Cap 19: Praga do fim

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Os meses se passaram mais difíceis que nunca, mesmo com os esforços de Rafinha, não conseguiram prender o policial que matou Júlia, o máximo que conseguiu foi a aposentadoria do policial e uma multa paga para Santineli, que foi guardada para o futuro de Mônica, uma quantia de 20.000 reais, não o justo ou mesmo equivalente para a perda de Júlia, mas pelo menos fizeram algo, coisa que Tiago duvidou que aconteceria, mas Rafael tinha ótimos advogados e estava determinado a honrar a morte da amiga, isso claramente não foi suficiente para ele, mas já foi algum conforto.
O dia a dia de Santineli estava baseada na filha, deu uma pausa na carreira, não conseguia fazer os outros rirem estando quebrado por dentro, a comédia sempre foi seu lar, o que mais gostava de fazer, mas como faria o que mais amava fazer não fazia sentido se estava completamente quebrado por dentro, não se sentia merecedor daquela felicidade ou que devesse senti-la, não conseguia imaginar uma razão para sorrir, felizmente os fãs entenderam o ocorrido e não abandonaram o ídolo em momento algum, sentiram a perda dele e mais pessoas entraram no apoia-se para ajudá-lo, foi uma comoção geral na comunidade.
Ele quase não dormia, não conseguia fechar os olhos, todas as vezes que tentava, 2 imagens voltavam à sua mente, a imagem de Jun morta na maca, machucada e vazia, que lhe trazia uma enorme angústia e ânsia só de pensar e a lembrança da última vez que vira sua bela mulher com vida, com seu all star enfeitado, o vestido florido, a coroa de tranças e o mais belo sorriso que já vira, a sensação do último beijo, da última vez que seus lábios se encontraram e ele se sentira completo, se pelo menos soubesse que era a última vez, teria feito de tudo para durar mais tempo, o máximo que fosse possível, ficaria naquele pequeno momento pra sempre, um dia que parecia tão simples e comum, como qualquer outro e talvez até meio cansativo por conta do trabalho, era tudo que o homem desejava ter de novo, não fazia ideia do quanto amava seus dias normais até perder o que os fazia serem normais de um jeito tão incrível, tentar dormir o trazia de volta a tudo isso, junto com mais saudade, tristeza e angústia, com pensamentos ruins, pensamentos muito ruins e que Jun com certeza desaprovaria, mas ela não estava ali para ler a mente de Santineli e brigar com ele, não, infelizmente ela não estava, se tal coisa fosse possível, ele com certeza não ligaria de ouvir um sermão de horas se fosse preciso, estaria com ela de novo, cada segundo valeria a pena e ele aproveitaria o máximo que pudesse, mesmo sendo uma bronca, era melhor do que ficar sem ela, ainda poderia abraçá-la e chorar junto a ela no final de tudo, que seria a melhor coisa para ele, o mais reconfortante e acolhedor que poderia ter.
Ian se mudou para perto de Tiago, para ajudar, Rafinha ajudava ao máximo, principalmente com os cuidados de Mônica, Pabliton ia quase todo dia vê-los, não só ajudar com Mônica, mas ajudar Tiago, que era mais teimoso que nunca, não dormia direito, não comia ou bebia praticamente nada, era quase um zumbi para quem o visse, magro, os olhos fundos e vermelhos.
As noites em claro eram cada vez mais comuns, era difícil para ele, mesmo com a ajuda dos amigos, fazia de tudo para Mônica mamar, mas era difícil ela se acostumar com mamadeira, felizmente ele conseguiu leite materno no posto de doação. Provavelmente o pior foi o dia em que Mônica adoeceu, um desespero total, sem saber o que fazer com ela chorando e chorando mais, febres altas, vômito, tudo, foi difícil para ele lidar com aquilo.
A casa não tinha mais a alegria de antes, dava pra sentir, irmão do Jorge e Adélio no começo procuravam Júlia pela casa, com o passar dos dias entenderam que ela não voltaria.
Ninguém mexeu nas coisas dela até agora, estava tudo lá, eles ainda não conseguiam tirar do armário de forma alguma, muito menos olhar para aquilo tudo.
Já tinham se passado 3 meses desde o acontecimento doloroso, naquela tarde Tiago levou Mônica até a casa dos Bastos, lá ele observou o quão bem ela ficava naquela casa, Rafa e Vivi tinham e faziam de tudo para acomodar bem a menina, brinquedos, comida, roupas, tudo que conseguiram, Tom cuidava da pequena como uma irmã, a menina gostava dele, se divertia junto à eles, ele observava isso, o quão feliz ela ficava naquela casa e o quão boa ela era para sua pequena.
Um estalo em sua mente, uma ideia, a pior ideia de todas. Ele se levantou, deixando chaves em cima da cômoda e saindo sem ser visto, ele saiu e demorou para perceberem.
Meia hora depois Pabliton chegou na casa junto à Eduardo, ficaram felizes ao ver a pequena Mônica e correram até lá.

Praga do Destino - Tiago SantineliOnde histórias criam vida. Descubra agora