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Ravena se mexeu um pouco na cama e usou o cobertor para tampar os olhos da luz do sol que entrava pela janela. Escutou o barulho do sino tocando e soube que Azar estava querendo alguma coisa. Resolveu fingir não escutar e passou a mão pelo cabelo que ainda estava úmido por conta de sua pequena aventura no lago na noite anterior.

O lago.

Sentou-se de uma vez só e arregalou os olhos, enquanto seu peito subia e descia com a respiração rápida. Fechou os olhos e se acalmou, sentindo um carinho gostoso em seu braço direito. Olhou para trás e viu Mutano sorrindo de um jeito sonolento, ainda um pouco distraído por ter acordado tão repentinamente.

- Desculpa. – ela falou, coçando os olhos. – Não queria te acordar.

- Não acordou – ele respondeu com a voz mais rouca e grossa que o normal. – Eu escutei o sino... Precisamos descer?

- Eu não sei. O dia acabou de amanhecer.

- Café da manhã?

- Pode ser, mas ele não costumava ser servido tão cedo.

- As coisas podem ter mudado desde a última vez em que você esteve aqui.

- Mudaram, mas pensei que os horários ainda fossem os mesmos.

- Eu estou com fome e você?

- Não muita.

Ele assentiu e esticou os braços para os lados, espreguiçando o corpo no colchão. Dividir a cama com Ravena não proporcionou nem metade da proximidade que ele esperou, uma vez que o colchão era grande o bastante para que cinco pessoas dormissem nele. Eles dormiram lado a lado, mas com uma distância considerável entre seus corpos – depois que voltaram para o palácio na noite anterior, Ravena simplesmente tomou banho e dormiu. Eles não conversaram sobre o que tinham falado e nem sobre o beijo que teria acontecido caso Azar não tivesse aparecido. Ele demorou um pouco mais para deitar, aproveitando a água quente do chuveiro para pensar com clareza. Quanto mais pensava, mais a lembrança de seus lábios perto dos de Ravena o atormentava. Eles estavam tão perto e deixaram a chance passar direto.

- No que você está pensando?

- Como você sabe que eu estou pensando? – Mutano franziu o cenho.

- Você junta as sobrancelhas e faz biquinho.

- Sério?

- Sim, e você está olhando pra mim. – Ravena arqueou uma sobrancelha. – Não é muito difícil saber quando alguém está pensando.

- Você precisa me ensinar a fazer isso.

- É demais para a sua cabeça.

- Disse a garota com um pijama de unicórnios.

Ravena arregalou os olhos e cruzou os braços no peito, escondendo o unicórnio branco e o "Believe In Magic" de sua blusa verde água. Mutano riu e apontou para sua calça roxa, debochando dos pequenos unicórnios interligados por uma linha de corações e alguns arco-íris.

- Você disse que não zoaria.

- Isso foi ontem à noite. Hoje eu posso.

- Não tem graça nenhuma.

- Porque você não está se vendo agora – ele deu de ombros. – Posso ver a vergonha nos seus olhos.

- É claro!

- Se eu não estivesse aqui hoje não acreditaria nesse seu amor por unicórnios.

- Eu não quero falar sobre isso.

- Por quê?

- É um direito meu.

- É um pijama fofo e estou começando a me acostumar a te ver nele.

December GirlOnde histórias criam vida. Descubra agora