O que Pode Tocar o Coração II

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- Engfa! Engfa!

Foram poucos minutos de inconsciência, talvez apenas um, o suficiente para deixar a agente desnorteada. O colega de trabalho amparava sua cabeça no banco, balançando a moça levemente na tentativa de acordá-la. Devagar, a morena foi abrindo os olhos, acostumando-se com a claridade. Já podia ouvir o som da sirene aproximando-se. Wahara só não conseguiu distinguir de qual corporação seria, se da polícia, dos bombeiros ou de uma ambulância. Ela circundou o local com o olhar, tentando entender o que havia se passado ali.

- O que... – A morena levou a destra à cabeça, que latejava de maneira quase insuportável.

- Calma! Graças à Deus foi só um susto. O socorro está chegando.

- Não. Estou bem. Não preciso de socorro. Foi só... - Algo no retrovisor chamou a atenção de Engfa, fazendo-a interromper sua fala - Oh, meu Deus. Eles...

- Estão vivos. Vamos nos preocupar com você agora. Não fique agitada assim que pode ser pior. Tem um corte na sua sobrancelha.

- Eu já disse que estou bem. Tem sangue no banco, Nop. Céus! - A agente, nervosa, e sob protesto do rapaz, desvencilhou-se do cinto travado em sua lateral esquerda, saindo apressada do veículo. Abriu a porta traseira rapidamente, retirando Phalo, carregando-o em seu colo. O animal parecia abatido, ao contrário do outro. Seus olhos mantinham-se morteiros e ele ofegava, assim como ela. Havia manchas avermelhadas nos pêlos, mas o emaranhado impedia a mulher de verificar, no desespero, se o pet sofrera algum corte ou como estava machucado.

- Waraha, espere! - Nop tentava ajudá-la, impedindo-a de esforçar-se.

- Pegue o outro. Precisamos... levá-los.

- A ambulância chegou. A polícia já está aí. Relaxa.

- Relaxar?

- O que houve aqui? - Um homem de estatura mediana, magro, usando um bigode tipicamente caricato dos detetives particulares de histórias de
suspense policial, aproximou-se carregando um bloco de notas na mão esquerda, bem como uma caneta na destra - Vocês estão bem? - A morena bufou baixo e discretamente.

- Eu estou bem, sargento... - A agente
semicerrou os olhos à fim de enxergar com clareza o nome do policial -...Steven. Nop, por favor, eu preciso ir.

- Qual é o seu nome? - O oficial indagava - Não posso deixá-la sair assim. Fomos notificados de uma colisão com fuga. Perdoe-me se eu estiver sendo indelicado, mas tem um corte na cabeça e não me parece nada bem.

- Me chamo Engfa Waraha, sou agente do Serviço Secreto em missão de trabalho. Eu não sei o que houve. Aconteceu tudo muito rápido. Desmaiei, mas estou em pleno exercício de minhas faculdades físicas e mentais. Esses animais dentro do veículo, que por sinal é presidencial, caso o senhor não tenha reparado na placa, provavelmente se machucaram e, me perdoe se eu estiver sendo indelicada, o sargento não é médico, menos ainda veterinário, portanto não pode nos ajudar. O meu colega vai cuidar de toda a burocracia e, caso precisem de mim, estarei bem ali à frente, na clínica veterinária. Por favor, não tente impedir o meu trabalho sem uma boa justificava.

- Waraha, pelo amor de Deus, não precisa disso. Está alterada, nervosa. - Nop sussurrava em seu ouvido, ao passo que a auxiliava a acomodar o cão mais confortavelmente em seu colo.

- Se eu não socorrer o Phalo, ele pode morrer. Eu conheço esse olhar tristonho, já vi isso acontecendo antes. Faça o que tiver que fazer por aqui. Avise o Cooper, peça alguém para vir. Pegue os documentos para mim. - Engfa franziu o cenho lembrando-se do seu celular, quando o rapaz acomodou uma pasta cinza em sua mão esquerda - Verifique se meu telefone está inteiro no meu bolso. - A moça indicou o lado direito com a cabeça. Seu colega assentiu após a verificação e ela, sem mais nada dizer, apenas lançando um último olhar para os homens, seguiu apressada pela avenida à sua frente.

A Filha Do PresidenteOnde histórias criam vida. Descubra agora