CICATRIZES ABERTAS

192 24 49
                                    

POV LANDON

Quando a Hope me deu as costas naquele galpão e saiu apressada, aproveitei o restante de tempo que eu tinha para tentar entender o motivo que a fez me pedir o que pediu. Assisti a fita deixada pelo Dr. Shawn e senti uma rachadura ainda maior na minha armadura anti emoções, o ódio que ele despertava em mim era quase tão grande quanto o amor que dedicava à Hope. Entendi totalmente sua situação, salvar um ou salvar doze, o tipo de escolha que jamais conseguiria fazer, não importava o tempo que passasse. Admirei ainda mais sua coragem de escolher o Nick e a oportunidade de acabar com o maldito médico, mas me impressionei tanto quanto com sua confiança em mim para trazer as outras crianças de volta, definitivamente foi uma medida desesperada.

O universo tinha maneiras estranhas de testar meu amor pela Hope. Eu jamais duvidei dos meus sentimentos por ela, mas me ver abrindo mão da chance de senti-los de novo por causa dela me mostrou que não há limites intransponíveis em nome do amor. Depois que seu feitiço se desfez, voltei ao limbo e esperei longos minutos até ser requisitado por um grupo de doze jovens bruxos confusos e assustados. Aprendi uma lição dolorosa na primeira vez que quebrei as regras do mundo dos mortos, se não fosse um pedido dela, não teria nem cogitado mandar aquelas crianças de volta, mas quando pensei no quão devastada ela ficaria se tivesse que conviver com aquelas mortes, me convenci de que valia a pena não sentir nada nunca mais para que ela tivesse a chance de sentir algo além de uma culpa eterna. A parte de mim que queria sentir de novo por mim não conseguiu se sobrepor à parte que a amava demais para deixar que sofresse tanto.

Depois que acalmei as crianças e as devolvi para o mundo dos vivos, era hora de explicar a todos que não presenciaram nosso momento de desespero o que tinha acontecido. Apesar da gratidão de todos, não tive a menor vontade de ficar e comemorar com eles, sequer cogitei ir de encontro à Hope para darmos um desfecho digno ao nosso acordo, confiei que a Freya cuidaria dela melhor do que eu jamais poderia agora. Retornei ao limbo me sentindo mais morto do que nunca, a verdadeira definição de fantasma: uma presença imaterial, opaca e sem propósito. Acho que, inevitavelmente, havia chegado o momento em que eu desapareceria da vida da Hope. Talvez isso fosse melhor do que sermos um constante lembrete de tudo que perdemos um pelo outro.

Algum tempo depois que voltei, fui surpreendido por uma companhia interessante que soube instantaneamente que me ajudaria a espairecer depois de tudo que ouve.

D - Que lugar é esse ?

LA - Ora, ora. Parece que o universo se comoveu por mim.

D - Quem é você ?

LA - Agora, o senhor dos seus dias. - Disse me aproximando.

Sem saber que podia fazer isso, materializei uma adaga de aço negro como o da foice do barqueiro. Apunhalei o novo habitante do limbo e vi meu desejo ser atendido quando ele começou a ser consumido lentamente por chamas azuis que eu esperava que estivessem bem quentes para justificar seus gritos. Considerei justo aproveitar que não posso ser piedoso e fazê-lo pagar de maneiras criativamente dolorosas por dias sem fim no que ele chamaria de inferno.

POV HOPE

Dias se passaram até que eu conseguisse extrair alguma força de mim para ensaiar seguir em frente. Desde o retorno das crianças, Landon se manteve a uma distância segura de mim, ou eu o mantive, ainda não tinha certeza. Nick me visitou na velha mansão Mikaelson com a tia Freya, tivemos algo parecido com um fim de semana em família, ouvindo histórias de séculos atrás, pintando telas abstratas, praticando feitiços que ele achava legais, tentamos superar o que aconteceu do nosso modo.

O Que Restou de Mim Onde histórias criam vida. Descubra agora