Wonderland

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   Eu precisava fazer algo pela mulher que estava dando chances de vida à minha mãe, a quem queria que eu me formasse, fazendo tudo isso sem pedir nada em troca, apenas oferecendo de bom coração.

- A quanto tempo você não se levanta dessa cama? - digo quebrando o abraço para focar em suas órbitas azuis -.

- Algumas semanas.

- Precisamos agir, senhorita Taylor. - fico de pé ao lado de sua cama e estendo minha mão - Vamos, vamos levantar e começar um dia.

- E- Eu nã...

- Não vou aceitar nada além de um sim.

   Suspirando ela pega minha mão e com minha ajuda se levanta da cama e, por Deus, ela estava péssima. Havia profundas olheiras roxas, seu cabelo parecia um ninho e seu corpo, estava esquelético.

- Você consegue tomar banho sozinha, meu bem? - pergunto - Não sinta vergonha se precisar de ajuda.

- Eu consigo sozinha. - ela calça o chinelo-pantufa -.

- Certo. - vou em direção à porta do quarto - Escolha uma roupa limpa para vestir enquanto eu coloco a banheira para encher.

    Escuto um barulho de concordância vindo dela e me dirijo ao banheiro próximo ao quarto da loira, enchendo a banheira com água consideravelmente quente, tendo em vista que estava frio.

    Quando termino meu serviço por ali volto ao quarto com uma toalha que achei no banheiro, achando uma Taylor encolhida na ponta da cama.

- Vamos? - estendo a toalha - Tome um banho sem pressa, vou fazer algo para você comer.

- Eu preciso mesmo fazer isso? - ela ri fraco - Está frio.

- Chame um veterinário que temos uma porquinha entre nós. - sorrio - Você precisa de um tempo fora desse quarto.

  Dou espaço para ela passar para o banheiro e quando a porta se fecha, eu acendo a luz de seu quarto, observando o caos que aquela mulher deve ter sofrido durante essas difíceis semanas.

  Arrumo a cama rapidamente, dobrando as cobertas pesadas e deixando no pé da cama, junto todos os copos e pratos perdidos que haviam por ali e deixo no corredor. Coloco as roupas pelo chão em um cesto e arrumo rapidamente sua escrivaninha.

  Pego os vasilhames deixados no corredor e os levo para a cozinha, juntando aqueles que estavam também pela sala, devolvendo as cobertas que se encontravam no sofá para o quarto. Coloquei as louças no lava louça e procurei por um saco de lixo, para juntar todo o lixo da casa, dos banheiros e do quarto. No fim foi preciso de três grandes sacolas para a retirada de lixo.

   Passei o aspirador pela casa enquanto vegetais estavam no fogão cozinhando, o arroz de forno quase pronto e as saladas semi prontas acima da pia da cozinha.

  Quando Taylor sai do banho com os cabelos molhados e de roupa limpa, uma camiseta de manga comprida preta e calças de moletom cinza que combinava com sua meia, também cinza, tudo já estava em seu devido lugar. Eu havia ligado a TV e passava um corriqueiro jornal diário.

- Oh, S/n... - ela olha ao redor - Não precisava fazer isso, você sabe, eu tenho pessoas que fazem isso.

- Está tudo bem. - sorrio - Venha comer, sei que está com fome.

   Eu estava almoçando com Taylor na mesa da cozinha quando ela foca sua atenção em mim e diz:

- Obrigada por estar aqui.

- Como? - presto atenção na mulher na minha frente -.

- Obrigada por cuidar de mim. Isso é importante.

  Seguro sua mão livre e a aperto de leve.

- Eu estou aqui, Tay. - olho para seus olhos que ameaçavam querer chorar - Tudo vai ficar bem.

- Parece que isso nunca vai passar.

- Nada é para sempre, Tay.

- Você tem razão. - ela diz e volta a comer, ficando quieta -.

  Passei a tarde com ela, fomos distraídas por filmes e séries, depois jogos e música. Era bom ver aquela Taylor de novo, a que ainda existia dentro daquela Taylor que no momento, estava despedaçada.

  Vendo o horário no celular, que indicava ser sete da noite, eu vou no banheiro e no caminho aproveito para checar as mensagens.

Mamãe

Ei, S/n.
Como a Taylor está?
Mande abraços.

   Sorrio fraco, ah mãe.

Oi mãe, peguei o celular só agora. Desculpa.
A Tay está melhor, mandarei seu abraço.
Eu já estou voltando para casa.

  Saio do banheiro e quando procuro Taylor ela está no quarto, parecia estar arrumando a cama, só que para dormir.

- Hey Tay. - a chamo, recebendo seus olhos me encarando - Minha mãe mandou abraços.

- Faz tempo que não vejo sua mãe. - ela cora - Como ela está?

- Ela está melhor. Não está mais sentindo tanta dor como antes, eu acho.

- Espero que ela consiga se recuperar. Logo.

- Esperamos - sorrio - Aliás, preciso voltar para casa. Fiquei de ir no mercado antes.

   Taylor demonstra um cara de decepção e assente com a cabeça, voltando o olhar para baixo.

- É, hm, eu entendo. Você precisa ir.

- Eu posso vir todos os dias a tarde, se quiser, estou de férias da faculdade. - encosto no batente da porta - Está tudo bem?

- Está, claro que está! - não estava não - Eu só pensei que você iria dormir aqui hoje.

  Enquanto eu juntava minhas coisas para ir embora, a ideia de deixar Taylor sozinha macetava minha cabeça. Até colocando meus tênis eu ainda pensava sobre isso. Mas decidi o que faria.

- Taylor, me espere acordada. - vou para a porta com a bolsa no ombro - Eu já volto para dormir  com você.

  Fecho a porta principal, descendo as escadas e dando de cara com Jeff, checando as câmeras de segurança e falando numa espécie de rádio.

- Oh, S/n! - ele se levanta lara abrir a porta para mim - Obrigada por vir cuidar dela hoje.

- Eu que agradeço por ter atendido quando eu bati na porta mais cedo. - sorrio - Mas eu vou voltar ainda hoje para dormir aqui, só preciso ir comprar algumas coisas.

- Oh, não se incomode, eu mesmo vou! - disse tirando as chave do carro do bolso da calça -.

- Não, não. - seguro seu ombro - É para minha mãe, ela segue uma dieta saudável por causa do tratamento.

  Com um aceno de cabeça ele abre a porta para mim e eu caio na noite de Nova Iorque, que estava agitada como sempre.

  O céu estrelado era um lembrete que tudo passava, mas se não resolvido, voltava violentamente como ondas do mar.

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Capítulo revisado!

Boa leitura!

Sem datas de postagem, decidindo eu avisarei!

The Great War - Taylor SwiftOnde histórias criam vida. Descubra agora