call me the devil | dark romance (+18)

a queda

"Você é foda
Você é brilhante
Você parece um homem
de um milhão de dólares
Então por que meu coração
está quebrado?"

...

08h. Segunda-feira

Particularmente aquele não era o dia favorito da semana de Benjamin, já que o professor Hudges ministrava a pior matéria de todas: a maldita fisiologia.

Poucos sabiam que Carl Hudges agia de forma tremendamente antiética com ele devido à senhora Owens. Há alguns anos, antes de entrar na universidade, Georgia foi eleita coordenadora do departamento de medicina, enquanto Carl ficou em segundo lugar na votação. Algum tempo mais tarde, o mesmo ocorrera em relação à coordenação do instituto de ciências da saúde. Ambas as candidaturas, segundo fontes de seus próprios pensamentos, só seguiram adiante devido à vice-coordenação de Ian Metsker, um dos homens mais influentes da Inglaterra. Ao saber que o filho da mulher que arruinara sua carreira realizaria uma disciplina sob sua administração, não poupou esforços para reprová-lo de todas as formas possíveis, sem nunca deixar provas capazes de incriminá-lo. Aos plenos 26 anos, estudar na mesma sala com alunos mais novos o deixava um pouco... envergonhado.

Mas não desta vez. Um milagre chamado "Catherine", depois de auxiliá-lo a enfrentar um trabalho injusto, o estimulava a ir à universidade no horário, tanto que Carl não se acostumava a vê-lo dez minutos adiantado. No geral, foi uma manhã tranquila, apesar de certa sensação de incômodo. Olhou para os lados e não conseguiu avistá-la. Ao término da aula, Ben se perguntou onde ela poderia estar.

Oi, Cath. Cadê você?

A mensagem não foi recebida. Algo incomum, já que ela sempre mantinha o celular conectado à internet em casos de emergência. Por precaução, tentou realizar uma ligação, sem sucesso.

No fim da manhã, próximo ao horário do almoço, Benjamin não conteve a própria ansiedade e dirigiu até o apartamento dela para ver se estava tudo bem. Poderia ser só um mal-entendido, certo? Interfonou no apartamento, mas não obteve resposta. A sorte foi que outro morador saiu neste exato momento, assim aproveitando a oportunidade para subir sem precisar de autorização.

Quando apertou a campainha do apartamento 305, o som ecoou pelas paredes. Teve a sensação de que todo o andar estava abandonado, em silêncio absoluto. Só depois de um tempo percebeu a porta destrancada.

– Cath...?

Dentro do imóvel, nada parecia fora no lugar. A cozinha não era utilizada há algum tempo, a sala de estar estava limpa e cheirando a incenso. Até o relógio de madeira que Ben a presenteara em seu aniversário se encontrava lá, intacto na mesinha de centro, marcando 12h45. Ela bem que podia ter dormido fora e se atrasado para pegar o ônibus ou vir andando até o anfiteatro, mas não ter recebido nenhuma notícia até então o deixava mais do que inquieto.

Quando voltou para a calçada, Benjamin sentiu uma dor incomum em sua cicatriz. Ardia como se estivesse queimando. Teve a estranha sensação de que algo ruim estava acontecendo, e que Catherine tinha se envolvido nisso de alguma forma.

De volta à universidade depois do almoço, o jovem se encontrou com amigos que cursavam o mesmo período. Permaneceram juntos em todas as aulas, mas nem a presença deles conseguia retirar o estranho desaparecimento de Catherine de seus pensamentos. Se ele ao menos soubesse os nomes de suas amigas, poderia entrar em contato e parar de se preocupar com uma situação que nem sabia se era real.

– Você não acha que pode sufocar a garota?

A pergunta de Lucas o desconcertou. Na noite anterior, prestes a terminarem o trabalho de fisiologia com maestria, Catherine já apresentava sinais estranhos: permaneceu calada, de certo modo distante, não querendo contato mesmo depois de tudo o que tinham vivenciado em sua casa há poucos dias. Certamente não havia problema nisso, a não ser o fato de que tudo ocorrera de forma muito repentina, talvez até estranha. Após ter retornado para casa com sua mãe, ele a encontrara completamente transformada.