O dia de fingir sorrisos

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As pessoas gostam de imaginar que podem morrer ao final de um dia estressante.

Chifuyu tinha quase certeza que no final daquele dia, morreria.

No começo do dia, recebeu cartas de seus amigos, tanto dos residentes quanto os amigos que tinha feito fora da Europa, e soube por suas criadas que elas tinham chegado a algum tempo, mas as mulheres preferiram guardar para uma ocasião especial. E todas essas cartas, em sua maioria, lhe desejavam forças e falavam coisas carinhosas, Chifuyu se sentia particularmente privilegiado por ter tantos amigos que se importavam consigo.

Soya e Nahoya mandaram suas felicitações junto a flores, e Soya mandou uma carta escondida entre as flores e particularmente muito fofa, o agradecendo pela primeira pauta do jornal. Mikey lhe mandou uma carta e chocolates escondidos dentro de uma caixa de joias, e Chifuyu fez a nota mental de agradecer a  ele de joelhos depois, porque sua mãe estava o privando de comer aquelas maravilhas a algum tempo.

Por fim, Mitsuya mandou uma caixa bonita, com luvas delicadas feitas do cetim mais fofo que já tinha tocado a pele do jovem ômega Matsuno, o que o deixou tão animado que não se importou em usá-las no lugar das luvas de seda que sua mãe havia mandado fazer somente sob medida, apenas para aquele momento?

Que momento? O baile onde Chifuyu iria finalmente debutar.

Provavelmente viraria moda na próxima temporada que cada pai fizesse um baile para debutar seus próprios filhos ômega, mas a família Matsuno não se importava com isso, porque além de serem os primeiros a realizarem esse feito, nenhum dos outros conseguiria ter o mais importante de tudo naquela noite. 

A presença da rainha.

Chifuyu definitivamente não seria o diamante da temporada, ele tinha olhos encantadores, mas aquilo não era o suficiente, e muito menos o que desejava para si, mas a rainha parecia estar muito interessada em ver ao vivo e a cores a verdadeira aparência do ômega que fez a alta sociedade aguardar ansiosamente para conhecê-lo.

Seus pais investiram alto naquele baile, tudo era feito como se fosse um casamento da realeza, seu filho era como um príncipe, tanto na educação como na aparência, e o dote era mais do que satisfatório para qualquer alfa de qualquer posição social. Todos os alfas, independente se desejavam ou não se casar, deveriam ter os olhos em Chifuyu Matsuno naquela noite, porque era relevante demais que um ômega tivesse tanto a oferecer e estivesse solteiro até agora. Teoricamente, se você não estivesse casado até os 20 anos, os riscos de se tornar uma solteirona aumentavam mais da metade, e se atingisse os 25 sem se casar, poderia desistir de casar um dia.

Chifuyu tinha 19 anos e um sonho, o sonho de revolucionar o mundo, então não procurava naquela noite um marido para fugir da solteirisse, procurava um parceiro, um intelectual, alguém que ouviria suas ideias e o ajudaria a seguir em frente com elas, só assim o seu casamento poderia ser perfeito.

Mas aparentemente, ninguém avisou a sua mãe que era isso que ele procurava, porque a mulher se dedicava cada minuto mais a deixar seu filho mais parecido com uma boneca.

— Não preciso de laços e fitas, meu cabelo não é grande — Desviou das mãos predadoras de sua mãe quando a viu puxar um laço enorme de dentro do baú — E isso é extremamente brega. Já falamos sobre isso mamãe, menos é mais, lembra? Sem chamar atenção desnecessária.

— E como você pretende conquistar um homem sem chamar atenção? — A mulher deu um tempo da arrumação, prestando atenção no argumento que seu filho traria.

— Eu tenho um cérebro, e ele é mais funcional do que a maioria dos ômegas da minha idade, e eu posso usar ele — Apontou para a própria testa, como se fosse algo óbvio, e a mulher deu uma risada alta — Mamãe, é sério.

Todos, Menos Você! - BajifuyuOnde histórias criam vida. Descubra agora