Este é o Meu Passado

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A surpresa que se tem ao ouvir uma mulher dizendo que não gosta de romantismo é deveras verossímil. Pode ser taxado como preconceito - sendo analisado de determinado ponto de vista - o fato da incredulidade ao deparar-se com um ser do sexo feminino que tenha essa afirmativa sem um motivo exato para tal. É praticamente impossível encontrar uma razão plausível para as negativas ao romance, apesar de dizerem por aí que existe.

Waraha sempre teve como premissa de seu comportamento, o toque suave e poético ao tratar das mulheres com quem se relacionava, e entendia as que não admiravam tais gestos. No entanto, rejeitar jantares românticos... Ah, isso ela não admitia.

Os jantares românticos não são simples refeições. Até o mais singelo deles deveria ser tratado como evento grandioso para o casal, já que é onde se tem a oportunidade de cumplicidade nos assuntos, onde se pode surpreender o outro com a quebra da rotina, onde muitas vezes os fundamentos do relacionamento são estabelecidos. Isso sem citar o pós jantar, que geralmente culmina em um amor gostoso feito sob a volúpia reprimida nas horas anteriores.

E conhecendo bem a amiga, seus gostos particulares e preferências de conduta, Tina organizou tudo buscando dosar o romantismo com a simplicidade - uma maneira de dar-lhe liberdade para que fugissem um pouco da formalidade ao qual estavam cercadas em tempo integral na Casa Branca.

Após o prazeroso banho que proporcionou o êxtase mútuo através do reconhecimento da atração sexual que sentiam, das zonas erógenas e do carinho que nutriam uma pela outra, Engfa e Charlotte cobriram seus corpos com dois camisões largos que a comandante encontrou no guarda-roupa da amiga.

Desde que experimentaram o sabor uma da outra, não conseguiam se afastar, transformando um simples ato de vestir - que não duraria mais que poucos segundos - em um longo acontecimento.

- Acho melhor te alimentar. Precisa de energia. - A morena sussurrava ao pé do ouvido da outra.

- Ah, é? E por que eu preciso de energia? - Austin a provocava deliberadamente subindo e descendo os dedos pelo abdômen definido de Waraha.

- Para repor o que gastou no banho e para o que ainda gastará, óbvio. - Ambas deram uma gargalhada safada, maliciosa - Vem... - Fa procedeu conforme as instruções deixadas por Thanawan. Esquentou os pratos, serviu-as de espumante, acendeu as velas que se apagaram.

O clima não poderia ser mais propício, e ficou ainda melhor quando ela ligou o aparelho de som, acoplando o seu celular. Tão logo a melodia pôde ser ouvida, a loira começou a cantarolar suavemente, balançando seu corpo conforme o ritmo que se dava.

"So you say you wanna get away
Então você diz que quer fugir
We don't need a plane
Nós não precisamos de um avião
I could be your escape
Eu poderia ser sua fuga
Take you to a place
Levá-lo para um lugar
Where there's no time, no space
Onde não há tempo, não há espaço
I could be your private island
Eu poderia ser sua ilha particular
On a different planet
Em um planeta diferente
Anything could happen
Tudo pode acontecer
Listen to the waves
Ouça as ondas
Let them wash away your pain
Deixe-as lavar sua dor
I could be your fantasy
Eu poderia ser a sua fantasia
I could be your fantasy
Eu poderia ser a sua fantasia..."

A comandante segurou firme na cintura da morena, trazendo seu corpo para mais perto.

- Você canta como um anjo. - Risonha, Austin sequer se assemelhava àquela mulher que circulava pelos cômodos da Casa Branca, tão sisuda e imperativa - Você está sendo a minha fuga literal, o meu porto seguro, o meu verdadeiro conto de fadas.

- É? Você seria a princesa Charlotte? - Ambas riram.

- E por que não?

- Você tem cara de rainha... Rainha soberana, não de princesa!

A Filha Do PresidenteOnde histórias criam vida. Descubra agora