O passado bate na porta

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Sentado na porta de casa, tinha apenas sete anos e esperava Troy ir busca-lo para passarem uma tarde juntos, em ligação o homem havia prometido leva-lo para uma pequena partida de futebol entre eles, Louis usava suas chuteiras novas, a blusa do seu time favorito e uma bermuda adequada para jogar, em seu pé direito mexia a bola de futebol porquê não sabia se o mais velho se lembraria de trazer uma. E ele esperou, uma, duas, três horas sentado em frente a porta de sua casa e nada dele aparecer, nenhuma ligação para justificar, nenhum aviso do porquê de ter faltado. Mark não aguentou a cena, isso partia seu coração ver seu menino sofrendo por alguém que não merecia nada dele e o chamou para jogar.

Louis negou, claro, Mark não sabia jogar futebol, ele odiava futebol, mas, o homem insistiu dizendo querer aprender a jogar e queria que o filho fosse seu professor. Os dois passaram uma tarde inesquecível, juntos.

No carro, Harry dirigia em direção ao hospital publico de Londres onde Louis trabalha, mas, ele estava muito distraído para conseguir dirigir, preferiu não fazer para evitar um acidente. Aceitou ir visita-lo, não iria ficar muito tempo, iria ler seu prontuário, saber o seu estado, dizer um adeus e ouvir seja o que for que ele tinha para falar, em certa parte já tinha uma noção do que poderia ser dito, "Me arrependo de ter deixado você", "Sinto muito por não ter sido bom para você" e seguindo por qualquer coisa desse caminho.

Entraram no hospital, o chefe de Louis se aproximou querendo falar com ele sobre um possível paciente, Harry o dispensou dizendo que não estavam ali para trabalho e sim uma visita, deixou claro que não deviam procurar nenhum dos dois para nada relacionado a trabalho. Pegaram as informações do quarto de Troy e subiram para o andar.

— Louis — Troy o chamou, a voz fraca quase não saindo, tentou levantar a mão e não conseguiu.

Ele estava amarelo, muito mal, olheiras fundas, ligado a aparelhos, Louis não disse nada, pegou o tablet em cima da mesinha abrindo o prontuário do pai. Troy Austin, paciente de 66 anos entrou na fila de transplante de fígado a dois anos, família negou doação, saiu da fila de transplante a um mês e desde então vem avançando em seu estado, órgãos começando a falhar.

— Louis, por favor — Troy o chamou novamente.

— Eu vou ficar ali fora — Harry quis sair da sala, apertando seu casaco e o do outro nos braços.

— Não, pode ficar aí, não vou demorar — Louis não achou necessário, voltando a olhar para Troy se apoiando no pé de sua cama — Oi, Troy.

— Você está um homem formado, um adulto — Murmurou — Pai de família.

— É, nada disso graças a você — Não segurou seu comentário — Por que pediu para me ligarem?

— Queria vê-lo uma última vez.

— Está vendo — Louis não sabia o que dizer-lhe.

— Você parece que se deu muito bem na vida.

— É, eu me dei bem — Concordou com ele — Me casei, tive filhos, me tornei o pai que você nunca foi.

— Se eu tivesse ficado em sua vida... Talvez você não seria quem é hoje — Tossiu, tentando se sentar, mas, não conseguiu — Eu teria estragado você.

— É, não sabemos.

— Eu não vou pedir seu perdão, eu não mereço.

— Ainda bem que tem noção disso — Louis rebateu, não abaixando a guarda.

— Eu só queria te pedir dois favores.

— Favores? — Perguntou rindo, não acreditando nisso — Com qual direito vem me pedir favores?

Ok, essa é a minha famíliaOnde histórias criam vida. Descubra agora