Bônus 4/? Atual (Parte 2)

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Ambos os casais olharam um para o outro, ela entendeu assim que viu. Tiago pegou o celular e digitou a mensagem "Tem algo acontecendo, se não pediram ainda, por favor venham pra cá.", que logo foi respondido por um "Chego em 5 minutos, não faz besteira... não sem mim."
Outro casal apareceu, rostos conhecidos, que deixaram o casal mais novo nervoso.

Tiago: Por que eles estão aqui? Mãe, pai, eu avisei que...
Sr Santineli: Eu falei pra ela que era má ideia.
Sra Santineli: Eles só querem conversar, resolver as coisas, me deram a palavra deles.
Tiago: Como se isso valesse algo pra gente.
Sra Santineli: Tiago!
Tiago: Não, nem vem, eu pedi pra eles não virem, só concordamos em vê-los com essa garantia.
Sra Miranda: Somos pais dela, acho que temos direito de vê-la.
Tiago: Ninguém te chamou na conversa.
Sr Miranda: Continua bem afrontoso, não? Só viemos conversar, Júlia é nossa filha, temos direitos também.
Júlia: Perderam seus direitos anos atrás.
Sra Miranda: Sua ingratidão parece enorme, não aprendeu nada que te ensinamos? Tem que honrar os pais.
Júlia: No dia que eu considerar vocês meus pais, daí a gente conversa sobre honra.
Sr Miranda: Te criamos, não tem do que possa reclamar, já nós.
Tiago: Não vou ficar ouvindo isso, eu avisei que não queríamos vê-los, vamos embora.
Sra Santineli: Tiago, dá uma chance deles falarem.
Tiago: Você não tem que ficar aqui, não precisa.
Júlia: Vamos acabar com isso de uma vez, não somos mais criança, uma chance.

O homem voltou a se sentar, agora mais perto dela, com o rosto sério. Logo em seguida Pabliton e Eduardo chegaram juntos, indo em direção aos amigos.

Tiago: Senta aí.
Sr Miranda: Quem são?
Tiago: Esse é o Pabliton e aquele o Eduardo.
Sra Miranda: É uma reunião de família.
Júlia: Os meninos ficam.
Sr Miranda: Apenas família.
Júlia: É por isso que eles ficam, já vocês podem ir se quiserem.
Sr Miranda: É com esse tipo de gente que anda, Júlia?
Júlia: Sim e com muito orgulho, são as melhores pessoas que poderia conhecer. Podemos acabar logo com isso? O que querem?
Sra Miranda: Viemos te ver. Está irreconhecível, o que houve com seu cabelo? Por que ele está loiro? E por favor, coloque uma blusa, essas suas marcas...
Júlia: Porque eu gosto dele assim. E não vou me cobrir, é meu corpo e gosto dele, não tenho vergonha de nada nele.
Sra Miranda: Pois devia ter.
Sr Miranda: Você trabalha pelo menos?
Júlia: Trabalho com o Tiago, faço estampas, ajudo no estúdio, entre outras coisas.
Sr Miranda: Ou seja, não. Nunca entendi isso, é formado em direito, não é, Tiago? Podia ter um futuro tão brilhante, ter feito concurso, mas ao invés disso faz "piadas".
Tiago: É o meu trabalho e eu amo o que faço.
Sr Miranda: Claro que ama, ganha a vida falando mentiras, digam, não tem vergonha do filho de vocês?
Sr Santineli: Não acho que o Tiago fale mentira alguma, claro, ele diz de uma forma mais bruta, mas nunca mentiu.
Sra Santineli: Nós conhecemos o trabalho dele e mesmo que seja sim um pouco mais direto, ele é real e muito bom, temos orgulho dele.
Sr Miranda: Tem orgulho dele? Por falar mal de suas raizes e andar com pessoas como essas? Eles vivem a vida como hippies.
Eduardo: O que quer dizer com pessoas como essas?
Sr Miranda: Quer mesmo saber, bixinha?
Pabliton: Fala com ele assim de novo pra ver se a bixa aqui não te arrebenta no soco.
Sr Miranda: Tá me ameaçando?
Pabliton: O que você acha? Tem razão, Tiago, crente não é bom em interpretar o que dizem.
Sr Miranda: Mas seu...
Tiago: Toca um dedo nele que a gente vai conversar ali atrás, eu, você e muito sangue, pode levar sua Bíblia se quiser, mas daí eu quero poder levar algo também.
Sr Miranda: Dois contra um? Legal em. Ódio do bem que fala né, comunistinha?
Tiago: Pra você é só ódio mesmo, comigo não tem essa de paz e amor, é bala na cabeça e soco na cara de pastorzinho bolsominom homofóbico.
Pabliton: Megazorde mesmo, quanta coisa ruim num só, até melhora a ideia de quebrar a sua cara.

