Fique caladinho

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Existiam muitas coisas que Chifuyu odiava gratuitamente em casamentos ocidentais, mas a principal delas era a necessidade de todos ao redor do noivo tentarem se dedicar a ficar mais bonitos, quando era uma tarefa quase impossível.

Os ômegas debutantes todos usavam roupas em tons pastéis, o mais próximo de branco no que conseguiam, apenas para demonstrar aos alfas como ficariam tão bonitos quanto o noivo do dia, e por isso Chifuyu barrou sua mãe dessa tentativa assim que a mesma puxou o assunto. Aceitava muitas coisas par manter a paz em casa, mas fazer isso com Soya no dia de seu casamento era imperdoável.

Além disso, o único alfa que queria chamar atenção tinha os olhos em si o tempo todo.

Depois de uma bela bronca da mãe, gigantesca, o Duque conseguiu amolecer o coração da fera enviando jóias e vestidos para a mulher e o filho, e também uma quantidade absurda de bebida para seu pai, então Chifuyu não sofreu mais do que um bom discurso de segurança, sem grandes broncas. Seus pais apenas estavam ocupados demais o incentivando a casar-se logo com o Duque para que seus problemas com o filho desaparecessem.

Então, depois de colocar um vestido que provavelmente o faria alguém tão comum a ponto de sumir na multidão, Chifuyu ficou bastante tempo observando as pérolas requintadas que o Lorde Baji mandou entregar em sua casa, surpreso com a atitude do alfa. Naquela época em que viviam e principalmente em seu país, dar joias a um ômega era algo escandaloso, ofensivo para a família, um ômega não deveria receber presentes de um alfa se não fosse casar com ele.

— Você está lindo — A primeira a lhe elogiar foi Hina, como sempre, a única que de coração não se importava se ele queria ou não estar bonito para um alfa, e normalmente a pessoa com quem se agarrava nesses momentos em que sabia que sua mãe iria forçá-lo a tomar alguma atitude, tal qual uma casamenteira desesperada.

Apesar de Hinata ser claramente inclinada para o mundo em que as outras mulheres viviam, ela, como uma dama que não cresceu na alta sociedade, não era tão insistente quanto as outras no que dizia a respeito de um casamento para Chifuyu, o próprio tinha certeza de que se conversassem a fundo, a cunhada provavelmente lhe diria para esperar mais, ficar com a família, aproveitar o ano e a temporada para se divertir, ficar em Londres, na casa dos Matsuno, com eles.

E foi nela que se agarrou por todo o caminho, enquanto esperava seus pais, na carruagem e até mesmo quando chegaram a igreja, que para sua felicidade, não anunciava debutantes, afinal, era um casamento, e toda honra e glória estava destinada somente aos noivos.

Depois de todas as regalias e tramites da corte, Chifuyu teve que se segurar muito durante a recepção para não cair em gargalhadas, afinal, Nahoya estava parecendo um bolo enfeitado e com a mãe em seu pé, o forçando a cumprimentar os convidados e ser o mais agradável possível com a família Haitani (o que num dia comum seria quase como um milagre). Porém, não riu quando o amigo chorou a cada minuto daquela cerimônia, não sentia um pingo de ânimo em ver seu amigo se casar com um alfa que sequer lhe deu espaço para negar um pedido maldito, ele mesmo sentia vontade de chorar, mas não de emoção, de raiva. 

Casamentos eram e sempre foram grandes circos muito bem elaborados pela alta sociedade, e ainda sim não conseguia deixar de ficar bravo, revoltado, porque mesmo sabendo da situação a qual os ômegas tinham sido levados para chegarem aquele momento, todos fingiam que simplesmente era amor e não uma pressão social absurda.

Chifuyu encontrou a família Shiba ainda na igreja, mas os Manjiro não deram sinais, e muito menos Baji e Kazutora, então sentiu o desespero subir por sua garganta, afinal, os Kawata não teriam tempo para ficar consigo já que a festa também era de sua família, e Mitsuya não deveria ser visto ao lado de um debutante, não quando tinha que exercer o papel de uma Lady em eventos da grande sociedade.

Todos, Menos Você! - BajifuyuOnde histórias criam vida. Descubra agora