26: LOSS

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A gente tava tão feliz com tudo isso, eu ia realizar meu sonho, ia ter a minha própria família... Por que?... por que?...


Sentado na cadeira daquele hospital frio e vazio, com a cabeça baixa, e encarando o chão, Mitsuya se perguntava o porquê disso tudo estar acontecendo, ele não conseguia aceitar....

Flashback

- O que aconteceu com a minha mulher, doutor? E o meu filho, eles estão bem?! - indagou ao médico assim que o mesmo veio até ele.

- Preciso que o senhor seja forte, a notícia que vou lhe dar não é nada boa. - olhou para o médico, desesperado, pois no fundo já sabia o que era. - Sinto muito, senhor Mitsuya. Sua esposa sofreu um aborto espontâneo devido a má formação do feto.

Aquelas palavras ecoavam dentro dele como vozes aterrorizantes que o vieram sufocar, enquanto ele tentava digerir o que havia acabado de ouvir.
Lágrimas começam a rolar instantâneamente por seu rosto, e um choro alto se inicia, o fazendo socar a parede para descontar a dor, gritos de raiva escapavam de seus lábios em meio ao um choro triste.
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Já faz algumas horas desde que recebeu a notícia, Harumi ainda não acordou da cirurgia, e ele não tem ideia de como contar para ela...

- Mitsuya, cadê a minha filha?! - Ryoko se aproximou desesperada, com Baji, Chifuyu e Kazutora atrás dela.

- Ela está no quarto, ainda não acordou. - respondeu simples, e ela o abraçou.

- Vai ficar tudo bem. Eu sei que é difícil, mas pelo menos vocês têm um ao outro. - ela também chorava, mas tentava consolar o genro, fazendo um carinho em sua cabeça.

- Senhor Mitsuya? - se levantou, indo até o médico. - A senhorita Harumi despertou e quer vê-lo.

- Você precisa ser forte 'pra contar isso a ela. - Baji pôs a mão em seu ombro, ele assentiu cabisbaixo.

Seguiu o médico até o quarto onde Harumi estava, ele saiu, os deixando a sós. Ela estava abatida, era visível sua preocupação.

- Eu tô com medo de ouvir o que você tem a dizer. - disse encarando o teto. - O que aconteceu?... A minha barriga tá menor, mas só tinha 5 meses... - seus olhos lacrimejam e ela o olhou, com a boca tremendo em desespero.

Eu não sei como falar isso, eu nem sequer consigo aceitar....


- O bebê, nós... nós o perdemos, Haru. - começou a chorar, queria ser forte na frente dela, mas ele não conseguia.

- Para... por favor, diz que é mentira... - sua voz estava embargada e seu choro aumentou quando ele negou. - NÃO! Para de mentir 'pra mim, tá me machucando.... - ela chorava alto, e Mitsuya se aproximou a abraçando.

Harumi o abraçou forte enquanto gritava, um choro que o fazia arrepiar.

- Eu quero meu bebê... eu quero... Por que? O que eu fiz?... -  sentia suas lágrimas molhando seu ombro enquanto tentava encontrar forças por ela.

- Eu sei... a culpa não é sua, não é de ninguém...

Continuou a abraçando por longos minutos, e depois de um cafuné ela voltou a dormir.

Quebra de tempo

2 semanas depois

- Não vai comer nem um pouco? - perguntou a Harumi, vendo-a ali deitada, sem expressão no rosto e encarando o nada.

- Não sinto fome...

É sempre assim, desde aquele dia ela não se alimenta direito, faz no máximo uma refeição por dia e só toma água.

- Você precisa comer, meu amor. - passou a mão por seu cabelo úmido, e ela fechou os olhos, sentindo seu carinho. - Não pode deixar de viver por causa disso, eu ainda estou abalado também, mas você precisa levantar, tomar um ar, se alimentar...

- Desculpa, mas eu não consigo. - voltou seu olhar para ele, como se pedisse socorro.

Eu odeio vê-la assim, tão fria e deprimida. Eu preciso fazer algo urgente!
Sei que estão todos trabalhando agora, mas se existem três pessoas nesse planeta que podem fazer ela se sentir melhor agora, essas pessoas são Baji, Kazutora e Chifuyu.

Ligou para eles, perguntando se podiam ir agora, e eles confirmaram que estariam lá em dez minutos.
Passados os dez minutos, os três chegam e vão direto para o quarto, onde ela estava deitada na mesma posição.

- Vamo levantar, o sol já nasceu e já tá se pondo denovo. - ela olhou para Kazutora no mesmo instante, logo abrindo um sorriso fraco.

- Vocês vieram denovo. - disse com um sorriso forçado.

- Vem, 'cê tá muito depressiva aí. -  Baji segurou a mão da irmã, que o abraçou e ele retribuiu.

Mitsuya foi preparar um chocolate, pois sabe que ela gosta, e talvez a anime um pouco.
Durante essas duas semanas ele tem vivido para isso, tentando salvar sua amada e ignorando sua própria dor. Não podia fraquejar na frente dela...

Quando chegou na sala com o chocolate, Kazutora estava maquiando Harumi, Baji massageando seus pés e Chifuyu trançando seu cabelo.

- Ficou um arraso, amiga! - Kazutora disse, arrancando um riso curto da morena.

- Olha o que eu trouxe! - entregou o pote com chocolate a ela.

- Hmm, vou ficar mau acostumada desse jeito. - sorriu o deixando aliviado, Mitsuya tinha certeza que a presença deles a animaria um pouco.

- Contanto que continue sorrindo. - Chifuyu disse, e ela deu um sorriso fraco.

- Obrigada pelo apoio, meninos. Não sei o que seria de mim sem vocês.


Eles a abraçaram enquanto Takashi colocava um filme.
Durante o filme Harumi ficou abraçada ao seu corpo e dormiu.

Eu estou muito preocupado com ela, essa perda foi demais para todos nós, mas ela foi bem mais afetada.

Levou Harumi para o quarto e a colocou deitada na cama. Baji, Kazutora e Chifuyu foram embora logo depois.

Mitsuya foi para a cozinha, estava se sentindo mau. Isso acontece com frequência desde a perda do bebê, para não demostrar, acaba guardando tudo para si e somatizando em sintomas físicos.
Tomou um remédio e foi para a garagem, ainda tinha que buscar suas no colégio.

Elas também ficaram muito abatidas com o que aconteceu, mas depois de uma semana já estavam recuperadas do luto o suficiente para voltarem a escola.

Eu só espero que essa dor e angústia acabem logo, essa casa não é mais a mesma, se tornou triste. E eu não aguento mais, embora eu ainda esteja sofrendo com o ocorrido, preciso me mostrar forte para a minha família. Elas precisam de mim...
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Continua...

Akai Ito - Takashi Mitsuya Onde histórias criam vida. Descubra agora