Os amigos se olham e voltam a encarar o mais velho, que se cala.

Sra Miranda: Um garoto que podia ser tão bom... virou isso. Acho que sei onde errei como mãe, devia ter parado essa amizade assim que começou. Se não tivesse conhecido este garoto não estaria assim hoje.
Sra Santineli: Não admito que fale do meu filho, concordamos que seria uma conversa pra resolver os problemas.

Nesse momento algo aconteceu, o copo de Júlia caiu sobre a mesa, uma pequena dor, mas o suficiente para preocupar os garotos.

Pabliton: É o bebê? Calma, precisa de algo?
Tiago: Pabliton, tira ela daqui. Cara Mia, tá tudo bem?
Sra Santineli: Bebê? Como assim bebê?
Eduardo: Ela tá grávida.
Pabliton: Eu falei que era má ideia ela passar por esse estresse.
Tiago: A gente vai embora, eu compro alguma coisa lá no hotel. Pabliton, chama um Uber.
Sra Miranda: Espera aí, como assim grávida? Não são casados.
Sra Santineli: É sério que está surpresa por isso? Não sei porquê acreditei em vocês. Achei que realmente se importavam com a filha de vocês.
Júlia: Grande erro, sra Santineli, eles nunca se importaram, devia ter nos ouvido, mentem com tanta facilidade quanto respiram.
Sr Miranda: Olha só quem quer falar sobre nós. Não faço ideia de onde errei pra criar uma p...
Tiago: Termina essa frase e eu falo sério, vou te fazer sentir uma dor tão forte que vai se arrepender de ter vindo aqui, vai finalmente descobrir se seu deus realmente existe!

Tiago diz isto se levantando junto a Pabliton, a cara fechada e ameaçadora, juntos lado a lado, decididos a fazer o que quer que fosse necessário naquele momento para proteger sua família.

Sra Miranda: Sabe que nunca aceitaremos essa criança, certo?
Júlia: E fico muito feliz com isso, por mim meu filho nunca vai conhecer vocês.
Sra Miranda: Ele é fruto de um pecado e vocês vão para o inferno, isso é certo.
Júlia: Eu posso ir pro inferno, Yuna, e vou com muito orgulho, porque não me arrependo de nada do que vivi, tenho pessoas incríveis ao meu lado, já vocês vão morrer sozinhos. Vamos embora, Mon Cher.

Os quatro saem do local, Tiago mantinha o braço envolto na cintura da mulher e Pabliton e Eduardo seguravam as mãos um do outro.
Ao chegar no hotel Tiago agradeceu a ajuda dos amigos e foi junto ao quarto com a mulher, lá nenhum dos dois sentia fome alguma, apenas trocaram de roupa e deitaram na cama calados, ela finalmente se soltou, tinha lágrimas nos olhos que deixou escaparem, abraçada ao homem, que também a abraçava da forma mais reconfortante que podia.

Tiago: Não é sua culpa, nada disso, me desculpa você ter que passar por isso, nunca mais vou deixar isso acontecer, me desculpa...
Júlia: Eu só queria que eles... sei lá, demonstrassem que se importam comigo.
Tiago: Não precisamos deles... não precisamos de nenhum deles. Você foi muito corajosa hoje... enfrentou ela.
Júlia: Obrigada por estar lá.
Tiago: Eu sempre vou estar lá por você. Só me promete que não vai ficar se sentindo mal por causa deles, você é incrível, não tem que ouvi-los.
Júlia: Você também... vocês são o que tenho mais orgulho nessa vida... eu te amo...
Tiago: Eu também te amo, Cara Mia... e tenho muito orgulho de você e de mim por ter te conquistado.

Ela sorri e solta uma risada nasal, enquanto ele limpa uma lágrima que caia de seu belo rosto.

Júlia: Só você pra me fazer sorrir em qualquer momento.

Eles ficaram abraçados por um longo tempo, ela dormiu, ele demorou mais um pouco, ficou no celular por um tempo. Conversou um pouco com Pabliton, era ruim pensar que aquilo tinha acontecido, mas era bom saber que estavam juntos naquele momento, não só Tiago e Júlia, já que não estavam sozinhos agora, tinham uma família real e boa, uma nova família, não a que nasceram, mas a que nasceu para eles, que fora destinada para eles e ela era muito melhor e especial do que qualquer laço sanguíneo que podiam ter.

(Nota autora: Desculpa se ficou grande e meio triste, mas queria muito abordar esse tema)

Praga do Destino - Tiago SantineliOnde histórias criam vida. Descubra agora