Praga do Destino - Tiago Santineli

Cap 17: Praga de demora

8/2/2024
Era de manhã, no hospital Júlia era preparada para entrar em cirurgia, na sala de espera estavam todos, Vivi, Rafinha, Pabliton, Eduardo, Ítalo, Nat e Vituxo, além de Ian, primo de Júlia, que permanecia em um canto da sala.
O mundo parecia passar em câmera lenta, pessoas e mais pessoas passavam correndo, 30 minutos, 1 hora, 1 hora e meia, nada, um parto cesárea durava normalmente por volta de 1 hora, mas pela condição de Júlia duraria mais, isso já era certo, mas mesmo assim os amigos permaneciam nervosos e ansiosos. Ítalo, que estava de frente com Rafinha, respira fundo e encara o outro.

Ítalo: Rafinha, se você não parar de bater esse pé, eu juro que te mato aqui mesmo.
Rafa: Desculpa, nem percebi, tô nervoso. Cadê eles?
Pabliton: Eles avisaram que demoraria.
Rafa: Mas tanto assim? Acho que aconteceu alguma coisa...
Vivi: Lava essa boca, Rafael! Não aconteceu nada! Deixa de pessimismo, é normal, tão fazendo com muitos cuidados a mais, só isso.
Vituxo: Alguém podia pelo menos vir dar notícias, tipo, ei gente, elas tão vivas ainda!
Nat: Só se acalmem, eles logo vem.
Rafa: Só preciso saber se estão bem.
Pabliton: Então se acalma! Não vai ter uma resposta assim, vai ter que esperar, eles já vem!  Tem que vir!
Eduardo: Pabliton, calma, ei, tá tudo bem, vai ficar tudo bem...
Pabliton: Cadê eles? Só... cadê qualquer um?
Tiago: Aqui, seu comunista homossexual ansioso do caramba. Elas estão bem, ela é perfeita e eu nunca achei que a amaria tanto, o que eu imaginei não chega nem perto de um décimo disso.

Todos foram até Santineli, o abraçar e parabenizar, o primeiro obviamente foi Pabliton. Era um alívio geral, a menina nascida, Júlia bem e todos juntos, nada poderia ser melhor. Depois de implorar muito, foi permitido que entrassem para ver as garotas.
No quarto havia uma Júlia tomando soro, cansada e sorrindo com a bebê em seu colo.

Rafa: A sua cara, loirinha, sorte dela, imagine se puxasse ao pai que terror.
Tiago: Engraçadinho.
Pabliton: Oi, oi Mônica Sofia, você é tão linda, eu sou o Pabliton, seu tio favorito.
Rafa: Nem vem, esse posto é meu já.
Ian: Discordo, acho que mereço esse lugar.

O rapaz aparece na porta, sorrindo, a mulher abre um sorriso feliz ao vê-lo.

Júlia: Ian!
Ian: Te disse que viria, só atrasei um pouquinho, prima.
Júlia: Estou feliz que veio, Mônica, esse é o único da família da mamãe que presta.
Ian: Oi, pequeno ser, olha, eu não sou tão bom com crianças, mas te ensino tudo que quiser sobre revolução do proletariado, só não se esqueça, o capitalismo falha, falhou e falará, em toda sociedade que ele conseguir colocar os seus tentáculos imundos.
Tiago: Chapéu de facista é marreta, tudo que apanhar é pouco e suástica tem que bater até virar cata-vento.
Júlia: Lembrei porquê demorei pra juntar os dois de novo, parem de doutrinar a menina, acabou de nascer!
Ian: Exatamente, aprender desde cedo, acha que fiz o que com vocês dois? Ainda foi tarde, essa aí é desde o berço.
Júlia: E você vai tá aqui pra fazer isso, por acaso?
Ian: Ainda não, mas vou vir mais pra cá. Tenho que proteger minha família.
Júlia: Bom, é uma família maior agora.
Ian: Tô vendo, conquistou algo muito bom, prima.
Júlia: E você pode participar.
Tiago: Bem vindo ao grupo dos depressivos, ansiosos e problemáticos, Neves!

Eles conversaram por um tempo, logo a maioria foi embora, Ian ficaria na casa dos Santineli.
A mulher dormia profundamente quando a bebê acordou, ele a segurou nos braços, ainda sem acreditar que aquele pequeno ser era sua pequena Mônica Sofia, sua filha, única e linda, tão perfeita quanto poderia imaginar.

Tiago: Você é muito amada, Sofi, papai te ama muito, mamãe, titios e titias, todos nós te amamos muito.

Ela segurou o dedo dele, o fazendo sorrir. Após colocá-la no berço ele também dormiu.