o convite

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"Há uma luz em seus olhos,
(...) Água azul do mar"

...

12h10. Quinta-feira.

Nunca mais me encontrei com Ian depois daquela noite. Percebi tarde demais que meus sentimentos significaram, no fundo, praticamente nada para ele, que pensava em mim apenas como uma garota fácil e suscetível ao sexo sem compromisso. Mesmo que eu ainda o deseje, Ian jamais pensou em mim além de uma idiota manipulável. Talvez seja verdade, no fim das contas. Por isso, tenho a obrigação de odiá-lo, de me manter o mais distante possível de suas investidas e súplicas por atenção.

Mas... quando seu olhar cai sobre mim, meu corpo queima. É como se minha pele formigasse em desespero, ansiando para ser explorada cada vez mais por seus toques intensos. Meu professor deseja por mim todos os dias, seja em suas mensagens ou durante as trocas de olhares distantes – uma infelicidade, já que não posso mais faltar às aulas dele, caso contrário, posso ser reprovada.

É uma estratégia de sobrevivência. Tenho total consciência de que, se me pegar, independente do lugar ou momento, ele irá me devorar sem piedade. Fará comigo algo que eu quero desesperadamente que ele faça. Desejo isso há tanto tempo, mas preciso me controlar, não posso transparecer minha vontade. Afinal... Ian é um homem tão belo, mas igualmente deplorável.

– O que está escrevendo?

Catherine fechou o caderno com força assim que ouviu a voz de Ben. Ele riu, interessado.

– Não quer me contar o que é?

– Não.

– Nem um pouco?

– N-ã-o.

Ambos haviam marcado um almoço em um restaurante vegetariano próximo à universidade para terminar o temido trabalho de fisiologia. Apesar da má primeira impressão causada pelo ego impenetrável do professor Hudges, Benjamin se mostrou muito inteligente com o passar dos dias. Não era à toa que seu currículo contava com diversas ligas acadêmicas e apresentações de trabalhos financiados com nota máxima em dúzias de congressos nacionais. Para sua surpresa, ele também cursava medicina, só que quatro semestres à frente, então todas as suas dúvidas poderiam ser sanadas apenas com uma simples mensagem de áudio.

– O que você pediu?

– Um suflê de cenoura com carne de soja. Ah, e um suco de uva.

– Acho que vou pedir um igual.

Desde que se conheceram, Benjamin se provava um garoto incrível, digno do papel principal em uma clássica comédia romântica. Além do carisma, inteligência e leveza presente nas mínimas ações, a beleza natural, porém única, era invejável. Mais de perto, Catherine reparava nos longos cílios escuros que cobriam seus olhos cor de mar, no cabelo encaracolado que quase caía sobre os ombros, fazendo-o parecer um anjo, e, por fim, no porte físico digno de um atleta.

Será que isso não era tudo o que uma garota desejava?

– Faltam só os últimos três exercícios, né?

– Isso mesmo – o garoto tirou o notebook da mochila. –, mas acho que é coisa simples. Só as contas são um pouco extensas.

– Eu nunca pensei que fosse ter que fazer contas em um curso da saúde. E são tão grandes!

– Bom, eu não queria te desanimar logo de cara, mas em "Gerenciamento de Serviços de Saúde II"...

– Não, não diga!

call me the devil | dark romance (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora