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"Se você está com vontade, faça.", a Fera rosnou na mente de Mutano, fazendo-o largar o último livro da trilogia de Jogos Vorazes. "Você não está prestando atenção no que está lendo. Não tem imagens e não é nenhuma fofoca sobre você. É chato."

- Eu gosto.

"Mentiroso."

- Você não sabe de nada. Por que não volta a ficar em silêncio?

"Estou tentando te mostrar que isso é perda de tempo, Mestre."

- Argh! Não me chame assim! – ele colocou as mãos na cabeça, fechando os olhos com força. – Eu não fui convidado. Não quero mais problemas para mim.

"Você quer ver o cachorro. Ele faz bem para você, para nós dois. Sua presença é importante e temos um vínculo com ele."

- Eu tenho um vínculo com todos os animais.

"Com este é diferente. Ele sabe que é seu. Sabe que você é o mestre."

- Você também deveria saber.

"Eu não sigo ordens."

- Você é só uma parte da minha mente! Tem que fazer o que eu achar melhor.

"Tem certeza de que não é o contrário?"

- Cale a boca.

Dentro da mente de Mutano, a Fera afiou suas garras na grama perfeitamente verde, rosnando baixinho. Seus olhos estavam fechados e ele não sentia vontade nenhuma de sair dali, mesmo que sua boca estivesse salivando por uma presa cheia de sangue e carne. Mesmo sendo uma parte da mente do Titã, sabia que sua hora chegaria e, mais cedo ou mais tarde, teria sua merecida liberdade para caçar qualquer pessoa.

Mutano, seu mestre, não tinha conhecimento desses pensamentos. Se tivesse, tentaria manter ainda mais o controle sobre seu lado bestial, o que destruiria os planos da Fera. Sempre que a besta fechava os olhos, conseguia imaginar com clareza o rosto de Brad McBrien cheio de sangue, enquanto ele se contorcia debaixo de suas patas, gritando por ajuda e misericórdia. Seria uma pena se ninguém escutasse seus gritos.

- Por que você ficou quieto tão de repente? – Mutano murmurou, olhando para o tapete do quarto.

"Estou pensando."

- No quê?

"Você saberá na hora certa."

- Você disse isso da última vez e sumiu por dias.

"Está sentindo a minha falta, Mestre?"

- Já disse para não me chamar assim.

"É claro."

Mutano bufou e pegou o livro outra vez, esforçando-se para se concentrar nas paginas propositalmente amareladas. As letras pequenas saíram do papel, dançando diante de seus olhos, dificultando ainda mais sua leitura. Ele balançou a cabeça e conseguiu ler uma página inteira. Quando chegou ao fim, jogou o livro no chão, percebendo que não tinha entendido quase nada do que havia lido.

Merda.

"Chato. Exatamente como eu dis..."

- Cale a porra da boca! – falou alto e teve certeza de que se alguém o visse falando sozinho, seria considerado louco. – Me deixe em paz.

"Você precisa aprender a fazer o que tem vontade. E você não quer ler. Não agora, pelo menos."

O metamorfo rosnou e saiu do quarto, sem estranhar o silêncio anormal da Torre naquele momento. Cyborg, Asa Noturna e Estelar haviam saído antes do almoço para uma feira de ciências e uma reunião com o prefeito logo depois. Ele e Ravena haviam sido liberados por já terem ido ao Orfanato Municipal no início do mês, então não tinham nada para fazer, além de ficar em casa, tentando matar o tempo com coisas banais.

December GirlOnde histórias criam vida. Descubra agora