04 - Então você é a minha babá?

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🖇 | ANY G.

É claro que eu não iria receber o novo editor chefe como uma maldita subalterna. Não queria me esforçar para ser eficiente e nem precisava. O meu trabalho era com os autores e os seus livros, puxar saco não era necessário e muito menos agradável. Se ele queria ser ajudado, que viesse até mim, afinal era ele quem precisava de alguma coisa.

— Ele já chegou há uma hora, mas não saiu da sala. — Sofya disse enquanto se servia de uma xícara de café no refeitório. — Soube que está tirando esse primeiro momento para falar com o financeiro. Com certeza ele vai fazer mudanças e pode ser que a maioria do pessoal não goste disso.

Eu adorava o fato de que por ser assistente administrativa Sofya sabia de todas as fofocas dos nossos superiores e não se importava em vir correndo até mim para contar. Ela era um dos motivos de eu sempre estar um passo à frente.

— Contanto que ele não mexa comigo, não estou nem aí. — dei de ombros.

— Ah, eu posso perdoar ele se ele for mal. — Lamar, que estava em uma das mesas comendo um sanduíche, se pronunciou. — Ele é um gato.

Bufei em desdém e rolei os olhos.

— O Lamar está certo. — Sofya concordou. — Eu não costumo falar essas coisas, mas aquele homem? Grrr... — fingiu um arrepio.

— Você acabou de ronronar como um gato? — ergui a sobrancelha. — Lamar. — ri buscando apoio cômico do meu amigo.

— Não, eu não vou rir. — ele negou com a cabeça. — Sofya está certa. Grrr... — fez o mesmo som, imitando as garras de um felino.

— Meu Deus, vocês são patéticos. — ri sozinha e caminhei até a porta, ficando de frente para os dois. — Estão enfiados em livros há tanto tempo que não sabem o que é um homem bonito de verdade. Aposto que Noah Sprouse se parece com um nerd idiota que usa óculos fundo de garrafa porque é desastrado demais para colocar lentes de contato. E é por isso que ele precisa de uma babá.

Meus dois amigos ficaram quietos e sérios desviando o olhar para algo atrás de mim. O clima ficou tenso e eu não gostei nada disso. Com o silêncio, ouvi uma respiração pesada tão perto que os cabelos da minha nuca arrepiaram.

— Hora da morte: oito e trinta e dois. — Lamar zombou.

Girei devagar em meus calcanhares e prendi a respiração ao me virar de frente para ele. Fui atingida por olhos verdes profundos que pareceram perfurar alguma coisa no meu interior. Nunca me senti intimidada por nada, mas a expressão que aquele homem tinha sobre mim era desafiadora. Ele era consideravelmente mais alto que eu, tive que erguer a minha cabeça para olhar em seu rosto. Seu cabelo era escuro e estava penteado, caindo um pouco sobre a testa de um jeito despojado. E o cheiro? Imponente, tão presente no ambiente que era como se tivesse vida.

Noah vestia uma camisa de linho branca com as mangas dobradas até os cotovelos. Estava com uma calça preta e sapatos de mesma cor. Suas mãos estavam nos bolsos da calça em uma expressão corporal despreocupada e quando olhei novamente para o seu rosto posso jurar que ele ergueu sutilmente o canto do lábio como se quisesse debochar de mim. Pois é, meus amigos estavam certos, ele era um gato, mas isso não me fazia odiar menos a sua presença.

— Então você é a minha babá? — sua voz grave me acertou em cheio.

Quase dei um passo para trás, mas lembrei de que não iria ceder ao autoritarismo de um chefe que nem deveria estar ali. Atrás de mim, Lamar soltou uma risada, mas se calou quando o encarei por cima do ombro.

— É, acho que sou eu. — respondi no mesmo tom.

O canto de sua boca se curvou ainda mais e agora o seu sorriso de desdém estava mais visível. Por que parecia que ele estava se divertindo? Ele tirou uma das mãos do bolso e passou no cabelo, o levando para trás. O músculo de seu braço se contraiu com o movimento e foi impossível não levar os meus olhos até lá. Atrás de mim, dois suspiros foram ouvidos.

Call Me When You Want ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora