Capítulo 18

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Há alguns dias antes da viagem, Jaekyung encarou a televisão, abaixando o volume, com a atenção fixada na imagem de Kim Dan no sofá, com as pálpebras tão pesadas

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Há alguns dias antes da viagem, Jaekyung encarou a televisão, abaixando o volume, com a atenção fixada na imagem de Kim Dan no sofá, com as pálpebras tão pesadas. Com o crescimento da barriga, por vezes o alfa se questionava se aquela luta seria a mais difícil de sua carreira. Fitar o ômega indefeso naquele sofá, adorável em uma de suas camisas e piscando demoradamente, coçando os olhos como uma criança teimosa lutando contra o sono. Aproximou-se, puxando a manta para o manter aquecido e confortável. “Ainda estou acordado”, mal parecia ter sentido. Era ainda mais adorável contemplar o jeito fofo que Dan por vezes pegava no sono e a mão descansava sobre a barriga, em um suspiro baixo. “Hm... Eu estou acordado”. Olhou-o preguiçosamente.

— Dan. Tenho que sair, vou comprar ração para o Boxer. — avisou.

— Fica aqui. — Dan resmungou, sonolento.

— Não vou demorar. — Inclinou-se, dando um selar ao topo da cabeça do ômega que enfim cedia ao sono. Cansado demais a perceber Jaekyung endireitando a postura e seguindo até a porta. Não precisava de comprar ração, haviam pacotes fechados. Olhou as mãos, ajeitando as luvas escuras e estalou o pescoço, o olhar se tornando mais vazio, pois o que andava fazendo há dias era mais do que dizia para Dan. Sim, treinava como antes, sempre intenso e buscando a perfeição em habilidade. Também vinha dando uma olhava nos livros do ômega sobre paternidade, mais do que isso, existia algo que pediu ao amigo policial além de agilizar a ordem de restrição. Talvez algo que pudesse criar maiores problemas se não tomasse cuidado. Naquela semana havia tomado seu tempo a pagar para que lojas da vizinhança não tivessem os banners de Haejun. Era uma afronta. O loiro foi notificado da ordem de restrição e provavelmente ria ao pensar que estava em todos os lugares com as malditas fotos. Era uma ironia. “Sempre estarei em algum lugar perto do nosso Danny”. Chegou ao elevador, e Jaekyung ajeitou o boné, o moletom com capuz, e então, pegou o celular.

Existiam coisas que não aceitava. Uma delas era deixar de lado que haviam tocado em Kim Dan, e a segunda? Saber que estas pessoas andavam livremente sem sentir o peso das consequências.

Yosep dissera que o hospital antigo onde Dan fizera estágio não era dos melhores, foi fácil achar por conta de todos os documentos que o ômega tivera de apresentar para a academia, e mais do isso, o nome do hospital não era limpo. Jaekyung conseguiu, sem muita demora, chegar na informação que queria. O assunto sobre o abuso, pois segundo os registros puxados pela polícia, não era a primeira vez que acontecia. Não foi um caso isolado, e uma ex-funcionária certa vez tentou expor o médico responsável pelos abusos. A reportagem de um ano atrás, onde falavam sobre o médico “A” que tinha uma preferência por ômegas mais jovens. Embora não tivesse recebido muita atenção da mídia, recordava que naquela mesma data, foi quando Dan estivera um pouco mais inquieto, falando demais, não querendo assistir televisão e pouco olhando a tela do celular.

Entrou no elevador, encarando friamente o painel luminoso ao pensar como teria sido se Dan tivesse testemunhado. Mas como poderia? Não prestou queixa, e tudo o que sabia sobre o hospital em que trabalhou era que foi demitido por “comportamento inadequado”, o problema era que tudo o que descobria era que jamais o ômega teria justiça. E se acabasse na mesma sala com aquele homem? E se acabassem indo a um exame e ele fosse o médico? Jaekyung sentia o sangue ferver apenas de pensar nisso. E por dias, quando saía dos treinos, parava o carro a frente do velho hospital, de todos os endereços que conseguiu. Sabia que não era o bastante, toda vez em que pensava em Kim Dan tão seguro e confortável no apartamento, imaginava todos os momentos em que não estivera. Jamais pretendia contar que ao sair do prédio e pegar o carro, viu aquilo como os rounds de uma luta. O primeiro foi com Yuri, exigindo que se afastasse e continuasse sua vida miserável bem longe de Dan. Riu, achava ainda uma ofensa imaginar os dois juntos. Yuri era estranho, comum. Alguém que não merecia os gemidos do ômega.

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