Capítulo 7: Jornada de Fé

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A vila era pequena e modesta, as construções simples feitas de madeira envelhecida pelo tempo. A vida ali parecia pacata, com poucas pessoas nas ruas, cada uma ocupada com suas tarefas diárias. Alef caminhou em silêncio, observando o movimento ao seu redor. O som de martelos, conversas baixas e o cheiro de pão recém-assado vinham de uma padaria no canto da praça principal.

Ele sentia o cansaço da estrada em seu corpo, mas algo no ar daquela vila o deixava inquieto. Era como se houvesse mais para ser descoberto, algo escondido nas esquinas e nas expressões dos habitantes. Seus olhos vagaram até uma pequena taverna, um lugar simples, mas que prometia abrigo e uma refeição quente. Seu estômago roncou em resposta.

Entrando na taverna, Alef foi recebido por um calor agradável e o cheiro de comida. O lugar estava vazio, exceto por um homem de aparência robusta por trás do balcão, que olhou para ele com uma expressão desconfiada, mas amigável.

— O que você deseja? — perguntou o taverneiro, secando as mãos num pano.

— Um pouco de comida, se puder — respondeu Alef, sentando-se em uma das cadeiras de madeira desgastada.

O homem assentiu e desapareceu na cozinha por alguns minutos, voltando com um prato simples de pão, queijo e uma caneca de água. Alef agradeceu com um aceno de cabeça e começou a comer lentamente, sentindo a comida revigorar suas forças.

Enquanto comia, a porta da taverna rangeu, anunciando a entrada de uma nova figura. Alef olhou por cima do ombro e viu um homem idoso, com uma expressão cansada e passos lentos, mas com uma presença marcante. Era o mesmo homem da carroça, o viajante que o havia deixado na entrada da vila.

Ele parecia diferente agora, com a capa esfarrapada escondendo parcialmente seu rosto e sua postura mais encurvada. O olho cego brilhava levemente sob a luz fraca da taverna, enquanto o outro, vigilante, o observava.

— Achei que não te veria mais tão cedo — disse Alef, surpreso, ao ver o velho se aproximar.

O viajante apenas sorriu, sentando-se à mesa com ele. Sua presença continuava a trazer uma calma incomum, como se ele fosse um reflexo de algo muito maior, algo que Alef ainda não compreendia por completo.

— As estradas são estranhas — respondeu o velho. — Às vezes, nos levam de volta para onde menos esperamos.

Alef franziu o cenho, não completamente entendendo as palavras, mas reconhecendo a verdade escondida nelas. Ele tomou um gole de água, esperando que o silêncio trouxesse algum tipo de esclarecimento.

O velho o observou por um tempo, até que falou novamente, desta vez mais suavemente.

— O que você busca, jovem? — perguntou, sua voz ecoando com um peso inesperado.

Alef sentiu suas palavras prenderem na garganta. Ele não sabia exatamente como responder. Buscava respostas? Paz? Um propósito? Ou talvez estivesse simplesmente fugindo de sua própria confusão.

— Eu não sei — confessou, finalmente. — Sinto que estou procurando por algo... ou alguém... mas não consigo entender o que é.

O velho viajou com o olhar pela janela da taverna, observando as árvores que cercavam a vila. O silêncio entre eles cresceu, até que ele voltou seus olhos para Alef.

— Às vezes, o que procuramos está bem à nossa frente, mas não podemos enxergá-lo até estarmos prontos.

Essa frase reverberou na mente de Alef, trazendo de volta memórias vagas do sonho no jardim. Ele se lembrou do jardineiro, aquela figura enigmática que parecia saber tanto, mas dizia tão pouco. Havia uma conexão, ele sabia disso, mas era como se a resposta estivesse sempre além de seu alcance.

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