"Você ainda se sente como
se estivesse no passado? (...)
Eu me lembro de tudo"...
19h. Sexta-feira.
Uma das paixões de Ian se encontrava na arte da culinária. Sempre se destacava entre os membros da alta sociedade por seus pratos extraordinários, muitas vezes exóticos e de sabor único. Não faria diferente naquela noite, quando uma convidada de honra marcasse presença em seu jantar particular.
Mas, parando para pensar mais atentamente, aquela seria uma refeição bastante distinta de todas as outras que organizara ao longo dos anos.
Desde o cardápio de bebidas até o prato principal, ninguém antes fora capaz de mudar suas decisões culinárias, muito menos lançar um desafio que não pudesse cumprir."Eu não como carne, senhor Metsker. Mas shimeji é muito bom!"
Como se estivesse em um verdadeiro embate culinário, sua tarefa era montar um jantar japonês vegetariano que fosse agradá-la nos mínimos detalhes. Após alguns estudos na biblioteca de sua casa e tentativas ao longo das horas, agradou-se com porções de sunomono e crispy de couve para as entradas. Os hossomakis, ao invés de peixe fresco, foram recriados com legumes assados, caldo de pimenta e shimeji preto. Uma bandeja de cristal posta ao centro da mesa exibia várias unidades de niguiris e uramakis de tomates secos com rúcula, junto a algumas porções de creme de shimeji batido com alho-poró e alecrim para decorar. Ian também expôs duas opções de pratos principais: um tartar de tomate cereja com champignon, e um yakisoba vegetariano, sem contar as sobremesas, joys com geleia de maracujá e harumakis de morango com creme de avelã, a finalização perfeita.
Uma obra prima da cozinha. Feita especialmente para um mulher unicamente excêntrica.
Meia hora depois, a campainha tocou. A jovem adentrou na mansão com certo receio, pensando se não estava se apressando demais naquela relação – apesar, claro, de tudo o que já tinham feito juntos... Catherine se desvencilhou desses pensamentos, insegura com suas decisões, mas animada com o cheiro delicioso que exalava da sala de jantar. Pelo menos, poderia provar um dos famosos jantares sediados pelo professor Metsker.
Os olhos de Ian brilharam quando a viu trajando um vestido vermelho inteiramente costurado com pedras. Mesmo com saltos, ela teve que se esticar um pouco para beijá-lo.
– O senhor sabe mesmo cozinhar.
– Você duvidou de mim?
– Se cheguei até aqui, quer dizer que tenho total confiança em você.
O jantar estava divino, do jeito que havia imaginado. Catherine sentia todos os sabores intensos da comida japonesa, deliciosos mesmo sem uma única porção de carne. Conforme terminava o prato, Ian a servia novas porções e enchia sua taça com mais um pouco de vinho branco. Ao terminar a sobremesa, ela arfou profundamente antes de um sorriso tomar conta de seus lábios.
– Nunca comi tão bem assim. Realmente, o senhor é um excelente chef.
Ambos brindaram. Assim que terminou sua bebida, a jovem percebeu uma expressão nova dominar o rosto de Ian.
Ele perguntou:
– Você sempre gostou de homens mais velhos?
Um tanto impactada, pensou um pouco. Na realidade, não tinha ficado com tantos homens ao longo da vida (e não somente, se tivesse que ser cem por cento franca). Por conta daquela situação inesperada, em que a pergunta de Ian a obrigava a se recordar de todos com quem já havia se relacionado antes, um aperto silencioso surgiu em seu peito.
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call me the devil | dark romance (+18)
Romance+18 | AVISO: gatilhos de feminicídio, assassinato, violência, cenas explícitas de sexo, abuso físico, psicológico e sexual, incluindo estupro. Esta era para ser apenas mais uma história de amor clichê entre duas pessoas completamente diferentes que...