Capítulo 14

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Era uma terça-feira quando saímos de Franksville para pegarmos o avião em Kalispell em direção a Washington, capital. Quase sete horas de voo depois e eu com a mão gangrenada de tanto que Tom a apertou encontramos Billy e um outro advogado do escritório no aeroporto e fomos para o hotel.

Jantamos e Billy passou algumas informações e instruções. Subimos para nossos quartos e Tom parecia muito nervoso.

– Você quer abrir um buraco no chão do quarto? – Ele andava de um lado para o outro.

– O Billy tem certeza de que eles não podem me mandar preso de novo né? – Finalmente disse.

– Claro! Eu acho que isso não é legalmente possível. E é como o Billy disse, você não é o réu nesse caso.

– Voltar para a prisão não me assusta – Tom sentou e pegou minha mão – Ficar sem você me apavora.

– Eu não vou a lugar nenhum e nem você.

Nos abraçamos e comecei a beija-lo. Obviamente que nós transamos na cama chique do quarto chique do hotel chique que Billy nos hospedou.

No dia seguinte acordamos cedo, nos vestimos e fomos para o prédio da Suprema Corte. Tinha um monte de jornalistas nos esperando e não é nada agradável um monte de gente colocando microfones na sua cara. A minha sorte é que Billy era enorme, Tom era enorme e eu fiquei protegido atrás deles.

Entramos e fomos conduzidos até uma sala. A tensão naquela sala podia ser cortada com uma faca. Billy estava sentado numa cadeira, ele folheava papeis numa pasta, mas eu sabia que ele não estava lendo nada. O outro advogado, Jefferson, não sei se primeiro nome ou sobrenome, também não falava muito e Tom sendo Tom e mantendo o silêncio.

Estava quase na hora da audiência, Tom e Jefferson ficariam sentados em um lugar no tribunal e eu ficaria em outro. Um oficial de justiça veio avisar que eles poderiam tomar seus lugares e quando saíram da sala eu vi que a testa de Billy estava molhada.

– O que eu tinha cabeça? – Disse e começou a andar de um lado para o outro

– O que foi?

– Isso não é o tribunal do condado, é a Suprema Corte – Billy não parecia estar mais falando comigo e sim consigo mesmo.

– Billy. Billy! – Ele estava com uma mão na testa e outra na cintura e andava para um lado e pro outro.

– Eu posso... Não, não, eu... Eu... – E começou a respirar descompassado.

– Billy! – Parei na sua frente e dei um tapa na sua cara.

Seus olhos muito azuis estavam arregalados.

– Recomponha-se! – E ele abaixou os braços e endireitou a postura – Agora me escuta – Comecei a ajeitar sua gravata – Você vai entrar naquele tribunal e vai fazer o discurso da sua vida. Os juízes não precisam de mais nada a não ser o seu discurso – Puxei seu terno e ajeitei seu cabelo.

– Obrigado – Disse.

– Lembra do que você falou pra mim quando decidiu prestar a prova da faculdade de Direito?

– Hã?

– Lembra do motivo de querer ser advogado?

– Porque eu acho o sistema judiciário injusto.

– Exatamente. Então vai lá e corrige o sistema para que haja uma injustiça a menos a partir de hoje.

– Obrigado irmão – Billy me deu um beijo na testa.

– Cabeça erguida e postura – Disse levantando seu queixo.

– Falou igual a mamãe – Ele sorriu.

Recomeços (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora