os bêbados (+18)

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"Porra, moleque
Você me fodeu tão bem que eu
quase disse: eu te amo"

...

00h25. Sábado.

O décimo drink, um destilado de coco batido com chocolate branco, foi apresentado em uma pequena banheira de boneca. Depois de tomá-lo em um único gole, Catherine pediu duas cervejas. Não tinha planejado parar de beber tão cedo no fim de semana. Com a ajuda de um quase bêbado Benjamin, os dois buscavam pelo mesmo objetivo: a "porra de anjo" – o nome do drink especial, no caso.

Após dividirem a segunda "porra de anjo" da noite, a visão de Benjamin embaçou, as luzes do bar se transformando um borrão colorido em sua frente. A única silhueta que via perfeitamente era a de sua parceira, ainda na metade de sua cerveja.

De repente, uma forte enxaqueca passou a incomodá-lo. Não se recordava de quantas garrafas já tomara, mas fora uma quantidade suficiente para deixá-lo com sono. Logo, seu corpo pendeu para o lado e caiu sobre o ombro de Cath.

– Você está bem?

Assustado, ele se ajeitou na cadeira. Colocou as mãos no rosto na tentativa de se manter acordado, sem sucesso. A cada minuto, o corpo fadigava e parecia procurar pelo apoio da garota igualmente exausta.

– Eu bebi demais...

– Ah... acho que eu também.

Ao invés de afastá-lo, ela apoiou a cabeça sobre a dele, sem deixar de lado a última garrafa de cerveja antes de ganhar mais um drink de aniversário. Esperava não ficar com vontade de pedir outro. Se seus cálculos estivessem corretos, havia tomado, no mínimo, catorze cervejas, sem contar os dois destilados da promoção. Não era à toa que eles mal tinham forças para permanecer de pé.

– É a última, né? – Ele perguntou assim que ganharam outra "porra de anjo". Piscou algumas vezes para manter o sono distante. – Você está horrível.

– Olha quem fala! – Tomando o primeiro gole, ela deixou escapar uma careta. — Ah, eu precisava mesmo disso.

– Como assim?

– Eu... meio que estou em uma crise.

– Crise? – Assim que bebeu, também esboçou uma careta. O gosto doce não se igualava ao dos drinks anteriores.

– Sabe, eu vim para cá porque minha família é bem pobre... não, calma! – Ela se embolou entre uma palavra e outra. – Na verdade, um parente distante morreu e acabei recebendo um pouco de dinheiro para me ajudar na universidade. Por isso, consegui me mudar para cá sem problemas.

– Entendi. Você está estudando por que quer dar uma vida melhor para sua família?

Catherine demorou para responder. Nisso, Ben a encarou pelo canto. Sua expressão mudara de repente para algo mais deprimido.

– Mais ou menos. Eu também tinha sido aprovada em uma universidade da Noruega há alguns anos, mas preferi me estabelecer em outro lugar. É que... minha família não é muito acolhedora. Eu não pretendia estudar medicina, em um primeiro momento, nem em uma cidade tão distante. Só que... acho que fiz tudo isso porque precisava de um tempo sozinha, longe deles. E também queria que me vissem como uma pessoa com futuro promissor, não... uma garota pobre filha de fazendeiros falidos.

call me the devil | dark romance (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora