Quando Tudo Parece Estranho...

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Algumas pessoas aprendem que é benéfico ocultar sua verdadeira motivação para atingir suas metas. Em vez de optarem seguir pelo caminho da sinceridade, inventam razões superficiais para suas solicitações ou para justificar suas ações. Estes indivíduos iludem os outros, agindo com segundas intenções. É fácil para um ser manipulador controlar-se e não falar de seus pensamentos em voz alta, mas não é tão fácil encobrir seus verdadeiros sentimentos em seus gestos e expressões faciais. Existem muitas contradições entre as palavras e o olhar.

O bom humor da primeira-dama era deveras atípico, ainda mais em se tratando de tão tenra hora da manhã. Waraha, por um segundo, acreditou que a esposa do Sr. Alexander havia retornado de viagem com o estado de espírito mais leve, no entanto, a morena era treinada em leitura de linguagem corporal, logo percebendo que a fala, a postura e o semblante de Dyanphen, se contradiziam entre si.

A matriarca da família, antes de terminar seu desjejum, recebeu uma ligação urgente, indo atender em outro cômodo. No primeiro instante em que se viu sozinha com a comandante, Charlotte deu graças aos céus, erguendo simbolicamente as mãos para o alto.

- Eu amo a minha mãe, mas às vezes as conversas com ela são tão enfadonhas que oro mentalmente para que algo nos interrompa. - A morena disse em tom baixo, temendo ser ouvida por alguém que não fosse Engfa.

- Não diga isso, Srta. Austin. Ela... é uma boa pessoa. - A voz da mais nova carregava traços salientes de seriedade, haja visto que ela percebeu que a primeira-dama não era uma pessoa em que se podia depositar confiança, portanto, todo o cuidado com as palavras era pouco.

Percebendo que havia algo incomodando a outra, a filha do presidente delicadamente limpou os cantos de sua boca, repousando o guardanapo sobre a mesa, e levantando assim que se viu satisfeita com a refeição.

- Eu preciso ir ao canil. Poderia acompanhar-me, comandante?

- Estou aqui exclusivamente para isso, senhorita.

Oferecendo um sorriso fraco para a morema, Charlotte iniciou a sua caminhada pela rota que se dava na área externa. Ela estranhava a maneira como Fa passou a tratá-la após o incidente com sua mãe, e obviamente queria saber e entender os motivos, se é que existia algum.

Ao irromperem os limites do imóvel que lhes impedia de ver o jardim, bem como a área da garagem, as mulheres depararam-se com uma cena deveras atípica: Dyanphen estava ao lado de fora de um automóvel conversando com alguém que não de podia identificar o rosto. A posição em que Engfa e Austin estavam não era favorável, deixando-as suscetíveis à curiosidade.

- Com quem será que a minha mãe está conversando? – A morena fez uma pergunta retórica, franzindo o cenho em estranheza.

- Não faço a mínima idéia. Não me foi informado absolutamente nada à respeito de visitas.

Waraha respondeu a verdade, mas, em se tratando de sua perspicácia ímpar, um detalhe - que estava passando despercebido até então -, saltou-lhe aos olhos. A placa do carro não era estranha, e em segundos, a agente federal lembrou-se de que a conhecia bem. Era um dos carros dos Henderson.

Preferindo manter o silêncio de ouro, uma vez que não tinha a certeza sobre o que se passava ali, Engfa fez um gesto com a destra, indicando à outra que prosseguissem o caminho. As mulheres percorreram alguns metros até a herdeira sentir-se segura para perguntar.

- O que está acontecendo, Waraha? Algum problema?

- Não. Nenhum problema, senhorita. - Austin lançou-lhe um olhar incrédulo.

- Voltamos ao "senhorita"?

- É o pronome de tratamento correto, não é?

- Ai, Engfa, não me irrite logo cedo.

A Filha Do PresidenteOnde histórias criam vida. Descubra agora