São vinte para as nove da manhã quando entramos no saguão imenso do prédio Beauchamp House, totalmente atrasados e por culpa minha. Sorrio malicioso, passando os dedos entre os fios do meu cabelo e jogando-o para o lado enquanto Josh passava a mão sobre os lábios, logo depois rodeando minha cintura com o braço esquerdo. Os seguranças que ficavam ao lado da porta de entrada nos olham desconfiados, quase como se soubessem exatamente o que andamos fazendo minutos atrás.
A moça antipática que fica na recepção, - que a pouco tempo descobri que se chama Joalin Loukamaa - nos olha com os olhos curiosos e julgadores assim que passamos em frente ao balcão para ir até o elevador. Ergo a sobrancelha na sua direção, e para provocar ainda mais a inveja alheia, toco na mão que está na minha cintura e entrelaço-nos o máximo que pude. Antes de sumir da sua vista, tenho o prazer de ver o exato momento em que sua boca pintada com um batom vermelho se abre vagamente.
- Eu vi o que você fez. - Ouço a voz baixa de Josh ao meu lado logo depois que as portas de metais do elevador se fecharam e ele aperta o botão com o número 28. Como quase sempre, o lugar está vazio.
- Você não foi o único. - Murmuro, olhando na direção do seu rosto assim que ele torna a se pôr ao meu lado. Suas bochechas ainda encontravam-se coradas por conta do exercício físico recém feito, e aposto que as minhas também estão no mesmo estado.
- Não sabia que era tão ciumento, meu doce. - Sussurra carregando um sorrisinho irônico e ao mesmo tempo interessado, parecendo gostar da idéia de que eu sinta ciúmes dele. Dou de ombros. - Pensando bem, tem a festa de sexta-feira...
- Não sei do que o senhor está falando. - Mordo o lábio na tentativa de conter um sorriso, desviando minha atenção para a plaquinha eletrônica que havia à cima das portas de metais onde mostrava os andares que estamos ultrapassando de forma rápida. 9... 10... 11...
- Ei, pare com isso. - Pede ele baixinho, erguendo a mão para segurar meu queixo e puxando-o com delicadeza, fazendo-me parar de morder o lábio inferior. - Saiba que nenhuma dessas garotas ou garotos chama tanto minha atenção quanto você. - Sussurra olhando diretamente nos meus olhos. Arfo afetado com a intensidade daquele azul. - Noah Urrea... você é o único para mim, quero que entenda isso.
Deus, como ele pode ser tão fofo e sexy ao mesmo? Qual é? Ele praticamente acabou de me foder com força no banco do carro, que, pasmem, estava no estacionamento da própria empresa!
- Você é tão... tão... grr! - Resmungo antes de segurar seu rosto com as duas mãos e depositar um demorado selinho sobre os seus lábios finos e atrativos, que tenho a sorte de beijar quase todos os dias. - Você também é único para mim, BeauBeau.
Um raro - porém, bastante executado nos últimos dois dias - sorriso afetuoso e admirado apodera-se da boca rosada de Josh ao ouvir o jeito que acabei decidindo chamá-lo. Não deixo de ficar vagamente satisfeito em saber que o fiz feliz, por menor e simples que seja o tal ato. Tudo que vem de Josh é algo significativo.
Passamos o resto do tempo em silêncio enquanto esperamos chegar no vigésimo oitavo andar, o qual será o nosso. Vez ou outra o polegar de Josh faz um singelo carinho na minha cintura, e eu acabo apoiando a cabeça sobre a sua sem pensar muito no assunto e começo a divagar em pensamentos curiosos. Ele é praticamente obcecado pelo o tão repetitivo número 28, o tendo até mesmo tatuado permanentemente nos dedos, e sem contar que é o último e mais principal andar do prédio Beauchamp House. Isso deixa-me ligeiramente intrigado. Será que tal número poderia significar algo importante? Uma data, talvez? Eu realmente não faço a menor ideia.
Não demora para que as portas do elevador se abram novamente, dando-nos a visão ampla do saguão elegante que era o daquele andar. Josh guia-me para fora com a mão ainda em minhas costas, não parecendo se importar se as poucas pessoas presentes no local iriam perceber.
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Fifth Shades of Blue - Nosh Version
FanfictionQuando Noah Urrea vai à entrevista para ser o secretário do jovem bilionário e CEO Joshua Beauchamp, não imaginaria que iria se atrair tão facilmente por aqueles olhos azuis frios e vazios. Muito menos esperava que seria algo recíproco, apesar da di...