Um medo é maior que o outro

74 10 9
                                    

— Deve descansar bem esta noite, amanhã será um dia especial, um Lorde francês irá visitar seu pai, e queremos mostra a ele o debutante mais irresistível que conseguirmos, sabemos que o clima entre França e Inglaterra não está sendo um dos mais amistosos nos últimos tempos, mas se você tiver uma pequena chance de ir a Paris e conhecer o príncipe, podemos fazer de tudo para encantá-lo, e aí, eu enfim dormirei como um bebê pelo resto da minha vida — Sua mãe dava pulinhos de felicidade enquanto tirava as presilhas de seu cabelo, como se Chifuyu fosse sua bonequinha particular.

— Não deveria apostar seu sono no meu casamento, se eu não conseguir me casar agora terá problemas pelo resto do ano, porque eu não vou ceder a me casar com alguém que eu não tenha nenhum tipo de sentimentos, eu tenho apenas 19 anos — Reclamou enquanto comia a mesma maçã que vinha enrolando por meia hora para ganhar tempo antes de dormir.

— Aos 19 anos eu já tinha você, e um casamento muito feliz com seu pai — Sua mãe começou a escovar os fios de cabelos curtos que seu filho tinha — E mesmo que você nunca acredite, sou sincera quando digo que ele jamais me traiu.

— Pode ser sorte sua, mas eu tenho certeza que se me casar com qualquer um desses Lordes, a primeira que eles irão fazer depois da noite de núpcias é colocar um monumental par de chifres na minha cabeça — Bufou irritado — No final das contas eu sinto que vou viver um casamento miserável onde meu marido me trai todos os dias e me obriga a criar alguns bastardos.

— Se fizer o necessário para que isso não aconteça, nunca terá que se preocupar com isso, a vida na corte é sobrevivência, e você precisa se casar logo para continuar esse jogo, é tão difícil assim entender? As pessoas rejeitam ômegas que não se casam, você pode perder seu título por isso. Não precisa criar filhos bastardos também, se você...

— Ter um filho tão cedo te fez tão feliz que você quer empurrar essas realizações para mim? — Não conseguiu segurar a língua, e deveria se repreender por isso, porque seu coração partiu ao ver a feição triste de sua mãe — Mamãe, eu não...

— Sinto muito se acha isso da sua mãe, Chifuyu, mas eu apenas estou buscando o que acho melhor para você, o mundo é um lugar perigoso para que um ômega como você fique sozinho — Ela largou a escova de cabelos e saiu dali, tentando não deixar tão evidente o quanto estava chateada com o próprio filho.

E isso fez Chifuyu se arrastar para a cama se sentindo completamente culpado. Embora estivesse de saco cheio desse assunto a tempos, ainda se sentia um monstro todas as vezes que lembrava que fez sua mãe chorar.

Não era como se fosse completamente avesso a ideia de ter filhos, só não conseguia se imaginar numa vida como a que sua mãe viveu, onde seu pai quase nunca voltava para casa e ela precisava perder todos os dias cuidando de uma criança sozinha, porque odiava ter babás invadindo sua privacidade (exatamente como Chifuyu odiava criados).

Sobre o casamento... Era sempre complicado pensar em casamento, sabia que nenhum alfa iria lhe tratar tão bem quanto Keisuke, mas ele não servia para estar ao seu lado , um Duque era alguém incrível, uma grande figura de autoridade, ele era os olhos e ouvidos do rei, e bom... Chifuyu atualmente era um grande alvo da coroa. Um Duque precisava de bons filhos, alfas de preferência, coisa que geneticamente Chifuyu não poderia oferecer, visto que os genes de sua família eram quase todos ômega.

Além disso tudo, um Duque sempre, por toda a história da humanidade, necessitou de uma duquesa excelente ao seu lado, uma ômega que conseguisse administrar a educação dos filhos (que deveria ser igualmente perfeita) e cuidar de toda a propriedade e todas as cidades que estivessem incluídas nas enormes terras do Duque, alguém com tempo e paciência demais para ter uma boa vida e ajudar outras pessoas para que vivessem bem também.

Todos, Menos Você! - BajifuyuOnde histórias criam vida. Descubra agora