Chapter Forty-One: God&Monsters

53 5 0
                                    

Um bom começo de vida não significa que ela está destinada a ter um bom fim. Ou, ter um início de vida difícil não significa que você não merece sentir a tão aclamada felicidade ao decorrer do resto dos seus dias.

Mas, eu acho que Josh passou toda a sua vida pensando que ele jamais mereceria qualquer tipo de sentimento que é capaz de causar um calor satisfatório no coração. Uma sensação boa e acolhedora. Por algum motivo muito ruim, ele parece sentir que não é merecedor de qualquer coisa relacionado ao amor e a facilidade. E eu... eu discordo disso. Discordo completamente. Porque é tudo que ele merece sentir, e nada mais do que emoções boas. E, a única coisa que agora tenho certeza é que, aparentemente, quem o fez pensar ao contrário foi o homem que ganhou o título de pai. De uma forma que tem a chance de me amedrontar terrivelmente assim que eu souber.

Num gesto calmo e gentil, trago a mão de Josh para cima de meu colo e entrelaço meus dedos nos seus. Sentindo o calor da sua pele macia invadindo meus sentidos.

- Ele fazia mal a vocês, Josh? - Sussurro com a voz suave, mostrando que ele pode me falar o que tanto o atormenta e que eu tentarei de tudo para ajudá-lo sempre. Já passou da hora de colocar toda essa podridão que existe em sua mente e coração... para fora. Para aos poucos finalmente se sentir livre do que tanto lhe perturba.

Josh mantém os olhos abaixados, focando diretamente nos pedaços de bacon que restaram sobre o prato. O azul não reluzia qualquer tipo de brilho ou sentimentos, eles pareciam mais perdidos do que um dia cheguei a presenciar. Sinto os seus dedos apertando os meus, quase como se quisesse lembrar a si mesmo que eu estava aqui com ele.

- Sim. - Responde com a voz excessivamente baixa, portando um tipo de sentimento que eu não faço ideia do que poderia ser e tenho medo de descobrir. - Ao ponto de, até hoje, poder me atormentar em meio aos sonhos... podres.

Antes que eu possa ao menos tentar controlar, imagens de um pesadelo agonizante que tive semanas atrás toma conta da minha mente sem pena alguma. A voz infantil que parecia implorar em forma de gritos para que alguém não a tocasse, que a deixasse em paz, ecoa entre meus pensamentos. Fazendo eu me sentir extremamente mal a ponto de causar uma pontada dolorosa de dor no meu coração e um gosto amargo embaixo da língua. Não tem como eu saber disso... não é?

Ou acabei juntando evidências, inconscientemente, no decorrer de nossos dias juntos até a chegada de um momento que minha cabeça tentou me alertar por meio de um sonho. Será que isso é mesmo possível? Ou eu sou apenas paranóico?

E então, mais uma lembrança de tempos atrás vem à tona, de quando dormi em seu apartamento pela primeira vez. Especialmente depois do café da manhã quando tomamos banho juntos, com os dedos dele tocando minha pele com extrema delicadeza carregando apenas a simples intenção de limpar, antes que os meus lábios se separassem para perguntar em voz alta o porquê de ele nunca ter experimentado o sexo baunilha antes de me conhecer. Naquele dia, eu não tinha percebido ou pelo menos prestei a devida atenção à frase vaga dita pela voz baixa de Josh onde ele confessa precisar, necessitar, ter o controle sobre a ação do ato. Criando perguntas na minha cabeça que eu pensei que nunca seriam respondidas.

Mas, e se o "necessitar" de Josh significasse outra coisa o tempo todo? E se existir a hipótese de que o "nunca"... não é um fato tão verdadeiro assim?

Não. Não. Não. Por favor, eu suplico aos céus para que essa paranóia sem nexo esteja completamente errada. Eu imploro que seja apenas um sonho horrível e nada mais que isso. Por favor. Por favor.

- Joshy... - Digo seu nome com a voz falhando. - Ele, esse homem, alguma vez chegou a fazer algo que você não queria?

Com o silêncio cortante que se apoderou do lugar após o término de minha fala, lentamente Josh vai erguendo a cabeça e virando-a na minha direção. Os olhos azuis olhando diretamente e fixamente para os meus, sem ao menos piscar, penetrando tortuosamente no verde esmeralda como uma agulha com uma ponta assustadoramente afiada poderia exercer. Exalando um sentimento intenso e desconhecido, queimando como um fogo ardente sobre o oceano profundo de suas íris. Não ultrapassando a vasta água, porém queimando cada vez mais sobre a fina linha tênue invisível que fazia os dois elementos não se fundirem. Enviando uma espécie de descarga elétrica para o meu coração, acelerando tão rápido como se ele pudesse realmente acioná-lo. Como se tal coisa fosse dele, e só dele, para fazer o que bem quiser.

Fifth Shades of Blue - Nosh VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora