Um debutante que não debutou

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O dia começou calmo, ventilado, sem estresses, o clima estava ameno e o cheiro sutil de lavanda entrava pela janela de seu quarto, Chifuyu pensou que não teria estresses naquele dia. Mikey disse no dia anterior que se dedicaria a tentar melhorar a leitura e os Kawata iriam a um baile a noite, ou seja, precisam passar pelas torturas que todo ômega passa por causa de suas mães malucas. E Mitsuya disse que se tivesse tempo, pediria que seu cunhado o trouxesse para um chá, mas era difícil com seu marido na cidade.

— Fuyu, bom dia — Hinata entrou animada na biblioteca, com um sorriso de quem havia aprontado algo — Sua mãe está lhe chamando no salão de chá.

— Odeio aquele lugar — Resmungou, fechando seu caderno e ficando de pé para acompanhar a garota.

Odiava todas as vezes que tinha que ir ao salão de chá, era um lugar criado por sua mãe para que ômegas conseguissem observar seus alfas jogando Pall Mall ou caçando aves no céu com suas brilhantes espingardas pela enorme janela de vidro que cobria duas paredes inteiras daquela sala.

Podia-se dizer o que quisesse dos Matsuno, mas dizer que eles não tinham dinheiro era uma enorme mentira. A gerações eles eram especialistas em ganhar dinheiro. Chifuyu estudara em outro país, o que era bem caro para a época, Takemichi também havia ido a uma das famosas universidades alemãs e até mesmo seu pai tinha um vício considerável em charutos de colecionador e jogos de cartas, e ainda sim aquela família nunca havia estado sequer perto da pobresa.

E por mais discreto que Chifuyu tentasse ser durante a temporada, era complicado com todos os alfas comentando para lá e para cá sobre o dote absurdo que a família Matsuno estava ofertando pelo único filho e como seus pais eram exigentes quanto seu futuro companheiro. Todos tinham a plena noção que os Matsuno desejavam subir de título a gerações, mas nenhuma família que comprava títulos reais era bem vista na sociedade, então o casamento de um filho ômega era a única maneira de levar a família a outro patamar.

E seu pai não escondia que estava tentando a todo custo empurrar o filho a Shinichiro Sano, o Marquês. O terceiro título mais alto da sociedade de Londres, perdendo apenas para o Duque e o próprio Rei.

— Senhor, chegou isso a pouco tempo em seu nome — Ambar, uma de suas criadas, o entregou uma carta.

— Tem o brasão do Marquês, interessante — Hina bateu palminhas, animada com a possibilidade de um novo casamento ao redor deles — Minha sogra finalmente vai ter algo com o que se animar.

— Hinata, se ficarmos empurrando a felicidade da minha mãe um para o outro, uma hora vai dar errado, você não quer engravidar agora e eu não quero me casar, as coisas vão acabar ficando complicadas — Chifuyu suspirou e apertou a carta contra seu peito —  Pode dizer a mamãe que eu precisei ver isso antes? Assim que conseguir, irei a sala de chá.

Hinata ficou relutante, mas não negou, puxando sua própria criada para a sala, se preparando para confrontar a sogra, e Chifuyu correu para seu quarto o mais rápido que suas roupas tradicionais indianas permitiam, afinal, entre usar os vestidos apertados que sua mãe lhe comprava e receber broncas por usar calças o dia inteiro, aquela alternativa parecia a mais agradável.

E tinha o bônus de que todas as vezes que um Lorde diferente vinha visitar seus pais, ele conseguia cobrir o rosto com o sari e passar praticamente despercebido.

Sentou em sua mesa e abriu a carta, não podia negar que estava nervoso.

"Vá ao baile hoje, gostaria de vê-lo" -  Sano.

A princípio, qualquer pessoa que pegasse aquela carta, pensaria coisas erradas do Marquês Sano e Chifuyu, mas ele conseguiu entender perfeitamente o que aquele bilhete dizia.

Todos, Menos Você! - BajifuyuOnde histórias criam vida. Descubra agora