+ seis

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As horas de um plantão no hospital, as vezes propositalmente parece andar bem lentamente, uma hora parece se transformar em dez, cada segundo, minuto, hora até o fim do expediente é capaz de acontecer tão lentamente, diante a minha ansiedade de chegar em casa e curtir cada momento com meu bebê de 1 ano. Aqui na cabana o contrário parece acontecer, propositalmente o tempo tem voado, fazendo a manhã virar logo tarde, e a tarde virar logo noite.

O café da manhã foi aquele mini caos com Ella engasgando, no almoço minha filha teve atenção redobrada de Alice e Mamãe sobre ela. A cada pedaço de alimento que minha menina levava a boca, as duas pareciam que iriam parar de respirar.

Mesmo com toda a minha explicação a elas que o método de introdução alimentar de Ella, o BLW, a ajudou a saborear os alimentos, como também, a desenvolver seus músculos bocais.

— "O engasgo dela pela manhã foi uma situação isolada.."

Jorge as avisou, mas nada parecia adiantar. Ambas continuavam receosas e preocupadas. Como previ, ao decorrer do dia Ella teve a super atenção delas para ela. Nem quando ela tirou um pequeno cochilo a tarde, as duas ficaram tranquilas.

"E se ela se engasgar com a babinha dela.." Alice comentou, fazendo-me ri dela.

A minha menina tinha feito uma médica experiente se tornar uma babá inexperiente. Como tinha feito a sua Vó, esquecer que já cuidou de um bebê antes, eu.

.....

A noite estávamos ao ar livre da nossa propriedade, com uma fogueira queimando em brasas com cada um de nós, com um espeto em mãos e um marshmallow sendo "assado" na fogueira.

Papai - Ella impaciente, tentava puxar o braço de Jorge querendo o seu pedaço de marshmallow.

— Calma querida, ainda não tá no ponto e mesmo assim, Papai vai ter que esfriar para você.

Apesar da voz calma que Jorge utilizou para a nossa filha, Ella se manteve descontente no colo de seu pai, além de continuar resmungando, como continuou a tentar puxar o braço dele.

— Pequena turrona! – Jorge a acusa, o que parece que para Ella foi um desafio e ela aceitou, fazendo mais esforço para conseguir seu desejado marshmallow.

— Ela tem seu DNA. – Acrescento meu comentário, fazendo-me ganhar um olhar se repreensão dele, que em nada me intimida. — Mas não esquece que ela tem o meu também.

Meu marido sorrir, com seus olhos mel âmbar brilhando, não é pelo fogo da fogueira, mas posso desconfiar que é pelo fogo que mantém nosso relacionamento vivo. Não há monotonia em nosso cotidiano.

Mantemos nosso olhar um ao outro, mas uma pequena palma indo até seu rosto e puxando seu nariz, quebra a confidencialidade de nossos olhares.

— Fico muito feliz que vocês estão vivendo o final feliz de vocês.. – Alice me sussurra, fazendo sua confissão ser ouvida apenas por mim.

— Que seja um final feliz eterno. – Essa é uma promessa que faço a mim, aqui, debaixo dessa noite estrelada, fazendo a cada estrela a promessa que irei fazer o possível e o impossível para ser feliz com meu marido e minha filha.

Usando dos espetos com os marshmallows, eu e Alice imitamos um brinde. Nesse momento, ouvimos o telefone fixo da cabana tocar.

— Não é possível! – Jorge, Alice e eu lamentamos ao mesmo tempo, sabendo que um telefone fixo da residência de médicos plantonistas não toca sem um motivo aparente, ainda mais, com nossos aparelhos celulares sem sinais.

— O que aconteceu? – Mamãe que até agora estava em silêncio lendo um livro, nos questiona preocupada.

— Trabalho! – Esclareço para ela.

Doctores: Antes do fimOnde histórias criam vida. Descubra agora