ꜱʜᴀᴍᴇʟᴇꜱꜱ | Chloenette

Capítulo doze

    Marinette observava uma garota loira que parecia interessada demais em uma conversa alheia para notar seus olhos azul-piscina a encarando com curiosidade.

   Pode-se dizer que a garota estava surpresa, ou talvez em choque. Não pelo fato de sentar-se do lado da loira, mas sim porque ela estava dividindo o seu sorvete com a mesma. E, surpresa! Chloe ainda não havia dado mais de um chilique, talvez ela estivesse de bom-humor.

    Marinette não pôde deixar de sorrir com a visão da loira se entrosando com Adrien – Que a chamou para todas as conversas que ele e Nino tiveram desde então – e conversando vagamente sobre guitarras.

   — Nunca imaginei que Chloe Bourgeois gostasse de algo que emitisse som. — Disse a franco-chinesa, despreocupada com a idéia de ter atrapalhado a conversa.

   — Porque? Já me imaginou gostando de outras coisas? — Perguntou a loira com um olhar malicioso que estava escondido por uma pitada de arrogância.

   O rosto da azulada ficou vermelho, e ela soube disso pelo leve sorriso de canto que entregou o divertimento da Bourgeois com a situação.

   — Não, eu só...

   — Quando seu quarto é um andar abaixo do "apartamento" de Jagged Stone, você se acostuma com o barulho da guitarra. — Chloe disse como se fosse algo óbvio.

   — Você toca guitarra? — Perguntou Nino, voltando ao assunto do instrumento.

   A loira apenas ficou quieta e deu um leve aceno com a cabeça, como se estivesse implorando para ninguém percebê-lo. Mas Marinette notou isso.

    Involuntariamente, a azulada teve a imagem de como Chloe poderia estar naquele momento tocando um solo de guitarra para ela. Não, para o grupo.

   É, seria legal de ver essa cena. Só legal, nada mais.

   — E você, Mari? Qual o seu estilo de música favorito? — Perguntou Nino. — Gosto de músicas eletrônicas, Adrien é fã das clássicas e Chloe disse preferir rock. E você?

    Marinette ficou em silêncio, ela definitivamente não sabia a resposta para aquela pergunta. Ou era o que ela achava.

   — Eu já ouvi uma música que a Marinette gosta, acho que o estilo dela também é clássico. Por isso combinamos tanto como amigos. — Adrien comentou e Nino acenou em concordância com o loiro.

   Por um breve momento, Marinette não teve total controle sobre sua boca. Ela apenas viu os olhos azuis profundos de Chloe a encarando e soube exatamente o estilo que ela amaria escutar.

   — Na verdade, acho que rock é uma boa opção. Mas o indie ou o suave, não gosto de metal.

    "Mas não me importaria se eu tivesse de ouvir Chloe tocar Heavy Metal." Pensou a Dupain-Cheng, pensamento esse que logo foi descartado.

   — Arctic Monkeys? — Perguntou Chloe, levemente interessada no assunto.

   Marinette acenou com a cabeça — "R U Mine?" é a minha favorita, o solo de guitarra é incrível.

   — Sabe tocar, loira? — Nino questionou Chloe, que pareceu surpresa.

   — Sim, um pouco.

   A azulada não deixou de perceber a cara de descontentamento de Adrien do lado de seu melhor-amigo e muito menos a falta de interesse dele na conversa.

   — Gosto de "Master of Puppets". — Disse Chloe antes de dar uma mordida na cereja que restava do sorvete que ela e Marinette haviam dividido.

    Nino e Chloe conversavam animadamente, enquanto isso, Marinette não parava de pensar em sua estranha combinação de sorvete.

   Ao mesmo tempo que havia elementos dos outros sorvetes entregues por André a ela, havia novos. Limão siciliano era um deles.

   "Todo cítrico precisa de um bom adocicado para transformá-lo em um equilíbrio perfeito, jovem Marinette."

   Essa frase foi dita por André em uma de suas várias idas ao sorveteiro, e Marinete nunca se esqueceu disso.

    "Limão siciliano e cereja, blueberry e caramelo salgado." Pensou a Dupain-Cheng. "Ele cumpre com o seu próprio ditado pelo menos."

   A garota soltou uma leve risada após seu pensamento, mas mesmo assim a frustração de ter dividido o "sorvete do amor" com a garota mais irritante de toda Paris não foi retirada de seus pensamentos.

   O plano era perfeito, quatro casais estavam presentes. Sendo eles Juleika e Rose; Nino e Alya; Mylenne e Ivan; Marc e Nathaniel e Sabrina, que não tinha acompanhante. Tudo perfeito para ela e Adrien serem forçados a dividir seus próprios sorvetes, coisa que não ocorreu.

    Em todas as suas idas ao André, Marinette nunca testemunhou um casal de amigos ou não ser cruelmente impedidos de dividirem seus respectivos sorvetes apenas porque o sorveteiro não os achou com química o suficiente.

    E esse pensamento fez Marinette se irritar e olhar em direção à Adrien, que terminava o sorvete sabor chiclete. Era para ela estar dividindo aquele sabor com o mesmo.

   Com uma pitada de raiva, a garota levantou-se do banco que estava sentada ao lado de Chloe e murmurou um "Já volto." desajeitado.

   Antes que mais alguém chegasse para ocupar André com a produção de mais um sorvete, Marinette caminhou diretamente ao carrinho do homem – Mesmo com todas as contestações de Tikki, que estava em sua bolsa se contorcendo e implorando para sua portadora voltar –.

    — Por que tive que dividir meu sorvete com alguém que eu não amo?

   O sorveteiro prendeu sua atenção na garota, a olhando confuso.

   — Estou apaixonada, e eu tenho certeza de que não é porque eu dividi meu sorvete. — Explicou Marinette, exigindo uma resposta.

   — Está mesmo apaixonada por ele ou só o acha um garoto bom o suficiente para você? — Perguntou o sorveteiro, sem esperar uma resposta. — O ama pelo o que ele é ou pelo o que você acha ser ele?

   Marinette tinha uma expressão chocada no rosto, estava boquiaberta e não sabia muito bem o que falar.

   — Quando se ama apenas por impressões, cara jovem, o amor também vira apenas uma impressão. — Comentou o homem enquanto pegava um pequeno copo para sorvetes. — Amar é difícil e complexo, improvável e impensável.

   Agora André pegava uma colher e abria um de seus potes embutidos de sorvete.

  — Isso significa que eu ainda não o encontrei? — Perguntou Marinette. — O meu cônjuge, no caso.

   — Isso significa que as vezes, o seu laço está interligado com alguém que sempre esteve lá mas que nunca te fez perceber. Não até agora. — Comentou o sorveteiro largando sua colher e procurando um acompanhamento, logo mais, sorrindo. — Uma relação nunca é composta por duas pessoas dóceis, Marinette.

   E então, André a entregou um potinho com sorvete de morango e chantilly.

   — Alguém de lá vai adorar dividir esse aqui com você. — Comentou com um sorriso doce.

   Marinette olhou para um par de cabelos dourados amarrados em um rabo de cavalo, enquanto cachos caiam sobre seu rosto que demonstrava paz. Ela sorriu.

   Sentimentos eram mesmo complicados.

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O que acharam?

Não se preocupem, no capítulo que vem a saga do André acaba KAKSKAKSKS

Capítulo não revisado!