, acreditando que Jaekyung não o colocaria na lista de preocupações relevantes, mordeu o lábio inferior. Como explicaria? Virou o rosto, Joo desceu o lance de escadas, o banho prolongado, a camisa simples e os passos diretos até a mesa. Ergueu o olhar para Dan, o semblante sério ao ver que o ômega mal tocava na comida, cutucava as carnes com o talher.
— Está acabando com a minha vontade de comer.
— Ah... Sinto muito, Senhor. — Dan passou a comer, apesar dos pensamentos estivessem longe. Temeu que o assunto sobre Haejun não o agradasse, que até mesmo o fizesse ter ainda mais estresse. Não podia fazer isso, não de novo. Não quando Joo havia pagado por sua dívida e graças a ele, a avó estava em tratamento. Era também graças ao lutador que tinha um lugar para dormir. Forçou um sorriso, acreditando que poderia resolver o problema sozinho. — A comida está boa? — Ele não respondeu, ocupado demais em saborear a carne. Dan sentiu-se feliz, haviam poucos momentos onde fazia algo que não o irritasse. Jaekyung serviu mais uma porção, enquanto o ômega observava as feições marcantes do lutador, voltando a encarar o prato. Dan terminou a porção, enfim, tendo sua atenção. O lutador manteve as íris escuras sobre si, um sorriso provocativo ao arquear uma das sobrancelhas, não era sempre que via o menor usando camisas de gola alta.
— Você nunca roupas assim.
Dan tocou a gola, engolindo em seco. Esconder a marca feita por Haejun era um desafio, acompanhou com o olhar Jaekyung se levantar, aquele sorriso que conhecia tão bem, a mão gesticulando para a camisa.
— O que está esperando? Preciso relaxar, sabe o que fazer.
Fazia um ano. Dan reclamava menos, não significava que aquilo melhorou.
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Last Round
Fiksi PenggemarKim Dan é um ômega que teme que sua avó não sobreviva por mais tempo, guardando o medo e a insegurança para si, Jaekyung se torna o último de seus problemas quando em sua ausência, Dan precisa cuidar de Haejun. O novo atleta e uma antiga inimizade d...