Jantar para se conhecerem

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Eles ficaram quase uma hora no cemitério, Lucca chorou tudo que precisava chorar e mais um pouco, Molly não o deixou em momento algum, ficou ao lado do rapaz esperando que ele se estabilizasse e quando fez, foram embora sem trocar uma única só palavra. Entraram no escritório dela se sentando em seus antigos lugares, ela pegou o caderno de volta começando a anotar.

— Como se sente agora? — Molly quebrou o silêncio após horas.

— Mais leve... Calmo, me sinto um pouco melhor — Devagava atordoado, anestesiado.

— E em relação à briga com seus irmãos? — Ela quis perguntar.

— Me sinto envergonhado, mas, eu ainda não sei se estou pronto para ver alguém no lugar do meu pai.

— E o que deu a você a impressão de que, esse cara com quem seu pai vai sair vai ficar no lugar de Daniel? — Molly anotava tudo em seu caderno.

— Ele é, ele é, legal, gentil, tem duas filhas e cuida muito bem delas, um pai atencioso, carinhoso, tem um bom humor e se deu muito bem conosco, ele é...

— É igual ao seu pai fazia — Molly entendeu ao final de tudo.

— É, igual — Lucca concordou envergonhado, cabisbaixo.

— Já pensou em conversar isso com esse homem?

— Não, não! — Negou rápido, isso não parecia uma opção.

— Por que não? — Molly não parava de fazer perguntas que o deixavam irritado.

— Como eu falaria isso para ele? — Perguntou retoricamente — Oi, não quero você com meu pai porquê você me lembra meu pai morto, não leva a mal, você é um cara legal e gosto muito de você, mas, não suporto a ideia de que você vai ficar no lugar do meu pai.

— Talvez, começar devagar e fala o que sente devagar, começando por eu ainda não sei como reagir com meu pai saindo com alguém? — Molly ofereceu uma solução.

— Eu não posso, quer dizer, meu pai cancelou esse encontro por causa do meu surto de ontem — Explicou Lucca, mexendo nos cabelos, sem jeito com essa situação.

— E você quer consertar isso ou só, quer aliviar a consciência?

— Tem como aliviar a consciência sem precisar falar com ele? — Lucca queria evitar a todo custo.

— Acho que não — Ela negou sorrindo fraco.

— Tudo bem, eu vou falar com ele e tentar salvar esse encontro deles de hoje a noite — Se rendeu contra vontade, bufando irritado.

— Nossa próxima consulta fica para quando? — Molly fechou seu caderno e pegou a agenda em cima da mesa começando a folhear.

— Próxima consulta? — Lucca ficou sem entender.

— Que tal, toda sexta esse mesmo horário? — Ela ofereceu olhando para ele.

— O que te faz pensar que vai ter próxima?

— Chorando por uma hora abraçado a uma lápide? — Molly arqueou a sobrancelha o encarando curiosa.

— Próxima sexta e mesmo horário — Aceitou a proposta — E só para dizer, você não é nada igual a terapeutas comuns.

— Eu sei disso, não sou nada comum — Concordou rindo fraco — Até a próxima, querido.

— Eu só preciso pedir mais uma coisa — Lucca se lembrou do que prometeu a babá — Uma foto.

Se despediu da mulher saindo de seu escritório seguindo para o elevador, estava no sexto andar e o elevador descia, as portas se abriram e entrou vendo um homem de costas para ele, as portas se fecharam e o homem se virou, respirando fundo e com uma expressão horrível.

Ok, essa é a minha famíliaOnde histórias criam vida. Descubra agora