Ladybug encarava as pessoas andando normalmente pelas ruas e vielas de Paris como se nada de mau fosse acontecer, como se bandidos não estivessem a cada esquina, como se estupradores não estivessem na sombra, como se Monark não estivesse livre.Talvez fosse isso, essa calmaria, esse doce som do azar e da sorte no mesmo patamar andando juntos que fazia com que os ataques de Monark fossem mais brutais. Talvez a ideia de que se machucar muito não seria algo perigoso já que a Ladybug resolveria tudo no final é algo mortal.
Mas ela não podia fazer nada, Marinette não poderia pegar um cidadão pelos ombros e sacudi-lo até ele entender que Paris não era segura, ao menos não com Monark solto.
Com um suspiro cansado, a mulher ouviu o primeiro bip de seus brincos soarem, sumindo com a brisa leve de verão que a rodeava. O mau havia passado, por hora.
Chat já havia sumido por entre as cinco construções elevadas, ele estava estranho, distante, talvez até pensativo demais. Uma luta inteira de quinze minutos sem um único trocadilho de gato era algo a chamar a atenção de Ladybug.
O garoto de cabelos dourados apenas se virou para ela receoso, perguntando se a mesma poderia ficar para os últimos minutos de checagem geral a população já que ele teria um grande compromisso. Era tarde de sexta-feira, mais precisamente cinco e meia, o sol estava morrendo e levava consigo toda a beleza diurna parisiense. E o principal, Chat sempre a falou como sexta era um dia encantador pois ele nunca marcava nada, já que era seu dia de folga e ele poderia fazer uma patrulha até tarde da noite, observando o entardecer e protegendo seu povo. Ao menos era isso o que ele dizia.
Mas daquela vez o loiro nada falou, apenas estava absorto demais, avoado, talvez nem prestando atenção em qualquer coisa que a heroína falava ou fazia. Ele simplesmente não se importaria nem se Ladybug estivesse flertando com ele descaradamente, e perceber isso foi meio estranho.
Claro que quando o parceiro disse que não nutria mais sentimento algum por ela, Ladybug estranhou um pouco mesmo sabendo que era verdade. Mas ela nunca pensou que veria seu melhor amigo se apaixonar por outra pessoa, ao menos não antes de Monark cair e eles finalmente se conhecerem sem a máscara. Foi algo novo, mas perceber aos poucos nas patrulhas noturnas os sorrisos bobos e os pensamentos avoados sobre alguém que ela nunca havia ouvido falar foi algo reconfortante, perceber que Chat finalmente havia superado estava aberto a novas propostas era algo incrível.
Mas se havia algo que estava fazendo a menina ter várias questões, com certeza foram as últimas palavras do amigo antes dele sumir por entre os arranha-céus da cidade.
"Você já se sentiu confusa sobre amor?"
Ela não soube responder a pergunta, então a resposta que ele recebeu foi um silêncio questionador pairando sobre o ar, como um ar de dúvida, escutando as engrenagens do cérebro da heroína funcionarem para interpretar a dúvida ou reformular uma resposta. Mas antes que ela pudesse desvendar o que exatamente Chat queria com aquela pergunta, ele avisou sua partida e sumiu.
A verdade é que Marinette nunca passaria tanto tempo pensando numa simples questão de sim ou não que Chat Noir a fez em um entardecer comum em Paris. Ela só estava pensando e repensando sobre isso pois não gostaria de voltar sua mente ao acontecimento de mais cedo. Claro, ter sua melhor amiga abrindo a porta da cabine do banheiro que você e sua... Ficante? Namorada? Parceira sexual? Estavam se pegando, ou melhor, quase transando.
Péssima hora, Alya.
A garota havia ficado em choque, talvez só não tenha desmaiado pelo grito incomum saindo da boca de Marinette ao ver a garota aparecendo como um vulto no banheiro. Seria uma cena cômica se não tivesse acontecido com ela, ela no singular já que Chloe parecia achar mais graça no ocorrido do que vergonha.
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ꜱʜᴀᴍᴇʟᴇꜱꜱ | Chloenette
Fanfictionꜱʜᴀᴍᴇʟᴇꜱꜱ. Mostre-me o fim de sua vergonha, mostre-me o fim de seu medo, mostre-me o fim de sua mentira. Mostre-me o quanto você me quer. Escreva em meu pescoço com suas unhas recém-feitas, porque não o faria? ...