Capítulo cinco

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   Ainda eram nove e meia da manhã e Marinette estava pensativa, um tanto quanto curiosa até. E Alya havia notado isso.

   Na verdade, qualquer um que olhasse para a mestiça durante a aula notaria o estranho comportamento dela. Especialmente que seu olhar não estava preso em Adrien Agreste, a paixão da azulada desde seu nono ano escolar.

   Ah, e claro. Notaria seu tornozelo enfaixado com gaze e meio inchado, mas isso não era tão importante quanto a falta de interesse da garota em Adrien Agreste, não é?

   Era quase uma rotina Marinette encarar os cabelos loiros e macios de Adrien durante toda a aula enquanto soltava leves suspiros encobertos de uma tosse falsa. Até a senhoria Bustier estava acostumada com esse costume.

   Mas dessa vez a Dupain-Cheng não observava o loiro, seus olhos azuis brilhantes fulminantes quase queimavam os cachos definidos da loira sentada na primeira carteira ao lado direito da sala. Não parecendo se importar nem com o olhar e nem com a repentina falta de Sabrina ao seu lado.

   Marinette nunca admitiria que ela passou boa parte da noite em claro tentando entender o que havia acontecido naquele corredor no Le Grand Paris. A situação em que Sabrina encontrou ambas as garotas era estranha, e sua reação em frente a isso era mais ainda.

   O primeiro caso notório foi a aproximação estranhamente rápida que Sabrina e Chloe tiveram durante o último ano escolar. Se tornou mais comum que o normal ver Chloe entregando diversos presentes caríssimos para a ruiva em dias aleatórios, a Bourgeois começou a dar chiliques quando as professoras não deixavam ambas sentarem próximas – Coisa que ela nunca se importou antes – e quase todo dia ela e Sabrina iam juntas, na mesma limousine, até o hotel do prefeito.

   O segundo caso foi a própria akumatização de Sabrina. Marinette podia estar totalmente errada em suas suposições, mas era um fato de que uma discussão foi iniciada naquele banheiro para a ruiva se akumatizar, Chloe havia citado um pouco dele quando ela e Marinette acabaram presas no porão da escola.

   "Ela tinha medo, vergonha."

   Vergonha de quê? Era a resposta dessa pergunta que Marinette procurava. Afinal, uma akumatizada não se chama Heartbreaker à toa.

   Heartbreaker destruía qualquer ato de amor, sendo esse romântico, parental ou apenas de uma amizade próxima. Mas ainda assim, amor. E Marinette não podia negar que Chloe nunca amou ninguém além de sí mesma, se Sabrina a amasse, a garota estava de fato à beira do hospital psiquiátrico ou da terapia pelo resto da vida – Talvez os dois –.

   Talvez, só talvez houvesse algo entre Chloe e Sabrina. Algo que Sabrina teria vergonha.

   "Mas afinal, quem não teria? Ficar com a Chloe é tipo masoquismo." Pensou Marinette antes de repreender-se mentalmente por tal pensamento.

   Um par de olhos azuis turquesa olharam de relance para o lado, tendo seu foco no olhar de Marinette. A azulada corou e voltou a prestar atenção em seu livro digital, fingindo entender tudo o que a professora explicava sobre a história da arte.

   Talvez Marinette estivesse completamente doida, pirada, maluquinha, com o destino fadado ao manicômio. Ou talvez não, quem sabe.

   — Você está estranha hoje, menina. — Sussurrou Alya — Volte a encarar o Adrien desesperadamente se não vão achar que você está doente.

   Marinette sorriu e como resposta deu à amiga um revirar de olhos, e então ela ouviu com mais atenção a explicação de Srta. Bustier.

...

ꜱʜᴀᴍᴇʟᴇꜱꜱ | ChloenetteOnde histórias criam vida. Descubra agora