Pov. Josh Beauchamp
Meu coração palpita acelerado contra meu peito. Dói. Está doendo tanto. Minha respiração é audível. Muito forte. Muito alta.
Não. Não. Não.Minha garganta está se fechando. Estou sem ar. Não consigo respirar. Não consigo respirar. Meu peito dói.
Não consigo respirar.
Levanto a mão e dou um soco no meu peitoral com força. Está ardendo. Queima muito.
Não consigo respirar.
Estou suando tanto. Meu corpo se contorce no chão gelado, tremendo compulsoriamente.
Não. Não. Não.Um líquido pegajoso escorre pela minha boca. Pelo meu queixo. Cai e suja o chão ao lado da minha cabeça.
Não consigo respirar.
Meu coração está queimando. Meu corpo está queimando. Dói tanto.
28. 28. 28. Mamãe disse que sente muito. Mamãe falou que eu não tinha culpa.Não consigo respirar.
Minhas pernas se entortam de um jeito estranho. Está queimando. Não. Não. Não. Meu coração está queimando.
Escuto alguém gritar meu nome.
Não consigo respirar.
28. 28. 28. Mamãe! Mamãe! Não!Alguém toca no meu rosto. Meu batimento cardíaco está frenético. Cada vez mais rápido. Cada vez mais sufocante.
Não consigo respirar.
28. 28. 28. Mamãe disse que eu não tinha culpa de nada.Minha irmã gritou por mim e eu não consegui salvá-la. Não. Não. Elas me abandonaram. Eu estou sozinho.
Preso naquele quarto sozinho. Sem conseguir impedi-lo. Sendo torturado com os gritos agudos e cortantes soltos pela boca dela, vindo do lado de fora.
Estou completamente sozinho.A culpa é minha. Não. Não. Não. A culpa é toda minha. O ar fugiu de mim. Não consigo respirar.
A culpa é minha.Não consigo respirar.
Não consigo respirar.
Acordo com o meu próprio grito horrorizado batendo contra as paredes do quarto. Sento-me na cama rapidamente, inspirando com força várias vezes seguidas com a intenção de voltar a respirar normalmente de novo. Passo as mãos por todo meu rosto suado e tenho noção do quanto elas estão tremendo. Meu coração está batendo acelerado contra meu peito, o barulho chegando aos meus ouvidos de forma torturante quase ao ponto de me deixar surdo. Não consigo respirar. Inspiro mais uma vez.
É sempre assim... Nesse mesmo dia, desse mesmo mês, eu sempre fico pior. Tudo vem à tona de uma vez, me afogando num mar profundo e sujo que são as minhas memórias.
Ergo os dedos até meus olhos e esfrego-os furiosamente contra eles. Estão ardendo tanto. É quase como se uma pessoa maldosa estivesse acabado de pingar várias gotas da pimenta mais ardente do mundo contra os meus olhos. Porém, mesmo assim, nenhuma lágrima sequer se derrama. Por mais que eu queira... que implore para mim mesmo... nada acontece. Eu não consigo. Sinto que algo dentro de mim está me bloqueando, totalmente paralisado, impedindo-me de chorar ou ao menos me permitir demonstrar qualquer coisa que expresse minha melancolia. Lentamente levo as mãos até o cabelo, enfiando os dedos entre os fios e o puxando com raiva. A dor causada por tal ato se alastra devagar por todo meu corpo cabeludo. Isto é a única coisa que eu consigo sentir.
Onde estão os meus sentimentos? Quando eu fiquei tão frio?
Bato no meu próprio rosto com violência. Mais uma vez. Uma sensação dolorosa e sufocante começa a crescer dentro de meu peito tão rápido que nem ao menos percebo, deixando-me completamente agoniado. Eu não consigo sentir. Eu não consigo colocar isso para fora.
Esmurro minha cama com força, sentindo a maciez do edredom indo de encontro aos meus dedos. De novo... e de novo... A raiva, a dor, a culpa, todos esses sentimentos ruins me consumindo por completo só de uma vez... me fazendo gritar o mais alto que sou capaz. Minha garganta arde... de tanta angústia e remorso interno enquanto continuo esmurrando aquela porra de cama tentando desesperadamente sentir qualquer alívio. Por favor... Por favor...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Fifth Shades of Blue - Nosh Version
FanfictionQuando Noah Urrea vai à entrevista para ser o secretário do jovem bilionário e CEO Joshua Beauchamp, não imaginaria que iria se atrair tão facilmente por aqueles olhos azuis frios e vazios. Muito menos esperava que seria algo recíproco, apesar da di...