o pub

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"Eu acho que vou
sentir sua falta para sempre
Como as estrelas sentem a falta
do sol nos céus da manhã"

...

14h. Sexta-feira.

De uma hora para outra, os sentimentos vívidos e românticos de Catherine se dissiparam tão rapidamente quanto surgiram.

Depois da noite inesquecível que passaram juntos, Ian a convidara para dormir em sua casa, uma mansão de luxo localizada na zona norte da cidade. Desconfiada, ela recusou. Já segura em seu apartamento, mandou-lhe um áudio de agradecimento, mas não obteve resposta. Na verdade, ao longo dos dias, as mensagens nunca foram entregues ao seu destinatário.

Em menos de duas semanas, ela voltara à vida típica na universidade sem muitos problemas. Só que, bem no fundo, ainda guardava resquícios de raiva, vergonha e mágoa. Antes em busca de estabilidade e crescimento, a jovem se aquietara, optando por não comparecer às aulas do professor Metsker para vê-lo sem poder tocá-lo ou iniciar uma conversa.

Em uma sexta-feira quente e ensolarada, diferente do clima típico da Inglaterra, Janett enviara diversas mensagens para seu grupo de amigas. Com o sucesso do trabalho de bioquímica, as três continuaram a auxiliar umas às outras durante as demais disciplinas do período. Isso acabou por formar uma amizade um tanto improvável. Naquele dia, foi um pouco diferente:

Janett
Gente, eu vi que abriram um pub
novo perto da universidade. Parece
ser bem legal. Podíamos ir hoje à
noite depois da aula.

Catherine estava estudando na biblioteca. Leu a mensagem sem muita vontade de respondê-la, apesar de saber que deveria sair um pouco para se divertir e esquecer da existência de Ian.

Camile
Ah, eu topo demais! Ouvi que
o lugar é bem movimentado à noite.

Janett
Beleza! E aí, Cath, quer ir?

Antes de escrever, pensou se aquilo valia mesmo a pena. Se fosse até aquele novo pub, encontraria muitos jovens bêbados de sua idade, provavelmente estudantes animados com o início do semestre (e das festas). Esse público não fazia o seu tipo. Ela preferia homens mais velhos, com carreiras promissoras e perspectivas de futuro que a envolvessem nos mínimos detalhes. Da mesma forma que Ian...

Não que ele quisesse largar tudo para construir um futuro com ela. Pelo menos, nunca admitira nos mínimos detalhes, fosse pessoalmente ou ao longo de suas cartas. Bom, isso não importava mais, pois ele nem dava sinais de interesse desde seu último encontro.

Eu vou! Estou mesmo precisando
sair um pouco mais, né?

Janett
Haha, sim! Isso vai te fazer bem.

Ela sorriu. Antes que mudasse de ideia, voltou a se concentrar em uma pilha de livro, sem saber se fizera a melhor de suas escolhas.

***

22h30. Sexta-feira.

O pub não ficava longe da universidade, no máximo uns vinte minutos a pé. Quando se aproximaram, uma fila com cerca de trinta pessoas se formava em sua frente. A porta de madeira era vigiada por dois seguranças e, pouco a pouco, mais fregueses aguardavam atrás delas. Em pouco tempo, uma multidão cruzava a esquina só para conhecer o novo bar da região.

Os olhos de Catherine percorreram a fila, analisando os clientes de cima a baixo, mas não encontraram ninguém conhecido. No fundo, rezava para que mais alguém da universidade tivesse pensando em ir conhecer o pub. Talvez fosse mais fácil enfrentar aquela nova situação ao lado de um rosto familiar, certo?

call me the devil | dark romance (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora