Tivemos que dar uma pausa na obra por alguns dias. Enchemos a caçamba de lixo e ela precisava ser trocada. Morri numa grana, outra facada no meu orçamento que eu não tinha planejado.
Em compensação os dias sem trabalhar foram bons para descansar o corpo e para descobrir coisas interessantes. A primeira: Era impossível ganhar do Tom em jogos de carta. Ele trouxe um baralho de sua casa e literalmente arrancou toda a minha roupa num strip poker sem que eu conseguisse tirar uma única peça de roupa dele. Eu fiquei tentado a levar ele para Vegas e levantar uma grana fácil nos cassinos.
Outra coisa, e essa um pouco mais triste, é que ele simplesmente não conhecia quase nada em relação a cultura pop dos últimos 20 anos. Então assistimos muitos episódios de Drag Race, ouvimos muitas divas pop e principalmente a minha queridinha Maria. E ele me ensinou a jogar Mario Kart Double Dash.
Ele trouxe uma TV de tubo e seu antigo GameCube. Sua mãe tinha lhe dado esse videogame num Natal e ele passava horas jogando antes de ser preso. Eu estava melhorando, já conseguia ficar entre os 4 primeiros durante as corridas enquanto ele vencia com muita folga. Quem diria que eu tinha um nerd em casa?
Um dia antes da viagem eu estava fazendo minha mala e Tom entrou no quarto.
– Brandon?
– Oi.
– Eu não tenho o que vestir nessa viagem.
– Vai pelado ué. Ninguém vai reclamar da vista.
– É sério. Eu tenho meia dúzia de camisas pretas e algumas roupas de segunda mão.
– Jeans, camisa preta e um óculos escuro é tudo o que você precisa para ser invisível em Los Angeles.
– Mas e na festa?
– Eu já cuidei disso.
– Cuidou disso?
– Quando a gente chegar em LA você vai ver.
– Eu não entendi.
– Você confia em mim?
– Confio? – Respondeu incerto.
– Relaxa que eu não tô te levando para uma armadilha. Eu precisaria de uns três baldes de sangue de porco pra te transformar na Carrie e eu sou judeu.
– Eu me sinto desconfortável.
– Você mesmo disse que nunca saiu de Montana. A gente precisa recuperar os 18 anos que você passou preso. Confia em mim – Tom se ajoelhou perto de mim e eu o beijei – Onde estão suas coisas?
– Por quê?
– Tem muito espaço na minha mala, a gente pode levar tudo nela.
No dia da viagem nós fomos no meu carro até o aeroporto de Kalispell, pouco mais de uma hora de viagem. Despachamos a mala e Tom parecia uma criança numa loja de doces. Eu lembro da primeira vez que andei de avião com o Billy e seus pais e eu tive a mesma reação.
O bom de ser um homem alto e ter como melhor amigo um homem ainda mais alto é que quase sempre viajávamos no assento conforto para ter mais espaço para as pernas e é claro que Martha me comprou um desses. Dois na verdade.
Na hora que o avião começou a taxiar pela pista dava para ver o suor escorrendo da testa de Tom. Ele tinha lindos olhos castanhos e eu podia ver o pânico neles.
– Tom – Ele não respondeu – Tom!
– Oi?
– Relaxa. Olha pra mim.
– Tô olhando – Disse virando o rosto.
– A turbina vai fazer barulho, você vai sentir a aceleração te empurrando pra trás e quando o avião sair do chão você sente seu estômago ficar fundo igual numa montanha-russa. E é só isso.
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Recomeços (Romance gay)
RomanceDepois de declarar falência Brandon descobre que herdou uma fazenda caindo aos pedaços no meio do nada. Enquanto decide o que fazer com aquele lugar conhece Tomas, um homem desesperado por um recomeço tanto quanto ele.