Chapter Twenty-Five: Fiery and Scathing

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Pov. Josh Beauchamp

Não! 

Meu grito rebate nas paredes do meu quarto e me acorda do pesadelo horrendo que eu estava tendo. Estou coberto de suor, com odor de cerveja quente, perfume barato e pobreza nas narinas e um pavor persistente de violência cometida por gente bêbada. Aqueles gritos ainda ecoavam em minha mente. Ao me sentar na cama, apoio a cabeça nas mãos enquanto tento acalmar meus batimentos cardíacos acelerados e minha respiração errática. Tem sido assim desde os meus dez anos de idade, todos as malditas noites. Apesar de tentar ao máximo dormir o mínimo possível, o sono ainda consegue me vencer na maioria das vezes. Infelizmente, ele ainda é algo que é preciso para continuar existindo.

Conferindo o pequeno relógio na escrivaninha, vejo que são três da manhã. Tenho duas reuniões importantes amanhã... hoje... e preciso de uma mente organizada e quieta. Sem contar a festa da Gabrielly que terei que comparecer à noite. Droga, o que não daria por uma boa noite de sono. A última vez que tive algo parecido foi quando dormi com o Noah.

Noah... 

É estranhamente magnífico e interessante o jeito que só de estar ao seu lado ele consiga calar as vozes maldosas que rondam em minha mente a todo momento, dizendo coisas que ninguém jamais deveria pensar sobre si mesmo. Apesar desse novo sentimento me apavorar por completo, eu gosto de senti-lo. Gosto de como me sinto quando estou perto daquele garoto de cabelos grandes e ligeiramente rebeldes. Sinto que pela primeira vez em toda minha vida miserável, eu sou merecedor de coisas boas, que posso sorrir sem a culpa do que aconteceu pesar em meus ombros.

Saindo com dificuldade da cama, perambulo pelo corredor largo do meu apartamento vazio e entro na cozinha mal iluminada. Ali, encho o corpo de água e me vejo, vestindo a calça do pijama e uma blusa preta, refletindo na parede de vidro do outro lado do cômodo. Viro a cara, enojado.

Você o tratou mal.

Fez ele pensar que realizou algo de errado, só porque você sequer sabe reagir a sentimentos inexplorados.

Você o deixou triste. Ingrato!

Afinal, é somente isso que é capaz de fazer outra pessoa sentir. Tristeza e desgosto.

Eu não tenho culpa... Essa nunca foi a minha intenção...

Fecho os olhos com força, tentando abafar aqueles pensamentos ruins a qualquer custo. Apesar de já estar acostumado com eles. Respiro profundamente algumas vezes.

Desde que Noah me perguntou, a algumas horas atrás, o que fez de errado com aquela sua voz tão baixa e falhada, venho me culpando por tê-lo tratado mal e o feito sentir que a culpa era dele, mesmo que essa nunca tivesse sido a minha intenção. Eu simplesmente faço isso sem perceber. Só porque eu não soube lidar com o pensamento tão espontâneo que foi pensar que, para mim, ele seria a salvação da minha ruína.

Seu lindo rosto surge em minha mente, sorrindo de um jeito largo e me proporcionado a visão das duas covinhas adoráveis nas suas bochechas coradas. Suspiro. Se meu analista tivesse voltado das férias na Itália, eu poderia ligar para ele. Sua psicologia barata me impediria de me sentir péssimo desse jeito por uma coisa que Noah já demonstrou não se importar mais.

Deixando o copo na pia para minha governanta, a Sra. Willians, lavar, volto me arrastando para a cama.

×××

O despertador toca às seis e quarenta em ponto quando estou olhando o teto. Não dormi e me sinto exausto, como sempre. Preciso de um cigarro.

Deixando esse pensamento de lado por um momento, saio da cama e ando de forma preguiçosa até o closet. Olho em volta decidindo qual terno deveria usar. Acabo vestindo um da cor verde musgo, com a camisa de dentro preta com botões dourados - todos fechados - e uma gravata da mesma cor. Sento-me no pequeno sofá posto bem no centro e calço um sapato social preto da Louis Vuitton nos pés. Torno a levantar para ir até o banheiro a fim de escovar os dentes e arrumar meus fios meio cacheados e bagunçados, deixando minha franja caída sobre minha testa e vagamente em cima dos olhos. Evito o máximo não demorar a fazê-lo para não encarar o reflexo daquele homem repulsivo no espelho, me encarando com os olhos azuis frios e opacos.

Fifth Shades of Blue - Nosh VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora