ꜱʜᴀᴍᴇʟᴇꜱꜱ | Chloenette

Capítulo quatorze

   Marinette esteve pensativa durante toda a tarde daquela sexta-feira, tanto que seus pais até cogitaram a ideia de que havia sido um desastre a sua ida ao André. Não que não tenha de fato sido, mas a azulada involuntariamente negava sua própria consciência falando que ter tido Chloe como sua companhia foi horrível.

   Na verdade, no fundo de seus pensamentos, Marinette sentiu que se divertiu mais com Chloe fazendo comentários sobre as pessoas andando sobre a ponte do Rio Sena o que com Adrien apenas a olhando e falando sobre como ele sabia várias músicas do Arctic Monkeys e que poderia tocar algumas delas da próxima vez que eles se encontrassem perto de um teclado.

   A Dupain-Cheng estava de fato arrependida de ter dito que seu estilo favorito era rock indie e suave, não era, ela preferia um clássico violino tocando algo relacionado a apresentações de ballet. Ela não sabia o porquê teve a súbita vontade de falar que rock era o seu estilo, ela nunca faria isso se estivesse apenas com Nino e Adrien.

  Foi impulsivo, mas ela não havia nem pensado nisso quando Chloe começou a comentar sobre o solo de guitarra de "R U Mine?". Marinette nunca conseguiria falar que isso não a lembrou de Luka.

   A azulada amava o ex-namorado, mas não do jeito que ele a amava. E, sinceramente, Luka merecia muito mais que uma garota confusa sobre seus próprios sentimentos e que claramente estava em uma dádiva entre seu namorado e seu amigo. Por mais que ele nunca tenha de fato se incomodado quando viu Marinette caindo por Adrien com menos de uma semana de término.

   — Então, vai me contar o por que você está desanimada? — Perguntou uma voz doce como a de uma criança.

   — Não estou desanimada. — Tikki a olhou ironicamente. — Certo, a tarde só não foi como o planejado.

   — Você dividir o "sorvete do amor" com Chloe foi uma reviravolta e tanto, confesso que até eu fiquei surpresa.

   Marinette ficou em silêncio por um momento, pensativa sobre o acontecimento.

   — Eu não entendo, Tikki. Eu e Chat Noir somos almas gêmeas, não é tecnicamente impossível eu dividir meu sorvete com alguém que não seja ele?

   — Com o Adrien você não tinha essa questão, não é? — A Kwami brincou, fazendo Marinette avermelhar-se. — Bom, almas gêmeas não são exclusivamente amorosas. E de qualquer forma, boa parte das Ladybug's que eu servi nunca de fato tiveram uma forte comunicação com os Chat Noir's do passado mesmo depois de tudo acabar e ambos descobrirem suas identidades secretas.

   A mestiça começou a encarar sua escrivaninha, que aleatoriamente tornou-se o objeto mais interessante de seu quarto. Ela pôde observar as gavetas que guardavam suas variadas fotos de Adrien Agreste.

   — Na verdade, acho que só umas duas ou três portadoras do Miraculous da joaninha realmente desenvolveram um romance com os portadores do Miraculous do gato preto. Claro, tem toda a história do Ying e Yang por trás. Mas isso se aplica aos Kwamis, não necessariamente aos portadores. — Tikki concluiu seu pensamento enquanto voava de um lado para o outro por toda a extensão do quarto de Marinette.

   — Então possivelmente eu e Chat temos a grande chance de não sermos de fato a alma gêmea amorosa um do outro?

   — Basicamente isso. — Confirmou o ser vermelho com pontinhos pretos. — Mas é muito relativa a resposta. O que importa é que Miraculous nenhum vai impedir seus relacionamentos posteriores, sejam eles carnais ou não.

   O cômodo ficou em silêncio por bons minutos, com Marinette encarando a gaveta de fotos e depois voltando sua atenção ao teto branco do quarto.

   — Sabe, as vezes eu esqueço que você é tão velha quanto a própria divisão da Europa. — Marinette comentou com um toque de diversão na voz enquanto se levantava de sua confortável cama.