Capítulo 18

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Depois de ficar chorando nos braços de Nat por pelo menos 15 minutos vamos em direção a fogueira, onde o resto do pessoal está jogando Eu Nunca.

Tento evitar contato visual com Felipe e a demonia, mas nem preciso olhar para sentir o olhar deles e de tantos outros em mim.

Nat me leva para perto de Ana, e ficamos nós três juntas. Coincidentemente, fiquei de frente para Caio, que pergunta se estou bem, somente com o mexer dos lábios, sem fazer som. Faço um movimento com a cabeça, indicando que estou melhor.

A verdade é que eu ainda estou devastada com o que aconteceu. Ele foi muito descarado e sacana. E o pior de tudo é que ontem de noite ele me disse que me amava... e eu, sonsa, acreditei.

O jogo ainda não tinha começado, então o pessoal começou a explicar as regras.

Funcionaria da seguinte forma: cada um pegaria um papelzinho de um pote de vidro e quando chegasse sua vez você lia e se você já tivesse feito a coisa indicada no SEU papelzinho você teria que explicar a situação, além de beber o suco de laranja com sal.

A frase que eu peguei foi "Eu nunca quebrei a cara por causa de uma pessoa que pensei ser diferente do que ela realmente era".

Que ótimo. Hoje tinha sido um exemplo perfeito disso. Mas eu não iria falar sobre o acontecido nessa roda. Não agora pelo menos.

- Nat- sussurrei- qual foi seu papel? Quer trocar?

Olhei a frase dela("Eu nunca fui corna") e decidi que era melhor eu continuar com a minha.

O jogo começou tudo bem, até que depois de 6 pessoas, chegou a minha vez.

Minhas pernas e braços começaram a tremer, mas eu estava determinada em não demonstrar meu nervosismo.

- Eu nunca quebrei a cara por causa de uma pessoa que pensei ser diferente do que ela realmente era- Li a frase, e aos poucos, as pessoas foram bebendo. Peguei o meu copo e dei um gole, fazendo uma careta logo em seguida- Bom, todo mundo sabe o que acabou de acontecer, então acho que não tem necessidade de falar explicitamente sobre isso- digo, contornando o assunto.

Para a minha surpresa, ninguém se fez de desentendido, nem mesmo Mariana.

Estava tão perdida em meus pensamentos que nem notei que Nat já tinha lido o seu papel e que Mariana estava falando comigo.

- Não vai beber não, Estelle?- aquela vaca falou.

De repente, notei que todo mundo estava olhando fixamente para mim e engoli em seco. Eu já ia levando o copo para minha boca quando tive uma ideia. Dei um gole bem demorado, virei para ela e disse:

- Sabe que eu to achando essa situação engraçada? Você tá aí, debochando de mim porque você beijou o menino que eu gosto, do mesmo jeito que aconteceu alguns anos atrás. E, ao fazer isso, você sente o que? Orgulho? Felicidade? Deleite? Eu não to dizendo que você é a única errada nessa história, porque você com certeza não é. Eu estou apenas curiosa para entender o prazer de ficar acabando com a vida dos outros. Já não basta essa sociedade machista em que vivemos querer botar mulheres uma contra as outras? É sério que a gente vai reforçar essa ideia idiota de mulheres brigando e se bicando por homem? Eu não sei vocês, mas eu estou cansada de ver filmes e séries adolescentes em que meninas ficam passando vergonha para chamar atenção de um menino, e ainda por cima competindo por isso. Eu quero que minha história seja diferente. Eu quero amar e me apaixonar sem precisar competir.

Pelo canto do olho vejo Mariana sair da roda, e dessa vez nem Mia nem Laura seguem ela.

                                                                              <3

Depois do meu "discurso" o clima ficou meio pesado, então cada um voltou pro seu quarto.

Felipe veio ao nosso quarto duas vezes, mas não quis falar com ele.

Agora são 16:20, e todo mundo combinou que às 16:30 era o melhor horário para sair.

Vou em direção ao carro da Ana, mas sinto alguém segurar meu pulso, quase carinhosamente. Viro e dou de cara com Felipe.

- Estelle, você pode pelo menos me ouvir?

- Agora não Felipe, talvez outra hora.- respondo e entro no carro.

Ana colocou a playlist dela pra tocar, e estava tudo bem até eu ouvir acordes muito familiares. The Way I Loved You, de Taylor Swift começou a tocar, e eu não pude evitar, meu pensamento foi direto pra ele e para todos os momentos que compartilhamos. Coloquei meu fone e botei no modo aleatório. Traitor, de Olivia Rodrigo preencheu minha mente.

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Notas da Autora:

Oi!

Essa situação que o Felipe se meteu tá meio complicada né?

Enfim, não tenho postado capitulo porque eu estava na minha cidade natal, na casa da minha vó. Eu tirei esse tempo para realmente aproveitar as férias com meus amigos de infância(que eu não via desde fevereiro) e meus familiares, além de organizar alguns plots...

Dito isso, posso afirmar que vem novidade por aí! Ainda vai demorar um pouco, mas fiquem ligados!

Beijos, obrigada por tudo!!!

Never Look Back(Estelle Blofis)Onde histórias criam vida. Descubra agora