o carro preto (+18)

648 36 60
                                    

"Pés, não me falhem agora"

...

02h45. Sábado.

– Seu traveco!

O grito que ecoou por todo o pub se fundiu aos cochichos de uma multidão aglomerada em volta de algumas mesas vazias. Com pressa, Catherine as afastava de seu caminho até chegar o mais próximo possível da confusão. Para sua surpresa, um homem familiar duas vezes maior que Camile e Janett bloqueava a porta de saída.

– A gente não está pedindo nada de mais, só queremos revistar as bolsas.

– Não, nós vamos embora!

– Perdeu o juízo, moleque? Eu...

– Ei!

Antes que o segurança partisse para cima de Janett, Catherine surgiu entre eles. Por um segundo, o homem pareceu hipnotizado. Na verdade, todos, de repente, pararam estáticos para encará-la.

– Cath, ele...

– Esse moleque – o segurança interrompeu a explicação, apontando o dedo para a garota de sardas – estava agindo de modo suspeito, então preciso revistar as bolsas. É meu trabalho.

– As bolsas já foram revistadas na entrada.

– Mas é o protocolo.

– Certo – a jovem se apressou para pensar em uma desculpa. – Qual é seu nome?

Antes fechado, seu semblante másculo mudou para um mais sereno.

– Pablo.

– Pablo, me diga, o que minha amiga fez de tão "suspeito"?

– Ele é seu amigo?!

Ela é. E ela também. – Tombou a cabeça para trás, referindo-se às duas garotas atrás dela.

Um burburinho percorreu as pessoas ao redor da confusão. O segurança tremeu.

– B-Bom... sendo assim, serei obrigado a revistar sua bolsa também.

A jovem pendeu a cabeça para o lado, demonstrando estar claramente confusa com aquela afirmação. No entanto, não foi respondida de imediato.

– Fizemos algo errado? Pelo que me lembro, nós só bebemos um pouco e fomos encurraladas por vocês em seguida.

– Moça, eu...

– Você revistou outras pessoas? Ou está fazendo isso por pura conveniência?

Todos os olhares caíram sobre Pablo e os outros funcionários que o acompanhavam. Não era um procedimento padrão, e disso ela sabia bem.

– Eles estavam atrás de você, Cath – Janett revelou, o tom de voz um pouco mais alto. – Quando nos viram perto da porta, partiram para cima de nós!

Foi a gota d'água. A desculpa da vistoria surgira porque suas amigas estavam esperando-a para ir embora, um pretexto para expulsás-la e deixar Catherine sozinha. Se não tivesse aparecido na hora, ninguém estaria por perto para defendê-la das investidas dos seguranças.

– Eu preciso revistar as bolsas! – Pablo aumentava o tom de voz à medida que seus companheiros cercavam as garotas. O clima foi se fechando e ficando mais pesado.

Ainda na frente das duas amigas, ela pousou os olhos em uma mesa ao lado. Uma taça de martini descansava próxima à borda, bem ao alcance de sua mão.

– Corram até a saída – sussurrou.

– O quê? E você...?

Antes que pensasse em um plano melhor, Catherine agarrou a bebida e a despejou sobre Pablo, uma quantidade suficientemente grande para molhar seu rosto. Em poucos segundos, a pele do segurança entrou em chamas. Todos observaram boquiabertos quando a jovem tirou um pequeno isqueiro do bolso do short e o acendeu contra o martini derramado.

call me the devil | dark romance (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora