Um som suave, porém, forte e alto o suficiente para me fazer abrir os olhos, devagar, acordando-me de meu cochilo. Assim que minha visão se foca, percebo que ainda estou deitado na cama do quarto azul de Beauchamp, sozinho. Mas, agora, com um edredom verde escuro cobrindo meu corpo ainda nu.
Aquele som... provinham de um piano, provavelmente o que eu vi perto da cozinha quando cheguei aqui. Percebo que a porta do quarto estava aberta, me concedendo a vista do corredor iluminado pelas lâmpadas brancas. Me pergunto que horas eram.
Levanto-me da cama, passando o edredom por cima de meus ombros e rodeando meu corpo para o cobrir por completo. Saio do quarto descalço e em passos lentos, um pouco preguiçosos. Desço as escadas sentindo o chão gelado sob a sola de meus pés, e prestando atenção no relógio cinza grudado na parede que havia ao fim dos degraus. Era 2:15 da madrugada.
Ando mais um pouco, até que finalmente o vejo.
A imensa sala estava escura, sendo iluminada unicamente pelas luzes de Nova York que vinham das grandes janelas que ali estavam. Beauchamp se encontrava tocando as teclas do piano, com a cauda preta reluzindo a pouca luminosidade presente. O som era melancólico, suave e tão... intenso, me trazendo um sentimento que não consigo dizer em palavras o que significa. Era algo forte, triste.
O rosto de Beauchamp estava voltado para baixo, fazendo seu cabelo cacheado cair sobre sua testa e olhos. Cobrindo-os de mim, me proibindo de vê-los. Estava sem camisa, deixando seu torso nu à vista. Usava somente uma calça moletom cinza, ou poderia ser branca, mas a pouca iluminação dificultava minha visão. Seus dedos tocavam as teclas do piano, ora suave, ora com raiva, descontando algo de dentro de si que eu não fazia ideia do que poderia ser.
Chego mais perto, tentando anunciar minha presença sem precisar falar e atrapalhar seu momento tão intenso e pessoal. Se ele percebe ou não, simplesmente ignora e continua tocando. Apoio meus cotovelos na cauda longa do piano, prestando atenção nele. Agora mais de perto, olhando seu rosto, ele parecia sentir dor. Uma dor aguda, que às vezes o fazia tocar nas teclas com uma certa força. Era algo bonito e doloroso de se observar.
Mais uma vez minha curiosidade se faz presente, fazendo-me perguntar mentalmente o que de tão ruim aconteceu com Louis.
— Eu acordei você? — Escuto sua voz baixa, distante. Volto minha atenção para ele, deixando de lado minhas perguntas sem respostas e percebendo que ele havia parado de tocar.
— Uhum, mas isso não me incomodou. — Digo, sendo sincero. — Você toca bem, Sr. Beauchamp.
Ele sorri de lado, apenas por poucos segundos, para então voltar a ter aquela sua expressão vazia que sempre parecia carregar consigo.
— Pode me chamar de Josh, se quiser. Meu nome em sua voz fica bonito.
Aceno com a cabeça, aprofundado as covinhas na minha bochecha em um sorriso. Por que sinto que tem algo a mais por trás do que ele disse?
— Vem aqui. — Me chama, estendendo a mão, a qual eu aceito de bom grado. Sento em seu colo, sentindo seu braço direito envolver minha cintura. — Eu não machuquei você, não é?
— Não mesmo, Josh! E, por favor, não se preocupe com isso. Você me deixou bastante satisfeito. — Solto uma pequena risada ao terminar de falar.
— Gostei de saber disso. — Diz, me dando um pequeno sorriso.
Fico encarando seus olhos azuis, admirando aquele brilho misterioso que parecia cintilar na pouco luz que havia ao nosso redor. Meu coração se acelera rapidamente, sem motivo algum, me deixando ligeiramente confuso. Mordo o lábio. Acabando por atrair a atenção de Josh para aquele ato.
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Fifth Shades of Blue - Nosh Version
FanfictionQuando Noah Urrea vai à entrevista para ser o secretário do jovem bilionário e CEO Joshua Beauchamp, não imaginaria que iria se atrair tão facilmente por aqueles olhos azuis frios e vazios. Muito menos esperava que seria algo recíproco, apesar da di...