Chapter Forty: Here Comes The Sun

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Pov. Noah Urrea

Um cheiro esquisito e desconfortável invade quase imediatamente minhas narinas, resultando em mim sendo puxado rapidamente do mundo dos sonhos em que eu me encontrava segundos atrás totalmente afundado e perdido. Com uma lentidão preguiçosa abro os olhos, piscando algumas vezes com a intenção de que aquela costumeira visão embaçada se vá.

Mantenho minha atenção presa no lugar vago ao meu lado na cama, até que a minha consciência retorne a funcionar devidamente e eu me dou conta de que o corpo de Josh deveria estar bem ali, ocupando aquele local. Franzo o cenho e viro-me para cima, em seguida eu me sento na cama com os ombros curvados ao mesmo tempo que me perco em pensamentos nebulosos.

Ontem à noite, em plena às duas da manhã de uma madrugada escura e fria, voltamos para o meu apartamento. O caminho até nosso destino foi preenchido por um silêncio confortável e toques suaves vindo dos dedos de Joshy contra os meus da mão que resolvi deixar apoiada em seu colo boa parte do tempo.

Ele parecia estar... descansado, mais leve, exalando a delicadeza e serenidade de uma vulnerável pétala de flor. Como se de fato alguém muito generoso tivesse se disponibilizado a tirar o grande peso de seus ombros que o tanto importunava, deixando-o, parcialmente, livre. Depois de tantos anos sofrendo por tal coisa, ou poderia ser até mesmo pela primeira vez na vida. Esse sentimento bonançoso seguiu-se até o momento em que deitamos na cama e eu abracei seu torso com carinho, apoiando a cabeça sobre seu peitoral e consequentemente escutando o som agradável que as batidas do seu coração exerciam. Só adormeci quando tive certeza que meu Joshy estava dormindo de forma tranquila.

Eu sentia uma paz reconfortante domando meu corpo por inteiro ao saber que Josh estava ali junto a mim, e poderia até mesmo dizer que... estava bem. Afinal, eu prometi para ele que lhe daria uma boa noite de sono. Então, foi exatamente o que cumpri. Pois deixá-lo sozinho depois de ele ter obtido coragem de desabafar e me contar algo sobre seu passado conturbado e misterioso, não era nem sequer uma opção. Eu sempre estaria ao lado do homem por quem sou inteiramente apaixonado. Nos maus e bons momentos, não importa a situação, eu estarei lá... sendo o porto seguro que Josh tanto clamou por anos. Ajudando-o no que precisar e ensinando-lhe aos poucos sobre o amor e afeto.

Novamente um cheiro de queimado adentra meu quarto, tirando-me dos devaneios que eu sempre costumo me perder assim que acordo. Respirando fundo para criar coragem eu preguiçosamente removo o edredom de cima das minhas pernas, empurrando-o para o lado e saio da cama. Esfrego o rosto com as mãos na tentativa vaga de tentar me fazer acordar um pouco mais. Já estando fora do quarto, abro a porta que havia na parede lateral do corredor para ir ao banheiro antes de ver o que está acontecendo na cozinha.

Já com os dentes escovados, retomo meu caminho até a cozinha do apartamento, levando um leve susto ao ver o motivo do genérico cheiro de queimado que havia no ar.

Josh estava resmungando alguma coisa e de costas para mim enquanto lavava as mãos na pia, e por culpa disso acaba por não perceber a minha presença no lugar. Minha atenção cai sobre a mesa onde havia um prato portando duas torradas quase inteiramente pretas por estarem queimadas e alguns pedaços cortados de bacon ao lado que pareciam ter passado um pouquinho do ponto certo, deixando-os um tanto torrados ao meu ver.

Oh... Josh está me fazendo um café da manhã! Bem, quer dizer, ele ao menos tentou, mas acho que não deu tão certo assim.

- Noah! - Ouço a voz angelical e ligeiramente rouca exclamando meu nome carregando um tom de surpresa, e até mesmo um pouco de decepção... talvez. Acho que ele esperava que eu não acordasse agora.

Levo o olhar na sua direção, permitindo que o farol de seus olhos azuis disperse, aos poucos, o mundo ao meu redor e rouba para si a minha total atenção e fascínio. Seus macios fios cacheados caiam sobre a testa como uma cachoeira de água agitada, lhe dando um ar descontraído e incrivelmente atraente. Ele ainda estava vestindo o moletom que eu emprestei ontem a noite antes de sairmos do apartamento, já que não queria tirá-lo quando fomos dormir. Desconfio que o motivo seja porque o fazia sentir quentinho e confortável, principalmente por conta de meu cheiro impregnado no tecido.

Fifth Shades of Blue - Nosh VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora