Capítulo 4

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Tinha mais de duas semanas que Tom estava trabalhando comigo na casa. Ele chegava de manhã cedo e ia embora tarde da noite. Defini como prioridade o quarto principal e lá nós arrancamos todo o papel de parede velho, a cama, a cômoda, as portas do armário. Enquanto eu lixava as paredes para poder pintar, Tom estava reformando as portas do armário e ia arrumar a cômoda.

Ele era um carpinteiro muito hábil e rápido. Em poucas horas ele praticamente refez as 4 portas venezianas do armário e começou a mexer na cômoda. Uma coisa que também fizemos foi tirar todas as janelas quebradas e eu encomendei vidro para consertar os que estavam quebrados.

– Brandon! – Ouvi Tom gritar e desci.

– Oi! Aconteceu alguma coisa?

– O que acha? – Ele apontou para a cômoda.

– Wow! Não é o mesmo móvel, você está me enganando.

– Puxa as gavetas – Disse empolgado.

A cômoda era toda de madeira e as gavetas ficavam apoiadas num pedaço de madeira sobre a qual deslizavam com muita dificuldade. Tom literalmente refez as gavetas para que elas tivessem corrediças e elas abriam e fechavam suaves.

– É só pintar ou envernizar que está pronta para uso.

– Você é um gênio – E eu o abracei e me afastei – Desculpe.

– Sem problemas – Disse um pouco sem graça.

– Eu vou terminar lá em cima – Disse já correndo pro quarto.

Eu sou de carne e osso, um homem daquele mexia comigo e some isso com a carência e meses sem transar. Depois de um tempo Tom subiu e terminamos de lixar a parede do quarto. Limpamos a sujeira e enquanto ele mexia em algumas coisas eu fui preparar algo para comermos.

Eu ainda não tinha uma cozinha funcional. O fogão não tinha gás, a geladeira não ligava e depois de pensar um pouco eu decidi jogar os dois fora. Eu comprava gelo e punha as coisas numa caixa térmica. Fiz o de sempre, sanduíches e peguei uma garrafa de suco.

– Tom! Pausa pro lanche – Chamei do pé da escada.

– Já desço – Respondeu.

– Pode lavar as mãos no banheiro mesmo – Ouvi o barulho de água e depois seus passos pesados na escada.

– Já pensou em como vai colocar os móveis no quarto? Aquele lugar só tem uma tomada, tem que aproveitar agora para acrescentar mais algumas – Disse Tom enquanto pegava um sanduíche.

– Eu tenho que ver isso – E quando eu ia morder meu sanduíche um barulho ensurdecedor de trovão me fez dar um pulo.

– Merda!

Tom saiu correndo e eu o segui. Levamos as coisas que não podiam molhar para a sala e eu comecei a fechar as janelas. Tom pegou uma lona e fita adesiva e começou a cortar pedaços e colar tapando os buracos que não tinham vidro.

– O celeiro! – Exclamei quando lembrei.

– E a garagem.

Saímos correndo da casa e Tom se adiantou para o celeiro. Eu entrei na caminhonete e a estacionei do lado do meu carro. Na hora que eu baixei a porta da garagem a chuva despencou. Eu nunca tinha visto o céu ficar escuro tão rápido e os raios cortavam e iluminavam as nuvens seguidos de trovões apavorantes.

Eu já estava tão encharcado que não adiantava mais correr. Vi Tom correndo até a porta da cozinha e eu fui caminhando. Eu entrei e Tom fechou a porta.

Recomeços (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora