23 - Eles são diferentes.

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🖇 | ANY G.

Fiquei tentada a dizer que a ideia do resort era estúpida e que ele deveria absorver o conselho sobre não se esforçar que eu havia escrito na minha avaliação. Fiquei mais tentada ainda quando recebi a notificação de que deveria assumir o projeto inacabado da Bethany depois de ele ter me negado o mesmo. Minha vontade era de entrar em sua sala e explodir de raiva, mas eu me segurei e não fiz isso. Estranhamente, ignorar essas coisas me fez ficar mais calma, como se na verdade eu nem precisasse brigar por nada. Será que eu só fazia isso no automático? Só por parecer mais normal brigar com o Noah?

Ainda estava chateada com ele. Depois de uma noite maravilhosa onde parecemos nos entender, tudo veio por água abaixo por uma bobagem, uma grosseria que me deixou confusa e achando que aquela foi só mais uma noite para ele. Talvez eu tenha ido com muita sede ao pote e dado expectativas demais para o meu cérebro. O que eu esperava? Que íamos sair de mãos dadas do seu apartamento na manhã seguinte? Que Noah me chamaria para jantar? Que iria sugerir colocar nossas birras de lado porque ficar bem um com o outro era mais gostoso? Obviamente não ia ser tão fácil.

Cheguei à empresa na manhã seguinte e quando estava passando por um corredor eu o vi no bebedouro tomando água. Parei bruscamente ao ver que ele tinha mudado o corte de cabelo, estava bem baixo, quase raspado. E também tinha outra coisa, algo diferente que eu não podia identificar.

— O que diabos fez com o seu cabelo? — não resisti ao desejo de provocá-lo.

Ele olhou para mim com um misto de confusão na sua face e olhou para os lados para se certificar de que eu tinha falado com ele.

— O que? — perguntou.

— Seu cabelo, Urrea. Quem te deu essa ideia? Tá uma droga.

Ele me olhou com ainda mais estranheza e abriu a boca algumas vezes, mas não disse nada, ou parecia que não sabia o que dizer.

Foi quando um segundo Noah virou o corredor e eu fiquei estática, posso jurar que meu sangue gelou. Pisquei intercalando o meu olhar entre os dois e finalmente os meus neurônios trabalharam e o meu cérebro entendeu o que estava acontecendo. Acabei de dizer para o irmão gêmeo do Noah – que eu sequer conhecia – que o cabelo dele era feio.

— Você acha que eu tenho que deixar o meu cabelo crescer? — ele perguntou olhando para o irmão.

— É claro. — Noah assentiu e depois olhou para mim. — Ah, você conheceu a Soares. — riu. — Ela te insultou? Me diga que sim.

— Eu... Eu não sabia... Não... — tentei encontrar palavras para explicar, mas nada me vinha à mente. — Achei que você fosse o Urrea, me desculpa! Seu cabelo está ótimo.

— Eu sou o Jonah e sou um Urrea. — ele sorriu de forma divertida e me ofereceu a sua mão para um cumprimento.

— Any. Quis dizer que achei que você fosse o seu irmão. — sorri sem jeito e apertei a mão dele.

— Então é nesse nível? — perguntou olhando para o Noah.

— É bem pior. — Noah disse.

O encarei sem entender sobre o que eles estavam falando. Qualquer que fosse a resposta, eu não gostei.

— Prazer em conhecê-la, Any. — Jonah piscou para mim.

Soltei uma risada nervosa e senti minhas pernas enfraquecerem quando ele me olhou daquele jeito. Era ridículo, eu costumava ter controle do meu corpo e da minha língua. Por que não me certifiquei de que ele não era o Noah antes de falar qualquer coisa? Jonah era bastante atraente e eu comecei de maneira negativa.

Call Me When You Want ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora