Capítulo 26 -Uma amiga, uma irmã.

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Jane

Ric continua em silêncio. Levanto minha cabeça e observo seu belo rosto pensativo.

-Lembranças boas? -Pergunto o tirando de seus devaneios.

-Lembranças incríveis -ele diz e seus olhos brilham.- Eu estava pensando no meu pai e na minha mãe, no amor dos dois. -Ele fez uma careta.- Você acredita que a morte é o fim de tudo?

-Não acredito, não. -Falei- Eu acho que nunca disse isso á ninguém, mas... -Me mexi um pouco desconfortável- Não acho que a morte separaria duas pessoas que se amam... Poderia ser um obstáculo, sei lá. -Me perdi nas minhas próprias palavras.- Nunca acreditei muito nessas coisas mas eu sei que meus pais estão juntos em algum lugar. -Sorri- O amor que eles tinham um pelo outro era grande demais para morrer com seus corpos humanos.

-Tá falando de algo como alma? -Ric perguntou.

-Sim. Pessoas que encontraram e amaram suas metades são destinadas a continuarem juntas sempre. -Minhas bochechas arderam.- É nisso que eu acredito agora.

Ele me encarou com uma expressão surpresa e... Orgulhosa?

-Não conhecia esse seu lado, pequena.

-Esse meu lado te incomoda?

-De jeito nenhum! -Ele riu- Só me faz amar você ainda mais.

Mordi meu lábio no impeto de impedir um sorriso.

-Você vai me transformar em uma manteiga derretida, Loren. -Eu briguei- Pode parar por aí.

-Esse é o meu maior desejo, Marie. Fazer com que você vire uma garota meiga e derretida.

Com esse sorriso, pensei, você conseguiria fácil fácil.

-Se acha que vai conseguir esse feito... -Ergui meus ombros.

-Eu vou! -Ele afirmou com voracidade.

-Você é muito inocente se acha que vai conseguir. -Balbuciei quando ele me segurou pela nuca, me arrepiando.

-Então faz um favor, -Ele sorriu mais uma vez- e se aproveita da minha inocência.

Concordei levemente com a cabeça, sorrindo de volta pra ele e indo de encontro a sua boca.

Nunca me senti tão bem disposta na minha vida.

°°°

Ric está sentado na minha cama, fazendo um relatório que seu chefe pediu pra ele finalizar.

Seu cabelo castanho bagunçado, pele corada, seus olhos tentando focar em algo, sua boca vermelha e as marcas profundas em sua pele denunciam que ele acabou de foder.

E que foda.

Eu também devia estar assim.

Fui até o banheiro me vestir para o trabalho. Peguei um vestido longo verde claro com desenhos em aspirais e uma sandália simples marrom, os primeiros que achei.

Meu reflexo no espelho é um reflexo que sempre quis ver, desde que era uma menina.

Permiti me ver como as pessoas a minha volta me enxergavam. Uma mulher forte e bonita, como minha mãe era.

Pequena e até um tempo atrás, quebrada.

Bem, talvez eu nunca tenha estado realmente quebrada, talvez só estivesse machucada e perdida.

Quando meus pais me deixaram, eu me perdi. Afinal, não são os pais que nos mostram o caminho a seguir?

''Quero que você encontre sua metade um dia, minha menina. -Disse meu pai para mim quando eu tinha apenas dez anos. Seus olhos verdes irradiando felicidade e sabedoria.- Vai perceber que tudo que fez antes de estar com essa pessoa não foi tão incrível como parecia. -Ele gargalha.- Tudo o que você fizer ao lado dessa dela vai ser surpreendente, você vai ver. Espero que encontre esse alguém um dia. -Ele me deseja.''

-Eu encontrei pai. -Sussurrei para meu pai, para minha mãe. Para Rodger e Suzana.- Espero que saibam que eu encontrei.

°°°

Quando o carro de Ric parou na frente da lanchonete, me despedi dele com um beijo demorado e quente.

-Bom trabalho. -Ele murmurou logo após me beijar na testa.

-Bom trabalho pra você também. -Sussurrei.

Mergulhei tão fundo no mar de seus olhos azuis penetrantes que desci do carro muito rápido, com receio de não ter mais coragem de largá-lo.

Segui até a lanchonete sem olhar para trás, e ao entrar vi Yolanda ao lado de Rose e elas pareciam estar tendo uma conversa amigável, mas a cessaram assim que me viram.

Rose me encarou, conhecia esse olhar.

Ele avisava que precisávamos conversar.

-Eu vou cuidar da minha lanchonete. -Yolanda avisou.- Vou dar uma olhada nos rapazes que estão cuidando da cozinha. -A chefe mais sensacional que eu já tive.

-Parece que você e Ric se resolveram. -Minha ruiva disse quando ficamos à sós.- Eu gosto de te ver feliz assim.

A observei dos pés à cabeça. Alta, bela, seus cabelos ruivos presos em um coque, suas sardas à mostra. Ela estava sem maquigem e sem ter como difarçar as olheiras embaixo de seus olhos castanhos-esverdeados. Ela não deve ter dormido nem um pouco.

-Eu não gosto de te ver assim. -Falei. Não queria ficar nervosa depois da manhã maravilhosa que tive, mas...- Eu quero quebrar a cara do Corey e a sua também, sua vadia maluca.

Rose se aproximou de mim e se jogou nos meus braços. (Apesar dela ser maior que eu e meu rosto quase ficar enfiado nos seus peitos).

-Eu vou cuidar de você até lá. -Balbuciei, ainda presa e confortável em seu abraço.- Vou cuidar muito bem de você, irmã. -Rose riu e nos separamos devagar.

-Yolanda nos deu o dia de folga. -Ela comentou e piscou.- Podemos ir pra casa assistir...

-Harry Potter? -A cortei rindo.

-Sim. -Ela abriu um grande sorriso.- Gosto que você me conheça tão bem. E nada como o bom e velho Potter pra me alegrar.

Peguei sua bolsa em cima do balcão e me despedi de Yolanda com um grito.

-Vamos lá, Rose Weasley. -Passei meu braço em volta de sua cintura. O amor por ela me preencheu por completo- Vamos acabar com essa sua tristeza.

°°°

Gente, gostaria de pedir desculpas pelo capitulo curto, mas estou ocupada com trabalhos escolares, e na outra semana vou viajar.

O próximo cap. vai ser maior e com muito mais Ric e Jane!

Beijos e uma ótima semana.



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