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27 de julho de 1984
No letreiro do lado de fora do bar, o nome do estabelecimento "Oggie" estava em letras grandes com luzes de led vermelha por todo seu contorno. Minha irmã, Alex, me puxava animada demais pela bebida que bebeu mais cedo, para dentro do lugar. Nossos amigos Mike, Winn e Nia vinham atrás, animados também.
Assim que passei pela porta de vidro escuro do bar, minhas vistas se incomodaram com a iluminação fraca do lugar. Luzes vermelhas e brancas iluminavam diferentes pontos, mas sem focar. No meu lado esquerdo, um extenso balcão com armários cheios de diferentes bebidas residia, atrás deles, vários barmans serviam rapidamente os clientes ali. No lado direito, mesas de madeira com cadeiras de acochoados escuros estavam dispostas para quem quisesse sentar. E bem no meio do espaço, uma pista xadrez estava cheia de jovens, provavelmente em torno dos 19/20 anos como eu e meus amigos. Dançavam animados, mas lentamente, com copos de bebidas nas mãos. Outros mais ousados se agarravam e rodopiavam em êxtase ao som de Do You Want To Dance?, de Johnny Rivers. Era uma escolha de música curiosa, levando em conta o ambiente.
Logo fui levada até o bar e, ao descobrir que aquela noite teria whisky à vontade para todos, meus amigos e irmã comemoraram. No início da noite não queria sair, mas confesso, estava adorando.
Fui servida com uma dose de uísque e, assim que me virei no balcão, senti um arrepio tomar meu corpo ao me deparar com a mulher masi linda que já vi. Tinha os fios do cabelo pretos como a noite limpa e olhos hipinotizadores. Ela me olhou e sorriu. Sorri de volta, sentindo-me nervosa. Passamos alguns minutos nos encarando. Alex, ao perceber meus olhares a moça, me incentivou a ir chamá-la para dançar. Bebi o resto da bebida de uma vez e coloquei o copo no balcão determinada a ir lá.
Meus passos rápidos pararam subitamente quando cheguei perto dela e senti seu perfume fresco adentrar minhas narinas. Aspirei-o rapidamente e sorri. A moça me olhava com os olhos tímidos e sorria graciosamente.
A cumprimentei e pude escutar sua voz doce, me fazendo suspirar. Fui educada e cavalheira, como Alex me ensinara. Não queria assustá-la e, apesar de saber que aquele bar era de acolhimento para pessoas GLS, sabia que ia muitos heterossexuais também. Senti-me mais nervosa aidna ao pensar que ela poderia ser hétero, porém, conforme a conversa trivial seguia, percebi que não. Descobri que Lena - seu nome que, assim como ela, era delicado e lindo - se envolvia com mulheres também.
Sorri satisfeita, e então toquei em sua mão. Era quente e macia. A vi suspirar. Eu estava apaixonada.
A esse ponto, sentia a energia de nossas peles juntas e tudo se intensificava mais quando olhava-a nos olhos. Ela tinha olhos verdes como duas esmeraldas, um, porém, o direito, era mais puxado para o azul. Lena era perfeita.
— Quer dançar comigo? - perguntei perto de seu ouvido por conta da música que terminava.
Lena apertou mais forte minha mão e assentiu, já me puxando para o meio da pista.
A noite passou rápida. Horas pareceram segundos e quando vi, já era hora de ir embora, o bar estava prestes a fechar e só tinha nós, meus amigos, e poucas outras pessoas bêbadas demais para entender o pedido do dono do estabelecimento de irem embora.
Senti meu coração apertar ao pensar que teria que deixar Lena. Eu tinha gostado tanto dela.
Puxei-a até atrás do bar, estava vazio e ninguém da rua lá poderia nos ver. Os muros altos de tijolos de barro dos prédios ao redor transformavam aquele lugar isolado. Na parede, em vasos, plantas escuras estavam vivas e satisfeitas pela iluminação da lua cheia naquela noite.
Fiquei de frente para Lena e toquei sua bochecha levemente. Ela abriu um sorriso e sua mão direita me segurou a camisa. Segurei sua cintura, levei a mão de seu rosto a sua nuca e aproximei nossos lábios. Lena tinha uma boca macia e gostosa, por onde passeei com meus lábios e lingua tímida. Quis aprofundar, mas para não assustá-la, deixei um selinho e me afaastei. Sorrimos ao mesmo tempo. O gosto de uísque e outra bebida, aquela que ela tomava, agora em minha boca.
Na minha fantasia, era somente nós que existia. Os únicos espectadores testemunhas daquela paixão era a lua e o vento, que voava calmo, mas ruidoso, entre nós.
A tomei em meus braços e senti ela me apertar. Beijei sua testa e coloquei o rosto na curva de seu pescoço. Deus! Como ela era cheirosa!
Lembrar dessa época da minha vida me faz sorrir sempre. Eu estou ocupada com qualquer outra coisa quando de repente lembro da noite que conheci o amor da minha vida e fico sorrindo como uma boba apaixonada. As vezes tudo parecia sonho, um sonho encantador e apaixonante.
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One-Shots Karlena
FanfictionUma coleção de pequenas histórias do shipp Karlena/Supercorp (AU) Plágio é crime!